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terça-feira, 21 de março de 2017

René Descartes

Voltando com os Posts, aos poucos, tentaremos seguir o ritmo do ano passado de terças e quintas-feiras, e pra começar bem a trajetória e importância de René Descartes nas ciências, na matemática, na filosofia e no desenvolvimento do método!



RENÉ DESCARTES (1596-1650).

TRAJETÓRIA

Uma personalidade dominante da história intelectual ocidental, René Descartes foi um filósofo, fisiologista e matemático francês, nascido em 31 de março de 1596, em La Haye, na província de Touraine. Ele foi um contemporâneo de Galileu e Pascal e portanto trabalhou sob as mesmas influências religiosas repressoras da Inquisição. Descartes, por vezes chamado de o fundador da filosofia moderna e o pai da matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais influentes da história humana.


Com oito anos, ingressou no colégio jesuíta Royal Henry-Le-Grand, em La Flèche. O curso em La Flèche durava três anos, tendo Descartes sido aluno do padre Estevão de Noel, que lia Pedro da Fonseca nas aulas de lógica, a par dos Commentarii. Descartes reconheceu que lá havia certa liberdade; no entanto, no seu "Discurso do método", declara a sua decepção, não com o ensino da escola em si, mas com a tradição escolástica, cujos conteúdos considerava confusos, obscuros e nada práticos.

Em 1619, viajou para a Alemanha, onde, segundo a tradição, em dia 10 de Novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. No mesmo ano, ele viajou para a Dinamarca e a Polónia. Em 1622 retornou à França, passando os anos seguintes em Paris. Em 1626 ele se estabeleceu em Paris, mas foi persuadido a mudar-se para a Holanda em 1628, país que estava, então, no auge do seu poder. Em 1629, começou a redigir o "Tratado do Mundo", uma obra de física na qual aborda a sua tese sobre o heliocentrismo. Porém, em 1633, quando Galileu é condenado pela Inquisição, Descartes abandona seus planos de publicá-lo. Em 1635 nasceu sua filha ilegítima, Francine, que morreria em 1640. o que foi um grande baque para Descartes.

No "Discurso do método", publicado em 1637, Descartes elaborou uma espécie de autobiografia intelectual, em que conta em primeira pessoa os fatos e as reflexões que o fizeram buscar um princípio seguro para edificar as ciências. Descreve também os passos que o levaram à fundação de seu método - o percurso que vai da dúvida sistemática à certeza da existência de um sujeito pensante. Os três apêndices desta obra foram "A Dióptrica" (um trabalho sobre ótica), "Os Meteoros" (sobre meteorologia), e "A Geometria" (onde introduz o sistema de coordenadas que ficaria conhecido como "cartesianas", em sua homenagem). Seu nome e suas teorias se tornaram conhecidos nos círculos ilustrados e sua afirmação "Penso, logo existo" (Cogito, ergo sum) tornou-se popular.

Em 1641, aparece sua obra filosófica e metafísica mais imponente: as "Meditações Sobre a Filosofia Primeira", com os primeiros seis conjuntos de "Objeções e Respostas". Os autores das objeções foram Johan de Kater; Mersene; Thomas Hobbes; Arnauld e Gassendi. A segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção, feita pelo jesuíta Pierre Bourdin.

Em 1643, a filosofia cartesiana foi condenada pela Universidade de Utrecht (Holanda) e, acusado de ateísmo, Descartes obteve a proteção do Príncipe de Orange. No ano seguinte, lançou "Princípios de Filosofia", um livro em grande parte dedicado à física, o qual ofereceu à princesa Elizabete da Boêmia, com quem mantinha correspondência. Em 1649, foi convidado para ser professor da Rainha Cristina da Suécia, mudando-se para Estocolmo, mas morreu poucos meses após chegar, de pneumonia aguda, em 11 de fevereiro de 1650. Em 1667, os restos mortais de Descartes foram repatriados para a França e enterrados na Abadia de Sainte-Geneviève de Paris. Um memorial construído no século XVIII permanece na igreja sueca. No mesmo ano, a Igreja Católica coloca os seus livros na lista proibida o Index Librorum Prohibitorum.



PENSAMENTOS
Na época, século XVII, a filosofia não se distinguia das outras ciências e o livro (Discurso do método), deveria ser uma introdução para três escritos científicos, voltados para a meteorologia, a geometria, e o estudo do corpo humano.

Foi um dos precursores do movimento, considerado o pai do racionalismo, e defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento:

[...]formei um método que me parece fornecer um meio de aumentar gradualmente meu conhecimento e de elevá-lo pouco a pouco mais alto que a mediocridade de meu espírito e a curta duração da minha lhe permitirão alcançar. Pois dele já colhi frutos tais que,, embora nos juízos que faço de mim mesmo sempre procure inclinar-me mais para o lado da desconfiança que para o da presunção[...].(DESCARTES, 2001, p. 6, Tradução Maria Ermantina Galvão).

A partir dos textos de Descartes (2001) é possível entender que muito de seu trabalho visava deixar sempre uma margem para dúvidas ou questionamentos, o próprio método desenvolvido por ele foi descrito da seguinte maneira:
Assim, meu propósito não é ensinar aqui o método que cada um deve seguir para bem conduzir sua razão, mas somente mostrar de que modo procurei conduzir a minha. Aqueles que e metem a dar preceitos devem achar-se mais hábeis do que aqueles a quem os dão; e, se falham na menor coisa são, por isso, censuráveis. (DESCARTES, 2001, p. 7, Tradução Maria Ermantina Galvão).

Ainda a necessidade dos questionamentos, o autor escreve:
 E o mundo compõe-se de certo modo de apenas duas espécies de espírito aos quais ele não convém do modo algum, a saber, aqueles que, julgando-se mais hábeis que são, não conseguem impedir-se de fazer juízos precipitados, nem ter bastante paciência para conduzir ordenadamente todos os seus pensamentos;(...) e aqueles que, tendo bastante razão ou modéstia para julgar que são menos capazes de distinguir o verdadeiro do falso do que alguns outros por quem podem ser instruídos, devem antes contentar-se em seguir as opiniões desses outros do que procurar por si mesmos outras melhores. (DESCARTES, 2001, p. 20, Tradução Maria Ermantina Galvão).

Segundo DESCARTES (2001), O referido método parte da premissa de que o homem, pela multiplicidade de leis frequentemente fornece desculpas aos vícios, de modo que um Estado pode ser mais bem regido se tiver em sua observação um mínimo de Leis, contanto que tomasse a firme e constate vigília de suas resoluções. Tal método de Descartes obedece as seguintes quatro regras básicas:
·         A primeira era de nunca aceitar coisa alguma como verdade sem que a conhecesse evidentemente como tal; ou seja, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e não incluir em juízos nada além daquilo que se apresentasse tão clara que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida;
·         A Segunda, dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias para melhor resolvê-las;
·         A Terceira, conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, como por degraus, pouco a pouco, até o conhecimento dos mais compostos;
·         A quarta, e última, fazer em tudo enumerações tão completas, e revisões tão gerais, que a teria certeza de nada omitir.

O pensamento de Descartes foi revolucionário para uma sociedade feudalista, em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento", contudo Descartes nunca negou sua religiosidade ou mesmo a existência de Deus, buscava em suas meditações e observações alcançar outros níveis de conhecimento e uma certa “contemplação” do perfeito, e dedica ua “parte” de seu livro (livro dividido em seis partes)  – O Discurso do Método -  para tratar da negação das dúvidas e na crença que Deus é perfeito.

Em seguida, refletindo sobre o fato de que eu duvidava e de que, por conseguinte, meu ser não era completamente perfeito, pois via claramente que conhecer era maior perfeição que duvidar, ocorreu-me de procurar de onde aprendera a pensar em alguma coisa mais perfeita que eu; e soube, com evidência, que deveria ser alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita.(...) De modo que ela só poderia ser inculcada em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita que eu, e que até tivesse em si todas as perfeições de que eu poderia ter alguma ideia, isto é, para explicar-me numa só palavra, que fosse Deus. [...].(DESCARTES, 2001, p. 39- 40, Tradução Maria Ermantina Galvão).

Segundo TARNAS (2008), Descartes chegou à conclusão de que havia um dado que não poderia ser posto em duvida — o fato de sua própria duvida. O “eu” tem consciência de duvidar: cogito, ergo sum — penso, logo existo. Tudo o mais pode ser questionado, mas não o irredutível fato da consciência de existir do pensante. Ao admitir esta verdade certa, a mente pode perceber a característica da própria certeza: o conhecimento seguro é aquele que pode ser clara e distintamente concebido. O cogito foi, portanto, o primeiro princípio e paradigma de todos os conhecimentos, servindo de base para as deduções subsequentes e de modelo para todas as outras intuições racionais evidentes.
 Outra importante contribuição de Descartes para o pensamento moderno é sua teoria sobre o heliocentrismo que retira a Terra do centro do universo e coloca o Sol no centro, assim a Terra passa a ser apenas mais um planeta em sua órbita, contudo, em 1633, quando Galileu é condenado pela Inquisição, Descartes abandona seus planos de publicá-la.

Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser superada pela metodologia de Newton.
Ele sustentava, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primarias de extensão e movimento, dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e res extensa (matéria) e acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então. Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica, até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da Matemática.
Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas.
Segundo Descartes, o corpo é formado de matéria física e, por isso, tem propriedades comuns a qualquer matéria, como tamanho, peso e capacidade motora. Assim, as leis que regem a física, também regem o corpo humano. Incitando assim a separação do corpo de da alma.
a teoria de Descartes, apesar de errada, é coerente com a nova visão mecanicista da natureza, como mostra a metáfora feita com o relógio. “A explicação cartesiana do corpo, considerado como máquina, necessita de um motor que possibilite todas as funções fisiológicas, e esse motor tem por base o fogo cardíaco que, por um processo semelhante à fermentação, faz com que o sangue entre em ebulição e distribua-se pelo corpo por meio das artérias.
Para Descartes, o batimento cardíaco era uma consequência do movimento do sangue e não a sua causa: o coração é obrigado a contrair-se quando não contém sangue; volta a inchar quando tem novamente sangue.

Obras

·                     "Regras para a direção do espírito" (1628) - a obra da juventude inacabada na qual o método aparece em forma de numerosas regras;
·                     "O Mundo ou Tratado da Luz" (1632-1633) - a obra contém algumas das conquistas definitivas da física clássica: a lei da inércia, a da refração da luz e, principalmente, as bases epistemológicas contrárias ao que seria denominado de princípio da ciência escolástica, radicada no aristotelismo;
·                     "Discurso do método" (1637);
·                     "Geometria" (1637);
·                     "Meditações Metafísicas" (1641);
·                     "Princípios de Filosofia" (1644);
·                     "As Paixões da Alma" (1649);

REFERÊNCIAS

DESCARTES, René. O Discurso do Método. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Disponível em: <http://goo.gl/4Gg8kk>. Acesso em: 18 de Agosto de 2016.

TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental: para compreender as ideias que moldaram nossa visão de mundo. Tradução de Beatriz Sidou. – 8ª Edição - Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2008. Disponível em: <http://goo.gl/dw1xjB>. Acesso em: 18 de Agosto de 2016.

STRECKER, Heidi. René Descartes: O método cartesiano e a revolução na história da filosofia. 2014. Disponível em: <http://goo.gl/fAEegQ>. Acesso em 17 de Agosto de 2016.


René Descartes: Sua Vida, Ideias e Pensamentos. 2011. Disponível em: <http://descartesfilosofia.blogspot.com.br/p/sua-vida.html>. Acesso em 17 de Agosto de 2016.


René_Descartes. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes>. Acesso em 17 de Agosto de 2016.

Filósofo e Matemático Francês: René Descartes. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/rene-descartes.htm>. Acesso em 17 de Agosto de 2016.

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