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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A Revolução Francesa



A REVOLUÇÃO FRANCESA

 No final do século XVIII, o pensamento Iluminista tinha ampla difusão na França. Uma série de protestos organizados pela burguesia esclarecida acabou gerando um movimento transformador, que deixou profundas marcas na França e em toda a sociedade ocidental. Esse movimento, conhecido como Revolução Francesa, teve tamanho alcance que foi escolhido para marcar o início de uma nova etapa histórica, a idade contemporânea.



A CRISE DO ANTIGO REGIME FRANCÊS
 
 A estrutura social do antigo regime (Correspondente á Idade Moderna) buscava espelhar a estrutura social: o rei, como um legítimo representante de Deus na terra, reinaria absoluto sobre os seus súditos, apoiado pelo poder da Igreja. No entanto, o poder dos reis dificilmente era tão grande, pois suas decisões só tinham valor se seguissem o direito tradicional. Os reis franceses do século XVIII – Luís XV e Luís XVI – não eram tão avessos ao pensamento iluminista, e chegaram frequentemente a solicitar o conselho dos sábios da época em suas decisões de governo. O estado Francês estava cada vez mais complexo, exigia a constituição de uma burocracia tão eficiente quanto possível.

 Ao mesmo tempo, as enormes despesas da administração – que iam muitíssimo além do luxo desfrutado pelos nobres em Versalhes – demandavam uma reordenação completa da economia do país. Uma das causas da desorganização econômica era o aumento dramático da população: a diminuição das doenças e das guerras elevou o número de franceses para cerca de 30 milhões, cerca de 80% vivam no campo, e Paris era a única cidade realmente grande no final do século. As técnicas agrícolas rudimentares o sistema de dependência quase feudal causavam uma baixa produtividade e frequentes surtos de escassez de alimentos entre a população.

 As colheitas ruins de um determinado produto agrícola geravam um aumento de seu preço em todo o país. A população não compreendia a razão do aumento dos preços, atribuindo-os à ganância dos mais ricos. Nas cidades o controle regulador das corporações de ofício também restringia o acesso da população a alguns produtos ou, principalmente, à formação necessária para produzi-los.
 É nesse contexto que surge, entre segmentos da burguesia, a noção iluminista de igualdade entre os homens – o Liberalismo político e econômico, que desejava abolir as muitas restrições á mobilidade social e a livre atividade econômica no país.

OS ESTADOS GERAIS DE 1789

 Em meados do século XVIII, a situação econômica da França atingiu um ponto crítico. As colheitas ruins e as guerras francesas na Europa e nas colônias (como a Guerra dos Sete anos contra Inglaterra) só pioravam a situação. A Revolução Industrial Inglesa trouxe sérias dificuldades à manufatura têxtil da França e agravou o desemprego e a miséria no país. Os acordos para compra de têxteis ingleses geravam para os cofres franceses um enorme déficit comercial todos os anos. Somado com as despesas para a manutenção da corte de Versalhes e de toda a burocracia real, esse déficit deixava a França muito perto da bancarrota [1].

 A única solução à vista para o rei Luís XVI era a criação de novos impostos para tentar conter a grave crise. O rei ameaçou romper a tradição e passar a cobrá-los do clero e da nobreza. Sentindo-se ameaçados em seus privilégios, a nobreza e o clero exigiram a convocação da assembleia consultiva da monarquia, os Estados Gerais. O objetivo era Obrigar o Terceiro Estado a assumir os novos encargos; para isso, clero e nobreza contavam com a tradicional forma de decisão dos Estados gerais, que estabelecia um voto por Estado.



 No entanto, as novas ideais de igualdade entre homens e de repúdio aos privilégios de nobreza que corriam entre os representantes do Terceiro Estado levaram-nos a exigir uma nova forma de representatividade: em vez de um voto por Estado, o Terceiro Estado exigia o Voto per capita, ou seja, que cada deputado contasse individualmente. Como a quantidade de representantes do Terceiro Estado era superior à soma dos outros dois (entre de 95 e 97%) a nova fórmula lhes daria a capacidade de fazer valer os interesses reformistas.


A CONSTITUINTE E A QUEDA DA BASTILHA

 Em 17 de junho de1789, as discussões sobre a forma de votação culminaram com a revolta dos representantes do Terceiro Estado, que se proclamaram Assembleia Nacional Constituinte. As tentativas do rei de conter o movimento foram frustradas pela repercussão que o gesto ganhou entre a população, que tomou as ruas em protesto e invadiu a fortaleza-prisão da Bastilha, em 14 de julho de 1789 (que virou feriado nacional conhecido como “Festa da Federação”), nos arredores de Paris. Luís XVI se viu forçado a reconhecer a autoridade da Assembleia Constituinte, onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim dos privilégios feudais e de nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de propriedade. Foi feito um juramento, que deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.


 E enquanto a revolução se espalhava. No dia 04 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional Constituinte aboliu a servidão, os dízimos e os privilégios do clero e da nobreza, determinando assim, o fim do Antigo Regime. No dia 26 de agosto de 1789 é aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Que entre outros, garantia o direito à liberdade, à segurança, à liberdade de expressão, ao direito à propriedade, considerado inviolável, claramente ideais iluministas.

 As medidas mais importantes adotadas durante e após a elaboração da Constituição (que ficou pronta em 1791) foram a separação entre Igreja e Estado, com o confisco das terras da Igreja e a submissão do clero à autoridade do Estado, a separação entre os poderes – divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário – a igualdade jurídica entre todos os cidadãos e a garantia da liberdade de produção, circulação e comercialização de produtos em toda a França.

 A própria autoridade do rei foi limitada, encerrando-se o domínio absolutista: a partir de 1791, o poder absoluto sonhado pelos monarcas franceses, concedidos a eles pela graça divina, reduzia-se naquele momento a um poder limitado pelos interesses da população, e por ela concedido ao monarca.

A FRANÇA REVOLUCIONÁRIA
A EXECUÇÃO DO REI E A GUERRA CONTRA PRÚSSIA

 O rei Luís XVI, desejando retomar o controle do país, passou a conspirar com nobres. Em julho de 1791, o rei tentou fugir da França, mas foi descoberto e mantido sob vigilância em Paris. No ano seguinte, o rei propôs guerra contra a Prússia, a Áustria e outras regiões, mas sucessivas derrotas do exército francês reforçaram a suspeita de que o rei estivesse traindo o país. Em agosto de 1792, o rei foi preso, deposto e levado a julgamento. Considerado Culpado de alta traição à França, o rei Luís XVI foi condenado à morte e executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793, e a rainha Maria Antonieta em setembro do mesmo ano, também foi decapitada.


 A invasão do exército prussiano acabou sendo rechaçada pela população francesa, desorganizada e sem treinamento militar, mas inflamada pelo ardor revolucionário. A guerra foi praticamente contínua entre 1792 e 1815.

 A REPÚBLICA FRANCESA: GIRONDINOS X JACOBINOS

 Com a prisão e posterior execução de Luís XVI, os revolucionários aboliram a monarquia constitucional e transformaram a França em uma República. O poder passou a ser exercido por uma nova assembleia, a Convenção Nacional. As diferenças políticas começaram a surgir: do lado direito da Convenção, sentava-se o grupo dos Girondinos, representando os interesses burgueses, dos mais ricos, pregando o estabelecimento de uma república liberal baseada no respeito à propriedade privada. Do lado esquerdo, os Jacobinos, mais radicais, em geral oriundos da pequena burguesia e dos sans-culottes [2], que defendiam uma democracia igualitária. As posições assumidas pelos dois grupos deram origem aos conceitos de direita e esquerda políticas, usados até hoje.


 Havia ainda um terceiro grupo, chamado Planície: composta por deputados que agiam conforme seus interesses: apoiavam os girondinos, depois apoiavam os jacobinos Sentavam-se ao centro.


CALENDÁRIO REVOLUCIONÁRIO

 Com o objetivo explícito de declarar o controle sobre o tempo e apagar as marcas do passado, especialmente da religião, os republicanos franceses adotaram um calendário completamente novo, que começava a contar a partir de 22 de setembro de 1792, data da proclamação da república francesa. O ano era composto por 12 meses de 30 dias cada, e os cinco dias restantes do ano (seis, nos anos bissextos) eram reservados a celebrações cívicas. Foram eliminados os domingos e os feriados. Cada mês tinha 3 semanas e cada semana tinha 10 dias (décadas). Os dias de cada década tinham os seguintes nomes: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi. Cada dia tinha 10 horas e cada hora 100 minutos, cada minuto com 100 segundos.

Cada dia tinha uma designação única, que só se repetiria no ano seguinte, com nomes de plantas, flores, frutas, animais e pedras. Aos 360 dias acrescentavam-se, anualmente, cinco dias complementares – sans-culotte - e um sexto a cada quadriénio para a celebração de festas republicanas, o chamado Dia da Revolução. Aos 5 dias Sans-culotte eram dadas as seguintes homenagens


 O calendário sofreu uma feroz oposição da Igreja Católica por substituir a semana por um período de 10 dias, o que contrariava as escrituras. Os meses do ano eram baseados nos ciclos da natureza. Este calendário esteve em vigor de 22 de Setembro de 1792 a 31 de Dezembro de 1805.



OS JACOBINOS E O TERROR

 A morte do rei gerou reações internas e externas. A Inglaterra uniu-se a países monarquistas e formou uma coligação para atacar a França. Para defender a revolução, os jacobinos criaram vários órgãos especiais, como o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. Os jacobinos, apoiados pelos sans-culottes, organizaram um golpe e tomaram o poder em 2 de junho de 1793. À frente do poder estiveram Robespierre, Marat e Danton. Os jacobinos organizaram uma nova constituição, ainda mais democrática que a anterior. Tentando resolver a crise o Comitê distribuiu as terras dos nobres entre os milhares de camponeses, aboliu a escravidão nas colônias francesas, tornou o ensino primário obrigatório e gratuito e tabelou preços.

 A nobreza contrarrevolucionária e os países estrangeiros ameaçavam a Revolução, e o governo suspendeu as garantias democráticas. Os julgamentos passaram a ser sumários, e a simples suspeita de conspiração contra o governo era suficiente para levar alguém à guilhotina. Por isso o período jacobino ficou conhecido como Período do Terror. A situação chegou ao cúmulo quando lideranças populares jacobinas foram executadas, e Robespierre perdeu o apoio que tinha. Em 27 de julho de 1794, ele foi preso com as demais lideranças jacobinas e sumariamente executados.

O DIRETÓRIO E O 18 BRUMÁRIO

 Morto Robespierre, organizou-se o Diretório, comandado por cinco diretores. A constituição jacobina foi abolida e a escravidão restaurada, os preços foram liberados e os jacobinos perseguidos. Uma rebelião monarquista em 1795 foi contida pelo general Napoleão Bonaparte. Em 1796, uma revolta jacobina foi novamente contida por Napoleão, que ganhou grande prestígio no governo.



 Em seguida Napoleão foi designado para combater na guerra contra as potências rivais. As campanhas comandadas por Napoleão contra a Áustria na Itália lhe deram ainda mais força e garantiram à França uma posição segura. Nem o fracasso da campanha contra a Inglaterra no Egito abalou seu prestígio.

 Percebendo a situação caótica do governo e o desejo da população por estabilidade, Napoleão retornou a Paris e, com o apoio de vários setores da sociedade e mesmo dentro do governo, organizou um golpe de estado que derrubou o Diretório no dia 18 Brumário (9 de novembro de 1799). O novo governo teria por objetivos estabilizar politicamente a França e promover o desenvolvimento do capitalismo em seu território.

[1] bancarrota: Falência de uma organização. Estado que está sem condições de cumprir com os seus compromissos. Má situação dos negócios
[2] sans-culottes: A expressão sans-culottes tem origem francesa e era utilizada para quem não utilizava um tipo de calça curta típica do vestuário dos nobres e burgueses que tinham boa vida. Inicialmente, visto como elemento de distinção social, os sans-culottes usavam calças compridas e boinas vermelhas. Em geral, representavam os pequenos comerciantes, artesãos, assalariados, camponeses e mendigos do país. No contexto da revolução, os sans-culottes passaram também a simbolizar os grupos políticos que defendiam o aprofundamento das reformas políticas e a tomada de ações de natureza popular. No período em que estiveram no poder, os membros desta classe oficializaram o tabelamento dos preços e impuseram violenta perseguição política àqueles que pudessem ameaçar a revolução. Carentes de um projeto político mais claro e consistente, os sans-culottes se viram obrigados a repassar o governo para as mãos da alta burguesia. Mesmo perdendo o papel de líderes da Revolução Francesa, os sans-culottes acabaram simbolizando a reviravolta que se desenvolvia no país. Com o passar do tempo, sua imagem se tornou sinônimo de luta contra as desigualdades e das próprias camadas populares.

Referências Extras/ Imagens
DAUWE, Fabiano. História Moderna, Indaial, Centro Universitário Leonardo da Vinci. –, 2008;
Sans-culottes (Definição): SOUSA, Rainer Gonçalves. "Sans-culottes"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/sansculottes.htm>. Acesso em 10 de agosto de 2016.

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