A
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS
No final do século XVIII começou a surgir à noção de
que a dominação exercida pelo rei da Inglaterra era abusiva e contrária aos
seus próprios interesses. A metrópole retirava da colônia tudo o que pudesse
lhe proporcionar algum lucro, sem se preocupar muito em repartir essas
prosperidades com os moradores das colônias. No entanto, os colonos americanos
não entendiam o lugar onde eles moravam como colônia a ser explorada, mas como
parte do reino da Inglaterra, sujeitas à autoridade real da mesma forma que as
demais regiões do reino.
A ideia de
que as colônias pudessem separar-se de suas metrópoles alegando abuso de
autoridade e direito à autodeterminação dos povos são conceitos tipicamente
iluministas, e incentivou movimentos equivalentes em outras colônias. Nesse
sentido, a independência dos Estados Unidos foi o primeiro exemplo de um país
criado a partir dessas ideias iluministas, e sua independência constituiu-se em
uma verdadeira revolução.
A
FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS INGLESAS
A América do
Norte foi povoada mais tarde do que as demais regiões do continente. As guerras
religiosas dos séculos XVI-XVII, tiveram um papel bastante relevante, pois, os
grupos religiosos perseguidos procuraram estabelecer-se em regiões onde
houvesse tolerância religiosa, ou criar colônias em que suas crenças fossem
predominantes/ majoritárias. As tradições de direito inglês permitiam que cada
região seguisse seus costumes.
As colônias
chamada Nova Inglaterra, na parte norte dos Estados Unidos – Connecticut, Massachussets,
Rhode Island e New Hampshire -, foram criadas por fugitivos da perseguição
religiosa na Inglaterra, e várias delas estabeleceram a liberdade de culto em
seus territórios.
Mais ao sul,
as condições climáticas se mostraram favoráveis ao cultivo de algodão e tabaco.
As colônias de Virginia, Carolina e Georgia passaram a ser ocupadas por Plantation muito extensas e com trabalho
baseado em servos contratados, e posteriormente, escravos africanos.
AS
TREZE COLÔNIAS
No final do século XVIII – a região estava
dividida em treze colônias, que, por sua vez, podem ser agrupadas em três
regiões distintas:
As Colônias do Norte:
também chamadas de Nova Inglaterra, foram ocupadas, em geral, por fugitivos de
guerras religiosas. Eram formadas por pequenos vilarejos, agrupados ao redor de
uma vila central. Havia pouco uso de trabalho escravo.
As Colônias do Centro:
Criadas por imigrantes de outros países – entre eles holandeses suecos e
escoceses. A região tornou-se o grande centro produtor das treze Colônias,
especialmente de alimentos e produtos manufaturados, se estendiam de Nova York
até Maryland.
As
Colônias do Sul: Foram ocupadas no sistema de Plantation, com larga utilização de trabalho escravo. A produção de
algodão e de fumo voltada á exportação tornava essas colônias as mais ricas de
todas no final do século XVIII. A maioria dos colonos mais ricos era composta
de fazendeiros das colônias do sul, ferrenhos defensores da escravidão.
A
CRISE DO SISTEMA COLONIAL: OS ATOS DE NAVEGAÇÃO
Durante a Commonwealth
(período republicano sob a proteção de Oliver Cromwell), as disputas pelo domínio
marítimo entre Inglaterra e Holanda atingiram seu auge. Em 1651, a Inglaterra
estabeleceu os Atos de Navegação, que levariam à deflagração das Três Guerras
Anglo-Holandesas. A lei foi reeditada sob Carlos II em 1660, ao obrigar todas
as mercadorias com origem ou destino nas colônias a serem inspecionadas e
taxadas na Grã-Bretanha, encarecendo assim seus custos.
AS
IDEIAS ILUMINISTAS
As ideias iluministas eram muito populares nas
colônias americanas, principalmente as doutrinas de John Locke e, em menor
medida, de Jean-Jacques Rousseau, sobre o contrato social. Os governos obtinham
seu poder da concessão do povo, que os elegia para a tarefa de garantir os
direitos individuais dos cidadãos.
O
IDEAL REPUBLICANO
Ao mesmo tempo, surgia uma ideologia
republicanista entre os colonos, que atribuía à origem de todos os males
políticos aos vícios dos governantes. Os republicanos, então, passaram a pregar
a austeridade* e a retidão moral na política, da mesma forma que os puritanos
lidavam com a ética pessoal. Dentre os partidários dessa ideologia estavam os
principais líderes do processo de independência dos Estados Unidos, caso de
Thomas Paine, Benjamin Franklin, George Washington e Thomas Jefferson, entre
outros.
O Pensamento republicano se tornou hegemônico
entre os colonos americanos após as ações do governo da Inglaterra consideradas
hostis de um governante corrupto e incompetente.
A
CONFRONTAÇÃO COM A INGLATERRA: A GUERRA DE SETE ANOS
A coroa inglesa adotava uma política de
“negligência salutar”, ou seja, as colônias eram deixadas geralmente á própria
sorte, embora os colonos se considerassem súditos do rei da Inglaterra, com
todos os direitos dos demais. Mas a situação se alterou completamente após a
Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada entre a França e a Inglaterra,
envolveu praticamente todo o continente e foi travada tanto na Europa, quanto
nas colônias. Com a vitória, a Inglaterra conquistou as colônias francesas do
Canadá, a Flórida espanhola e vastos territórios indígenas até então reclamados
pelos franceses entre as Treze Colônias e o rio Mississipi.
NO TAXATION WITHOUT REPRESENTATION
A pesar da vitória, as enormes despesas da
guerra causaram grandes danos às finanças inglesas. O rei da Inglaterra pretendeu
exigir dos colonos uma contribuição maior para a reconstrução das finanças do
país. Não havia representantes das colônias no Parlamento Inglês e, portanto,
os americanos não teriam a obrigação de obedecer a uma lei cuja elaboração não
participaram. “No Taxation Without Representation” (sem
representação não há imposto), se tornou um mote dos opositores da lei.
A reação da coroa inglesa foi a criação de
ainda mais impostos, em um pequeno intervalo de tempo, o que enfureceu os
colonos americanos:
·
1764, O Sugar Act (Lei do Açúcar) e o Currency
Act (Lei da Moeda): motivaram um boicote de produtos ingleses nas treze
Colônias;
·
1765, O Stamp Act (Lei do Selo): motivou a criação de um parlamento nas
colônias para debater a questão e propor um acordo ao rei, que acabou sendo
rejeitado. Motivou também a formação de um grupo radical de patriotas, os
Filhos da Liberdade, que desejavam romper os vínculos com a Inglaterra a
qualquer custo.
·
1773, O Tea Act (Lei do Chá): Na época o chá era a bebida mais consumida em
todo o império britânico, inclusiva nas colônias (onde depois seria substituído
pelo café). As colônias pagavam muito caro pelo chá que consumiam, pois este
não vinha diretamente Índia: Era triturado em Londres antes de seguir para a
América. A lei do chá acabava com essa obrigação, barateando, assim, o produto.
Embora o chá ficasse mais barato, muitos colonos se recusaram a consumir o chá
vindo da Índia, por entenderem que representavam uma submissão á Inglaterra. Em
dezembro de 1774, alguns colonos (que se acredita serem membros dos Filhos da
Liberdade) invadiram um navio ancorado no porto de Boston fantasiados de índios
e jogaram ao mar um enorme carregamento de chá em protesto contra a medida.
AS
LEIS INTOLERÁVEIS E A INDEPENDÊNCIA
A resposta da coroa britânica foi a criação de
uma série de leis restritivas (conhecidas nos Estados Unidos como Leis
Intoleráveis). As leis fechavam o porto de Boston, restringiam a autonomia
política das colônias e davam mais mobilidade aos soldados ingleses na América.
Em resposta, os colonos se organizaram em um Congresso Continental no final de 1774, que tinha como objetivo
estabelecer mais boicotes à Inglaterra; no ano seguinte, a tensão entre as
colônias e a Inglaterra levou ao Segundo Congresso Continental a preparar a
Guerra. Em 4 de Julho de 1776, o Congresso assinou a Declaração de Independência
dos Estados Unidos, argumentando que os direitos dos colonos haviam sido
desrespeitados e proclamado que eles, portanto, não deveriam mais obediência ao
rei da Inglaterra.
O primeiro que buscou pôr em prática doutrinas
iluministas do liberalismo político, ao criar um estado independente com base
nesses pressupostos teóricos.
A
GUERRA DA INDEPENDÊNCIA
A batalha era desigual um exercito
profissional contra colonos com pouco treinamento. Mas o conhecimento do
terreno e a providencial ajuda do exército francês, que tentavam aproveitar a
oportunidade para enfraquecer seus adversários ingleses, acabaram virando o
conflito a favor dos norte-americanos, que conseguiram vencer e expulsar os
ingleses em 1783, oito anos após o início dos conflitos.
A
ORGANIZAÇÃO DO PAÍS E A CONSTITUIÇÃO
Após a assinatura da paz, as antigas Treze
Colônias, agora independentes, precisavam organizar-se politicamente. O
Congresso Continental havia imaginado a região como uma confederação (Chamada
Estados unidos da América) que uniriam seus esforços para tratar das questões
que dissessem respeito a todos eles, e manteriam total autonomia nas demais
situações.
Em 1788, após mais um ano de discussões, a
nova Constituição dos Estados Unidos foi aprovada, garantido uma autoridade
central mais forte do que a prevista anteriormente, mas ainda assim reservando
a maior parte das decisões para os Estados.
A Constituição dos Estados Unidos costuma ser
colocada, juntamente com a declaração da Independência e a Declaração Universal
dos Direitos do Homem e do Cidadão, entre os documentos políticos mais
importantes do século XVIII, porque conseguiu estabelecer um equilíbrio entre
os poderes federais e a autonomia local, garantindo ao mesmo tempo os
interesses dos grandes e dos pequenos estados.
Contudo, a Constituição dos Estados Unidos
continha algumas contradições, que refletiam as divisões internas do país na
época, e a mais importante era a escravidão. As divergências entre os grandes
proprietários de escravos, especialmente nos Estados do sul, e os grupos
antiescravistas concentrados no norte, quase comprometeram a aprovação da
Constituição. Para evitar maiores tensões, Thomas Jefferson (o redator do
texto) preferiu não fazer referência explicita à escravidão, deixando-a a cargo
de cada Estado e contradizendo os ideais de liberdade individual pregados na
Declaração de Independência.
*
Austeridade: No âmbito da economia, austeridade significa ter um maior rigor no
controle de gastos, faz parte de um plano ou de uma política.
Referências Extras/ Imagens
DAUWE, Fabiano. História Moderna,
Indaial, Centro Universitário Leonardo da Vinci. –, 2008;
Austeridade: http://www.significados.com.br/austeridade/
13 colônias - http://1.bp.blogspot.com/-46Imoo_Dvvs/T71DJ-h3sII/AAAAAAAAABA/b3w1yQDPg2w/s1600/treze+colonias.png
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