Pesquise dentro do Blog!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A Independência dos Estados Unidos



A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS



No final do século XVIII começou a surgir à noção de que a dominação exercida pelo rei da Inglaterra era abusiva e contrária aos seus próprios interesses. A metrópole retirava da colônia tudo o que pudesse lhe proporcionar algum lucro, sem se preocupar muito em repartir essas prosperidades com os moradores das colônias. No entanto, os colonos americanos não entendiam o lugar onde eles moravam como colônia a ser explorada, mas como parte do reino da Inglaterra, sujeitas à autoridade real da mesma forma que as demais regiões do reino.

 A ideia de que as colônias pudessem separar-se de suas metrópoles alegando abuso de autoridade e direito à autodeterminação dos povos são conceitos tipicamente iluministas, e incentivou movimentos equivalentes em outras colônias. Nesse sentido, a independência dos Estados Unidos foi o primeiro exemplo de um país criado a partir dessas ideias iluministas, e sua independência constituiu-se em uma verdadeira revolução.

A FORMAÇÃO DAS COLÔNIAS INGLESAS

 A América do Norte foi povoada mais tarde do que as demais regiões do continente. As guerras religiosas dos séculos XVI-XVII, tiveram um papel bastante relevante, pois, os grupos religiosos perseguidos procuraram estabelecer-se em regiões onde houvesse tolerância religiosa, ou criar colônias em que suas crenças fossem predominantes/ majoritárias. As tradições de direito inglês permitiam que cada região seguisse seus costumes.

 As colônias chamada Nova Inglaterra, na parte norte dos Estados Unidos – Connecticut, Massachussets, Rhode Island e New Hampshire -, foram criadas por fugitivos da perseguição religiosa na Inglaterra, e várias delas estabeleceram a liberdade de culto em seus territórios.

 Mais ao sul, as condições climáticas se mostraram favoráveis ao cultivo de algodão e tabaco. As colônias de Virginia, Carolina e Georgia passaram a ser ocupadas por Plantation muito extensas e com trabalho baseado em servos contratados, e posteriormente, escravos africanos.

AS TREZE COLÔNIAS

 No final do século XVIII – a região estava dividida em treze colônias, que, por sua vez, podem ser agrupadas em três regiões distintas:

 As Colônias do Norte: também chamadas de Nova Inglaterra, foram ocupadas, em geral, por fugitivos de guerras religiosas. Eram formadas por pequenos vilarejos, agrupados ao redor de uma vila central. Havia pouco uso de trabalho escravo.

 As Colônias do Centro: Criadas por imigrantes de outros países – entre eles holandeses suecos e escoceses. A região tornou-se o grande centro produtor das treze Colônias, especialmente de alimentos e produtos manufaturados, se estendiam de Nova York até Maryland.

 As Colônias do Sul: Foram ocupadas no sistema de Plantation, com larga utilização de trabalho escravo. A produção de algodão e de fumo voltada á exportação tornava essas colônias as mais ricas de todas no final do século XVIII. A maioria dos colonos mais ricos era composta de fazendeiros das colônias do sul, ferrenhos defensores da escravidão.



A CRISE DO SISTEMA COLONIAL: OS ATOS DE NAVEGAÇÃO

 Durante a Commonwealth (período republicano sob a proteção de Oliver Cromwell), as disputas pelo domínio marítimo entre Inglaterra e Holanda atingiram seu auge. Em 1651, a Inglaterra estabeleceu os Atos de Navegação, que levariam à deflagração das Três Guerras Anglo-Holandesas. A lei foi reeditada sob Carlos II em 1660, ao obrigar todas as mercadorias com origem ou destino nas colônias a serem inspecionadas e taxadas na Grã-Bretanha, encarecendo assim seus custos.


AS IDEIAS ILUMINISTAS

 As ideias iluministas eram muito populares nas colônias americanas, principalmente as doutrinas de John Locke e, em menor medida, de Jean-Jacques Rousseau, sobre o contrato social. Os governos obtinham seu poder da concessão do povo, que os elegia para a tarefa de garantir os direitos individuais dos cidadãos.

O IDEAL REPUBLICANO

 Ao mesmo tempo, surgia uma ideologia republicanista entre os colonos, que atribuía à origem de todos os males políticos aos vícios dos governantes. Os republicanos, então, passaram a pregar a austeridade* e a retidão moral na política, da mesma forma que os puritanos lidavam com a ética pessoal. Dentre os partidários dessa ideologia estavam os principais líderes do processo de independência dos Estados Unidos, caso de Thomas Paine, Benjamin Franklin, George Washington e Thomas Jefferson, entre outros.

 O Pensamento republicano se tornou hegemônico entre os colonos americanos após as ações do governo da Inglaterra consideradas hostis de um governante corrupto e incompetente.



A CONFRONTAÇÃO COM A INGLATERRA: A GUERRA DE SETE ANOS

 A coroa inglesa adotava uma política de “negligência salutar”, ou seja, as colônias eram deixadas geralmente á própria sorte, embora os colonos se considerassem súditos do rei da Inglaterra, com todos os direitos dos demais. Mas a situação se alterou completamente após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada entre a França e a Inglaterra, envolveu praticamente todo o continente e foi travada tanto na Europa, quanto nas colônias. Com a vitória, a Inglaterra conquistou as colônias francesas do Canadá, a Flórida espanhola e vastos territórios indígenas até então reclamados pelos franceses entre as Treze Colônias e o rio Mississipi.

NO TAXATION WITHOUT REPRESENTATION

 A pesar da vitória, as enormes despesas da guerra causaram grandes danos às finanças inglesas. O rei da Inglaterra pretendeu exigir dos colonos uma contribuição maior para a reconstrução das finanças do país. Não havia representantes das colônias no Parlamento Inglês e, portanto, os americanos não teriam a obrigação de obedecer a uma lei cuja elaboração não participaram. “No Taxation Without Representation” (sem representação não há imposto), se tornou um mote dos opositores da lei.



 A reação da coroa inglesa foi a criação de ainda mais impostos, em um pequeno intervalo de tempo, o que enfureceu os colonos americanos:

·         1764, O Sugar Act (Lei do Açúcar) e o Currency Act (Lei da Moeda): motivaram um boicote de produtos ingleses nas treze Colônias;

·         1765, O Stamp Act (Lei do Selo): motivou a criação de um parlamento nas colônias para debater a questão e propor um acordo ao rei, que acabou sendo rejeitado. Motivou também a formação de um grupo radical de patriotas, os Filhos da Liberdade, que desejavam romper os vínculos com a Inglaterra a qualquer custo.

·         1773, O Tea Act (Lei do Chá): Na época o chá era a bebida mais consumida em todo o império britânico, inclusiva nas colônias (onde depois seria substituído pelo café). As colônias pagavam muito caro pelo chá que consumiam, pois este não vinha diretamente Índia: Era triturado em Londres antes de seguir para a América. A lei do chá acabava com essa obrigação, barateando, assim, o produto. Embora o chá ficasse mais barato, muitos colonos se recusaram a consumir o chá vindo da Índia, por entenderem que representavam uma submissão á Inglaterra. Em dezembro de 1774, alguns colonos (que se acredita serem membros dos Filhos da Liberdade) invadiram um navio ancorado no porto de Boston fantasiados de índios e jogaram ao mar um enorme carregamento de chá em protesto contra a medida.

AS LEIS INTOLERÁVEIS E A INDEPENDÊNCIA

 A resposta da coroa britânica foi a criação de uma série de leis restritivas (conhecidas nos Estados Unidos como Leis Intoleráveis). As leis fechavam o porto de Boston, restringiam a autonomia política das colônias e davam mais mobilidade aos soldados ingleses na América. Em resposta, os colonos se organizaram em um Congresso Continental no final de 1774, que tinha como objetivo estabelecer mais boicotes à Inglaterra; no ano seguinte, a tensão entre as colônias e a Inglaterra levou ao Segundo Congresso Continental a preparar a Guerra. Em 4 de Julho de 1776, o Congresso assinou a Declaração de Independência dos Estados Unidos, argumentando que os direitos dos colonos haviam sido desrespeitados e proclamado que eles, portanto, não deveriam mais obediência ao rei da Inglaterra.

 O primeiro que buscou pôr em prática doutrinas iluministas do liberalismo político, ao criar um estado independente com base nesses pressupostos teóricos.



A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA

 A batalha era desigual um exercito profissional contra colonos com pouco treinamento. Mas o conhecimento do terreno e a providencial ajuda do exército francês, que tentavam aproveitar a oportunidade para enfraquecer seus adversários ingleses, acabaram virando o conflito a favor dos norte-americanos, que conseguiram vencer e expulsar os ingleses em 1783, oito anos após o início dos conflitos.


A ORGANIZAÇÃO DO PAÍS E A CONSTITUIÇÃO

 Após a assinatura da paz, as antigas Treze Colônias, agora independentes, precisavam organizar-se politicamente. O Congresso Continental havia imaginado a região como uma confederação (Chamada Estados unidos da América) que uniriam seus esforços para tratar das questões que dissessem respeito a todos eles, e manteriam total autonomia nas demais situações.

 Em 1788, após mais um ano de discussões, a nova Constituição dos Estados Unidos foi aprovada, garantido uma autoridade central mais forte do que a prevista anteriormente, mas ainda assim reservando a maior parte das decisões para os Estados.

 A Constituição dos Estados Unidos costuma ser colocada, juntamente com a declaração da Independência e a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, entre os documentos políticos mais importantes do século XVIII, porque conseguiu estabelecer um equilíbrio entre os poderes federais e a autonomia local, garantindo ao mesmo tempo os interesses dos grandes e dos pequenos estados.


 Contudo, a Constituição dos Estados Unidos continha algumas contradições, que refletiam as divisões internas do país na época, e a mais importante era a escravidão. As divergências entre os grandes proprietários de escravos, especialmente nos Estados do sul, e os grupos antiescravistas concentrados no norte, quase comprometeram a aprovação da Constituição. Para evitar maiores tensões, Thomas Jefferson (o redator do texto) preferiu não fazer referência explicita à escravidão, deixando-a a cargo de cada Estado e contradizendo os ideais de liberdade individual pregados na Declaração de Independência.


* Austeridade: No âmbito da economia, austeridade significa ter um maior rigor no controle de gastos, faz parte de um plano ou de uma política.
Referências Extras/ Imagens
DAUWE, Fabiano. História Moderna, Indaial, Centro Universitário Leonardo da Vinci. –, 2008;



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...