CAUSAS
DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA
Desde o início do
século XV, Portugal já vinha efetuando pesquisas e aprimoramento de suas
técnicas de construção naval, bem como de navegação oceânica. Este projeto foi
possível em função de diversos fatores, são eles: a unidade nacional
conquistada muito cedo; a posição geográfica que propiciava as grandes
navegações; o difícil acesso das terras portuguesas ao restante da Europa e a
estabilidade interna que permitia o investimento em projetos de navegação.
Segundo MIGLIACCI
(1997), a Escola de Sagres e a criação de uma estrutura profissional para os
descobrimentos fazem a diferença, concentrando intensamente as energias e
recursos nacionais para levar a cabo a tarefa dos descobrimentos.
Em complemento à sua
vocação marítima, Portugal passou por um processo de unificação política,
econômica e cultural. Sua base política, religiosa e de identidade, foi fruto
da luta contra os mouros (povos árabes que viviam no norte da África e na
Península Ibérica), que permitiu o surgimento do estado centralizado.
A partir do século
XIII, foram-se definindo por uma série de batalhas algumas fronteiras na
Europa, este processo permitiu a unificação dos feudos medievais, facilitando a
capitalização do estado, e o consequente investimento em uma nova frota naval.
Além disso, a Península Ibérica possibilitava uma situação geográfica
privilegiada, que lhe permitia o pleno domínio do Oceano Atlântico.
Os portugueses já
tinham experiência, acumulada ao longo dos séculos XIII e XIV, no comércio de
longa distância. Os genoveses (Itália) investiram na expansão de Lisboa,
transformando-a em um grande centro mercantil sob sua hegemonia. A experiência
foi facilitada pelo envolvimento econômico de Portugal com o mundo Islâmico do
Mediterrâneo e a utilização da moeda como meio de pagamento.
Durante todo o século
XV, Portugal foi um reino unificado e menos sujeito a convulsões e disputas. A
monarquia portuguesa consolidou-se através de uma história que teve um de seus
pontos mais significativos na revolução de 1383 – 1385.
Além disso, nobres e
clérigos viam a expansão de forma positiva, pois novos horizontes comerciais,
de conquistas e de evangelização iriam permitir a construção de um estado ainda
mais centralizado, forte, e acima de tudo, católico.
Para os clérigos e nobres, cristianização e
conquista eram formas de servir Deus e servir o rei e de merecer, por isso,
recompensas. Para os mercadores era a perspectiva do bom negócio, das
matérias-primas colhidas na origem e revendidas com bom lucro. Para o rei era
motivo de prestígio, uma boa forma de ocupar os nobres e, sobretudo a criação
de novas fontes de recita.
Em Portugal a expansão
marítima e comercial passou a representar o ideal renascentista.
Os espanhóis foram
aventureiros da descoberta, já os portugueses foram marinheiros do
Renascimento: estudaram, projetaram, calcularam. No final, triunfaram sobre o
desconhecido, e souberam, de imediato, o que haviam descoberto.
Os portugueses foram os
primeiros povos europeus, organizados em um estado centralizado na figura do
rei, a embasar as navegações como fruto de conhecimento científico e superando
o mito medieval do “mar tenebroso”.
A expansão marítima só
aconteceu em Portugal em função do fato de que os portugueses foram os
primeiros povos europeus a promoverem a unificação política. Este fato fez com
que os recursos fossem canalizados para o comercio e a construção naval.
Outro fator que
contribuiu para as grandes navegações foi a invenção e o desenvolvimento de um
navio especial para os descobrimentos: a Caravela
A Vela latina permite o aproveitamento de
ventos em ângulos de até 30 graus em relação à direção de deslocamento do
navio, maior manobrabilidade das caravelas está em sua capacidade superior de velejar
“contra” o vento, ziguezagueando em ângulo mais fechado em relação á rota.
A
ESCOLA DE SAGRES E O INFANTE D. HENRIQUE
A partir do século XV,
Portugal decidiu embarcar em um grande projeto nacional de exploração da costa
atlântica, tendo como localização inicial o norte da África. Esse projeto foi
capitaneado pelo 5º filho do rei D. João I, o infante D. Henrique (1394-1460).
O plano inicial evoluiu para uma meta mais ambiciosa, a circum-navegação do
continente africano, que permitiria chegar às Índias, terra das especiarias,
por mar.
O
Infante D. Henrique
O infante D. Henrique
foi o principal responsável pela fundação, em 1443, da lendária “Escola de
Sagres”, esta possuía posição geográfica privilegiada, isso lhe favorecia, pois
permitia que os estudiosos mantivessem contato direto com o Oceano Atlântico.
Escola
de Sagres
Em seu castelo, e sob o
lema “o talento do bem-fazer”, D.
Henrique reuniu cartógrafos e matemáticos para desenvolver as técnicas
astronômicas que permitiriam a navegação oceânica, a construção naval, usando
técnicas cada vez mais aperfeiçoadas. A cada expedição na costa africana, as
informações coletadas serviriam para aprimorar mapas, técnicas de navegação e
desenho dos navios.
Agindo contra o costume
da época, mostrava tolerância para com outros credos e raças, ao escolher seus
colaboradores prioritariamente por seu conhecimento. Com isso, atraiu, para seu
esforço, vários sábios judeus, que sofriam menos restrições que os cristãos
para viajar e obter informações no mundo árabe.
Estas novas técnicas
permitiram que os navegadores se afastassem cada vez mais da costa,
possibilitando assim uma maior autonomia para alcançar terras localizadas em
outros continentes.
Estas inovações são
chamadas por alguns estudiosos de a “arte da navegação”:
·
Calcular a distância: saber avaliar a
velocidade de seu navio;
·
Determinar a orientação: uso da Bússola;
·
Calcular a Latitude: Uso do Astrolábio
(instrumento para observar a posição dos astros e determinar-lhes a altura
acima do horizonte);
·
Uma incerteza restava, a longitude.
Astrolábios
e Bússolas
Próximo
Post: Ocupação das Costa Africana e a Viagem de Vasco da Gama
REFERÊNCIAS
SOUZA,
Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História
do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.
MIGLIACCI,
Paulo. Os descobrimentos: Origens da
supremacia europeia. 3 ed. São Paulo: Scipione, 1997.
IMAGENS
Astrolábio
e Bússola: http://images.slideplayer.com.br/7/1732792/slides/slide_11.jpg
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