A
MONOCULTURA, O TRABALHO ESCRAVO E LATIFÚNDIO.
O
PROJETO CIVILIZATÓRIO PORTUGUÊS
O projeto civilizatório
português foi idealizado tendo como fundamento o tripé: Latifúndio, trabalho
escravo e monocultura. Inicialmente, a cultura agrícola escolhida foi a cana-de-açúcar,
porém com o desenvolvimento da colônia, outras monoculturas foram introduzidas,
tais como: algodão, café entre outras.
Latifúndio
é um termo originário da língua latina, combinação de "lātus"
(significa amplo, espaçoso, extensivo) e fundus (fazenda), e que atualmente
serve para se referir à propriedade rural de grande extensão, constituída em
sua maioria de terras não cultivadas e/ou exploradas com técnicas de baixa
produtividade. Na Roma antiga,
"latifúndio" era a grande propriedade agrária de um aristocrata, cuja
produção estava baseada no trabalho escravo.
Padrões diversos só
podiam ser encontrados em atividades marginais e subsidiárias, como a pecuária
extensiva dos Sertões e as pequenas culturas de subsistência.
A base, a agricultura; as condições, a
estabilidade patriarcal da família, a regularidade do trabalho por meio da
escravidão, a união do português com a mulher índia, incorporada assim à
cultura econômica e social do invasor. Formou-se na América tropical, uma sociedade agrária de estrutura, escravocrata na técnica de exploração
econômica, híbrida de índio, e mais tarde, do negro.
A partir da decisão e,
acima de tudo, da predisposição portuguesa em transformar o Brasil em uma
colônia agrícola, diversos engenhos
passam, a aparecer no cenário do Nordeste e Sudeste do Brasil colonial.
Portugal, com a
intenção de intensificar a produção de açúcar em terras brasileiras, criou uma
série de incentivos para que esta atividade prosperasse. O privilégio outorgado
ao donatário, de só ele fabricar moenda e engenho de água, denota ser a lavoura
de açúcar a que se tinha especialmente em mira introduzir. Favores especiais,
isenções de tributos, garantia contra a penhora dos instrumentos de produção,
honrarias e títulos.
Além disso, esta
atividade deveria estar atrelada ao trabalho escravo, pois o colono português
não tinha predisposição ao trabalho braçal. Assim, o escravo passa a compor
função de extrema importância no contexto da produção açucareira. O padre
jesuíta Antonil, afirma que os escravos, tanto os de origem indígena, quanto os
de origem africana, “eram os braços e pernas dos senhores de engenho”.
No Brasil, os escravos
foram os ombros, as costas, os braços, as pernas que fizeram andar a colônia e,
mais tarde, o Império. Foram o ventre que gerou imensa população mestiça e o
seio que amamentou os filhos dos senhores. Em 500 anos de história, o Brasil
teve 3 séculos e meio de regime escravocrata contra apenas 1 (um) de trabalho
livre.
A escravidão demonstrou
ser uma condição de sobrevivência para o colono europeu na nova terra. Sem
escravos os colonos “não podem se sustentar na terra”
A captura e o comércio
do indígena vieram constituir a primeira atividade econômica estável dos grupos
de população não dedicados à indústria açucareira. Essa mão de obra indígena,
considerada de segunda classe, é que permitirá a subsistência dos núcleos de
população localizados naquelas partes do país que não se transformaram em
produtores de açúcar. O cultivo da cana-de-açúcar permitiu a criação de uma
atividade econômica paralela, a caça ao índio, sendo a Capitania de são Vicente
o seu expoente máximo. Esta capitania prosperou em função do comércio do
indígena, que era considerado mão de obra de segunda qualidade. O fato dos
vicentinos escravizarem elementos indígenas criou conflitos com padres
jesuítas, que procuravam “proteger os nativos”.
Com o sucesso da
indústria açucareira, grandes “carregamentos” de escravos passaram a ser
desembarcados nos principais portos do nordeste. O escravo africano era mais
caro que o indígena, porém ele era mais produtivo e, além disso, mais
resistente, ás duras provas da escravidão.
O
TRÁFICO NEGREIRO E O TRABALHO ESCRAVO
A expansão ultramarina
e a descoberta de novas terras, abrindo ao comércio amplas perspectivas trazem
o primeiro plano o tráfico de escravos, fazendo destes uma das mais importantes
“mercadorias” do tempo.
Foi a colonização de
posses ultramarinas que deu ao tráfico o extraordinário impulso que o
transformou em atividade comercial de primeiro plano.
Ali onde se torna
necessário levantar uma estrutura de produção, desde os alicerces, ali onde se
torna indispensável colonizar, é que a escravidão aparece como fator importante
e alimenta o impulso ao tráfico negreiro.
O escravo era a
mercadoria de mais alto preço que se introduzia nas áreas coloniais dominadas
pela corte de Lisboa. A riqueza de um senhor de engenho não era medida pela
quantidade de terras que o mesmo possuía, mas, sim, pela quantidade de
escravos, que, apesar de valioso, era muito maltratado.
PLANTADOR
X SENHOR DE ENGENHO
Surge, desde os
primeiros tempos, assim uma diferença fundamental entre o sesmeiro que é apenas
plantador e o sesmeiro, que além de plantador, é também senhor de engenho. A
necessidade obrigava os que eram apenas plantadores a levar suas safras ao
senhor de engenho, que as comprava segundo sua conveniência. Com o passar dos
tempos, não há mais lugar para os plantadores, que foram sendo substituídos
pelos senhores de engenho, que praticamente passaram a monopolizar a produção
açucareira.
Acredita-se que a
implantação deste sistema elitizado, puramente mercantilista, tenha sido
responsável pelo surgimento da metrópole, ignorando as iniciativas dos pequenos
povoadores na colônia recém-formada.
O modelo da grande
propriedade, monocultora e escravista acaba por consagrar o poderio dos
senhores de engenho, dificultando a vida da camada de pequenos e médios
proprietários. A necessidade de controlar a produção por meio do engenho
complicava, e muito, a existência da pequena propriedade não destinada a fins
comerciais.
A possibilidade de
crescer economicamente só virá a se manifestar novamente para os pequenos
produtores através da instituição da pecuária no nordeste brasileiro. A criação
de gado possibilitaria o surgimento de uma nova classe social tendo como base o
trabalho livre.
REFERÊNCIAS
SOUZA,
Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História
do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.
SANTIAGO,
Emerson. Latifúndio. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/agricultura/latifundio/>.
Acesso em 20 de outubro de 2016
IMAGENS
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