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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Engenho Colonial Açucareiro



O ENGENHO COLONIAL AÇUCAREIRO
No Brasil, a cana-de-açúcar foi introduzida por Martim Afonso de Souza, também dono do primeiro engenho erguido no país. Há sinais de que a cana veio para o Brasil logo nos primeiros anos da colonização. Ela teria chegado entre 1502 e 1503. Sua exploração sistemática, no entanto, demorou mais de uma década. No ano de 1518 escravos vindos da Guiné e colonos da Ilha da Madeira já estavam em atividades. A partir de 1520, a Alfândega de Lisboa passou a cobrar direitos sobre o açúcar vindo da Terra de Santa Cruz.

É importante salientar que já existia um acordo entre Portugal e Holanda relacionado à produção e comercialização do valioso produto. Esta parceria será prejudicada com a União Ibérica, ocorrida a partir de 1580, quando Portugal e Espanha passaram a ser governados pelo mesmo rei (Filipe II). Essa união deu origem a sérios conflitos com a Holanda, pois os espanhóis eram inimigos dos holandeses, impedindo que os mesmos mantivessem relações comerciais com o Brasil. Este fator motivou a invasão holandesa do nordeste brasileiro.

 Com a Intensificação da colonização, portugueses, em parceria com os holandeses, começaram a investir grandes somas de capitais da fundação dos engenhos e na consequente plantação de grandes áreas destinadas ao cultivo da cana-de-açúcar.
Os donatários trouxeram consigo colonos da Ilha da Madeira, e deram início à derrubada das matas litorâneas e instalaram seus primeiros engenhos.
O colonizador português foi primeiro entre os colonizadores modernos a deslocar a base colonizadora tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal e/ou animal (ouro, prata, madeira, marfim) para a de criação local de riqueza, à custa do trabalho escravo.
A sociedade no Brasil colonial desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes plantações de açúcar, em casas grandes de taipa ou de pedra e cal. Para se ter uma ideia, em 1628 já haviam sido instalados no Brasil, em torno de 235 engenhos, a grande maioria no nordeste. Quando da invasão holandesa, a partir de 1637, a produção de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio grande do Norte ultrapassou 1 milhã de arrobas anuais.


Apesar do grande número de engenhos, temos que entender que o verdadeiro lucro para essa atividade adivinha da distribuição e refino do açúcar na Europa então, propriamente dito, da plantação da cana e da fabricação do açúcar bruto nos engenhos.


É certo que muitos colonizadores portugueses não traziam família, logo iriam cruzar seus corpos com as negras e com as índias, promovendo assim, o inicio da miscigenação.

 
A IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL DO ENGENHO COLONIAL AÇUCAREIRO
O colonizador português do Brasil inventou uma estrutura chamada de engenho colonial açucareiro. Era um complexo composto por várias benfeitorias que iam desde a capela, passando pela casa de purgar, casa da caldeira, casa da farinha, casa do bagaço, roda do engenho, curral, pomar, cemitério, senzala, que muitas vezes ficava próxima à Casa Grande.
O engenho representava um marco de civilização em meio à floresta, pois foi aí que a cultura afro-brasileira se desenvolveu. Nesta estrutura, brancos e negros conviviam segundo uma relação de senhores e escravos. Negros importados da África tinham uma cultura superior à dos indígenas nativos. Em termos modernos, o negro era extrovertido (alegre, fácil, divertido, acomodatício, confiante) já o índio introvertido (triste difícil e relutante).
No dizer de Gilberti Freire (2001), os angolas eram Bantos; como os de Congo, eram bons para o trabalho bruto. Os Ardas vinham do Daomé. Eram tão fogosos que tudo querem cortar de um só golpe. Os da Guiné, bonitos de corpo, eram excelentes para os serviços domésticos, principalmente as mulheres. Os de Cabo verde eram os melhores e os mais robustos de todos e os mais caros. Ainda segundo freire, a vida no engenho e, especialmente a alimentação, era difícil, pois apesar do toda a riqueza pelo açúcar e dos inúmeros recursos naturais, os senhores procuravam imitar os hábitos europeus.
Os próprios senhores de engenho nutriam-se deficientemente: carne de boi má e só uma vez ou outra, frutos pouco e bichados, legumes raros. Grande parte de sua alimentação davam-se ao lucro de mandar vir de Portugal e das Ilhas; do que resultava consumirem alimentos nem sempre bem conservados: carne, cereais e até frutos secos, desprovidos dos seus princípios nutritivos. Por mais esquisito que pareça, faltavam á mesa da nossa aristocracia colonial, legumes frescos, carne verde e leite. A falta de boa comida era compensada pelos excessos de doces: goiabadas, marmeladas, doces de caju e mel de engenho, alfenins e cocadas.
Segundo Mary Del Priore e Renato Pinto Venâncio em sua obra “Livro de Ouro da História do Brasil”, no centro de sua família, o senhor de engenho devia irradiar autoridade, respeito e ação. Sob seu comando dobravam-se filhos, parentes pobres, irmãos, bastardos, afilhados, agregados e escravos. Uma esposa, às vezes bem mais jovem, movia-se em sua sombra. Ela vivia para gerar filho, desenvolvendo, entretempo, uma atividade doméstica, como a costura, por exemplo. Na sua ausência, contudo, assumia as responsabilidades de trabalho com vigor igual ao d marido. A possibilidade de se servirem de escravos criou no mundo dos senhores uma divisão racial do sexo. A esposa branca era a dona-de-casa, a mãe dos filhos. A indígena, e depois a africana, o território do prazer.
A empresa do açúcar não envolvia apenas senhores e escravos. Ela obrigava um grupo diversificado de trabalhadores especializados e agregados, que orbitavam em suas franjas, prestando, ao senhor das terras, seus serviços. Eram mestres-de-açúcar, purgadores, caixeiros, calafetes, caldeiros, carpinteiros, pedreiros, barqueiros, entre outros.
A sociedade açucareira era uma sociedade estanque, ou seja, não havia mobilidade social, o que dificultava a ascensão social dos homens livres, forçando os mesmos a procurarem outras atividades econômicas.




REFERÊNCIAS
SOUZA, Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.

IMAGENS


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