O
ENGENHO COLONIAL AÇUCAREIRO
No Brasil, a
cana-de-açúcar foi introduzida por Martim Afonso de Souza, também dono do
primeiro engenho erguido no país. Há sinais de que a cana veio para o Brasil
logo nos primeiros anos da colonização. Ela teria chegado entre 1502 e 1503.
Sua exploração sistemática, no entanto, demorou mais de uma década. No ano de
1518 escravos vindos da Guiné e colonos da Ilha da Madeira já estavam em
atividades. A partir de 1520, a Alfândega de Lisboa passou a cobrar direitos
sobre o açúcar vindo da Terra de Santa Cruz.
Com a Intensificação da colonização,
portugueses, em parceria com os holandeses, começaram a investir grandes somas
de capitais da fundação dos engenhos e na consequente plantação de grandes
áreas destinadas ao cultivo da cana-de-açúcar.
Os donatários trouxeram
consigo colonos da Ilha da Madeira, e deram início à derrubada das matas
litorâneas e instalaram seus primeiros engenhos.
O colonizador português
foi primeiro entre os colonizadores modernos a deslocar a base colonizadora
tropical da pura extração de riqueza mineral, vegetal e/ou animal (ouro, prata,
madeira, marfim) para a de criação local de riqueza, à custa do trabalho
escravo.
A sociedade no Brasil
colonial desenvolveu-se patriarcal e aristocraticamente à sombra das grandes
plantações de açúcar, em casas grandes de taipa ou de pedra e cal. Para se ter
uma ideia, em 1628 já haviam sido instalados no Brasil, em torno de 235
engenhos, a grande maioria no nordeste. Quando da invasão holandesa, a partir
de 1637, a produção de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio grande do Norte
ultrapassou 1 milhã de arrobas anuais.
Apesar do grande número
de engenhos, temos que entender que o verdadeiro lucro para essa atividade
adivinha da distribuição e refino do açúcar na Europa então, propriamente dito,
da plantação da cana e da fabricação do açúcar bruto nos engenhos.
É certo que muitos
colonizadores portugueses não traziam família, logo iriam cruzar seus corpos
com as negras e com as índias, promovendo assim, o inicio da miscigenação.
A
IMPORTÂNCIA SOCIAL E CULTURAL DO ENGENHO COLONIAL AÇUCAREIRO
O colonizador português
do Brasil inventou uma estrutura chamada de engenho colonial açucareiro. Era um
complexo composto por várias benfeitorias que iam desde a capela, passando pela
casa de purgar, casa da caldeira, casa da farinha, casa do bagaço, roda do
engenho, curral, pomar, cemitério, senzala, que muitas vezes ficava próxima à
Casa Grande.
O engenho representava
um marco de civilização em meio à floresta, pois foi aí que a cultura
afro-brasileira se desenvolveu. Nesta estrutura, brancos e negros conviviam
segundo uma relação de senhores e escravos. Negros importados da África tinham
uma cultura superior à dos indígenas nativos. Em termos modernos, o negro era
extrovertido (alegre, fácil, divertido, acomodatício, confiante) já o índio
introvertido (triste difícil e relutante).
No dizer de Gilberti
Freire (2001), os angolas eram Bantos; como os de Congo, eram bons para o
trabalho bruto. Os Ardas vinham do Daomé. Eram tão fogosos que tudo querem
cortar de um só golpe. Os da Guiné, bonitos de corpo, eram excelentes para os
serviços domésticos, principalmente as mulheres. Os de Cabo verde eram os
melhores e os mais robustos de todos e os mais caros. Ainda segundo freire, a
vida no engenho e, especialmente a alimentação, era difícil, pois apesar do
toda a riqueza pelo açúcar e dos inúmeros recursos naturais, os senhores
procuravam imitar os hábitos europeus.
Os próprios senhores de
engenho nutriam-se deficientemente: carne de boi má e só uma vez ou outra,
frutos pouco e bichados, legumes raros. Grande parte de sua alimentação
davam-se ao lucro de mandar vir de Portugal e das Ilhas; do que resultava
consumirem alimentos nem sempre bem conservados: carne, cereais e até frutos
secos, desprovidos dos seus princípios nutritivos. Por mais esquisito que
pareça, faltavam á mesa da nossa aristocracia colonial, legumes frescos, carne
verde e leite. A falta de boa comida era compensada pelos excessos de doces:
goiabadas, marmeladas, doces de caju e mel de engenho, alfenins e cocadas.
Segundo Mary Del Priore
e Renato Pinto Venâncio em sua obra “Livro de Ouro da História do Brasil”, no
centro de sua família, o senhor de engenho devia irradiar autoridade, respeito
e ação. Sob seu comando dobravam-se filhos, parentes pobres, irmãos, bastardos,
afilhados, agregados e escravos. Uma esposa, às vezes bem mais jovem, movia-se
em sua sombra. Ela vivia para gerar filho, desenvolvendo, entretempo, uma
atividade doméstica, como a costura, por exemplo. Na sua ausência, contudo,
assumia as responsabilidades de trabalho com vigor igual ao d marido. A
possibilidade de se servirem de escravos criou no mundo dos senhores uma
divisão racial do sexo. A esposa branca era a dona-de-casa, a mãe dos filhos. A
indígena, e depois a africana, o território do prazer.
A empresa do açúcar não
envolvia apenas senhores e escravos. Ela obrigava um grupo diversificado de
trabalhadores especializados e agregados, que orbitavam em suas franjas,
prestando, ao senhor das terras, seus serviços. Eram mestres-de-açúcar,
purgadores, caixeiros, calafetes, caldeiros, carpinteiros, pedreiros,
barqueiros, entre outros.
A sociedade açucareira
era uma sociedade estanque, ou seja, não havia mobilidade social, o que
dificultava a ascensão social dos homens livres, forçando os mesmos a
procurarem outras atividades econômicas.
REFERÊNCIAS
SOUZA,
Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História
do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.
IMAGENS
Invasão
Holandesa: https://fichasmarra.files.wordpress.com/2010/03/6.jpg
Escravos-engenho:
http://www.mapadacachaca.com.br/wp-content/uploads/2011/08/escravos.jpeg
Mapa
racial: http://msalx.revistaescola.abril.com.br/2015/01/14/0925/OdoVd/ne-277-diversidade-etnico-racial-01.png
Canais do Aula de História na Web 2.0
Canais do Retro Games BR
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