O
DOMÍNIO ESPANHOL E A INVASÃO HOLANDESA
A
UNIÃO IBÉRICA
Na segunda metade do
século XVI, a dinastia de Avis, que governou Portugal por mais de 200 anos,
parecia estar com os dias contados. D. João III assistira a morte de seus 9
filhos homens e aguardava ansioso pelo nascimento do neto, o velho rei morreu
meses antes di nascimento de D. Sebastião.
O novo monarca assumiu
o governo contando apenas 14 anos de idade. Sonhava em organizar cruzadas
contra os muçulmanos e expandir a fé cristã. Como era muito jovem, não teve a
preocupação em casar-se e dar continuidade à dinastia.
Em 1578, uma expedição
foi aniquilada pelos muçulmanos. Na batalha de Alcácer Quibir, D. Sebastião
morreu e seu tio-avô assumiu o trono, o Cardeal D. Henrique. De idade muito
avançada, não permaneceu no poder por muito tempo, morrendo 2 anos mais tarde.
O parente mais próximo do rei morto era Filipe II da Espanha.
Entre os candidatos estavam D. Antônio e
Filipe II, rei da Espanha, que reclamava o direito ao reino português. Antônio
contava com o apoio do povo, que não aceitava a ideia de ver o trono entregue a
um estrangeiro. Filipe II recebeu apoio total do clero e de grande parte da
nobreza, além dos burocratas e dos comerciantes. Em junho de 1580, o duque de
Alba, o melhor general do império espanhol, invadiu Portugal com forte exército
e acabou com as pretensões de D. Antônio, garantindo a coroa portuguesa a
Filipe II, que recebeu em Portugal, o nome de Felipe I. Inaugurou-se assim, a
dinastia Habsburgo em Portugal.
Nesse sentido, Portugal
iria permanecer sob domínio espanhol por 60 anos. Para o Brasil a união ibérica
foi saudável, pois anulou as fronteiras do Tratado de Tordesilhas, permitindo
assim que o Brasil construísse um esboço das suas atuais fronteiras.
AS
INVASÕES HOLANDESAS NO BRASIL
Os holandeses sempre
foram parceiros comerciais portugueses, porém em tempos de união ibérica, eles
planejaram e executaram 2 invasões da colônia. A primeira ocorreu em Salvador
nos anos de 1624 e 1625. Já a segunda, mais extensa, com maiores consequências
para a história brasileira, aconteceu de 1630 a 1654, e expandiu-se por quase
todo o nordeste.
Alguns historiadores
ressaltam a riqueza cultural do período, em especial durante a administração do
Conde João Maurício de Nassau-Siegen, que, com sua corte de artistas,
arquitetos, cartógrafos, naturalistas, etc., promoveu, entre outras obras, a
transformação, em apenas 7 anos, do povoado do Recife na cidade mais urbanizada
das Américas.
Filipe II da Espanha cancelou
todos os contratos vitais para a sobrevivência do povo português, comprometeu
atividades significativas da economia holandesa, já que o sal grosso de
Portugal era essencial pra a conservação do pescado holandês e para produção de
derivados do leite.
Com a falta de trigo,
cereal utilizado na fabricação do pão, a população portuguesa pressionou a
corte espanhola para que cedesse e reabrisse os contratos anteriormente
existentes entre os países. Assim, foi promulgada uma trégua, a Trégua dos Doze
Anos, de 1609 a 1621, deu oportunidade para os contatos dos holandeses com o
Brasil de intensificarem.
Durante a Trégua dos
Doze Anos, os holandeses dedicaram-se intensamente ao comércio do açúcar,
chegado a embarcar mais de 50 mil caixas do produto por ano.
Com o fim da trégua, em
1621, os mercadores holandeses resolveram tomar providências até então
impensadas, uma invasão ao nordeste brasileiro. Assim sendo, os holandeses
passaram a organizar a invasão, o alvo seria a cidade de salvador, capital da
colônia.
A
PRIMEIRA INVASÃO HOLANDESA: SALVADOR
A primeira invasão aconteceu
no dia 4 de maio de 1624, uma poderosa esquadra composta por 28 embarcações
tripulada por 3.300 homens. Logo os invasores tomaram a cidade e prenderam seu
governador, Diego de Mendonza. Porém, em julho de 1624, o almirante holandês Jacob
Willekens, comandante da esquadra, resolveu volta à Holanda, deixando
na Bahia cerca de um terço de suas forças.
Esta decisão se mostrou
um erro estratégico, pois os portugueses e espanhóis não tardariam a enviar
forças para reaver a cidade. Em abril de 1625, chegou a São Salvador a armada
luso-espanhola comandada por D. Fradique de Toledo, formada por 31 galeões, algumas
caravelas e 7.500 homens em armas.
A tropa holandesa foi
obrigada a se render, todas as armas seriam entregues aos vencedores e os
holandeses podiam voltar para o seu país nos barcos que lhes restaram.
A
SEGUNDA INVASÃO HOLANDESA: SALVADOR
A invasão da Bahia só
trouxe prejuízos para a nascente Companhia das Índias Ocidentais. Em 1628,
porém, a companhia capturou, ao largo de Cuba, a frota anual de prata espanhola
e obteve um butim de 14 milhões de florins (o dobro de seu capital inicial).
Enriquecida, a companhia planejou nova invasão ao brasil. O alvo escolhido
desta vez foi a maior e mais rica região produtora de açúcar do mundo. No dia
15 de fevereiro de 1630, uma armada com 77 navios, 7.000 homens e 170 peças de
artilharia surgiu diante de Marim –
também chamada de Olinda. Embora a resistência do governador Matias de
Albuquerque, Recife foi tomada rapidamente.
O domínio holandês em
Pernambuco dividiu-se em três fases:
·
1630 a 1637: Resistência
luso-brasileiros;
·
1637 a 1644: Florescimento holandês no
Brasil, principais obras de urbanização no Recife por Maurício de Nassau;
·
1644 a 1654: Guerra de reconquista e
expulsão dos holandeses.
A principal fase do
domínio holandês foi a administração do Conde Maurício de Nassau, o mesmo
chegou ao Brasil de 1637. Através de sua mediação houve a pacificação dos
luso-brasileiros, que passaram a vender sua produção açucareira para os
holandeses.
As principais medidas
do seu governo foram:
·
Concessão de crédito aos senhores de
engenho destinado ao reaparelhamento dos engenhos, à recuperação dos canaviais
e à compra de escravos, reativando a produção açucareira;
·
Tolerância religiosa às mais diversas
religiões, mas a religião oficial do Brasil Holandês era o calvinismo;
·
Obras urbanas, construção de pontes e
obras sanitárias;
·
Vida cultural, promoveu a vinda de
diversos artistas, médicos, astrônomos e naturalistas.
Após a saída de Nassau
houve uma mudança de mentalidade na forma de governar a colônia, criando assim
descontentamentos entre a população luso-brasileira.
Interessada somente em
aumentar seus lucros, a Companhia das Índias Ocidentais passou a pressionar os
senhores de engenho para que aumentassem a produção, pagassem mais impostos,
liquidassem as dívidas atrasadas. A
Companhia ameaçava confiscar os engenhos de seus proprietários, caso as
Exigências não fossem cumpridas. Até mesmo a tolerância religiosa havia
acabado. Os católicos passaram a ser proibidos de praticar sua religião.
Indignados brasileiros
e portugueses começaram a se revoltar, exigindo que os invasores abandonassem o
nordeste brasileiro. Isso irá acontecer a partir de 1645, recebendo o nome de
insurreição Pernambucana.
Este movimento reuniu
senhores de engenho, escravos e índios, todos do mesmo lado, sendo a primeira
expressão de “brasilidade” e de identidade nacional do Brasil.
Com a expulsão dos
holandeses, em 1654, os mesmos levaram mudas de cana-de-açúcar para ser
plantadas nas Antilhas, situadas no Caribe, isso gerou uma grave crise no
Brasil, pois a açúcar produzido na América Central possuía preço inferior, além
de gerar concorrência. Desta forma, Portugal percebeu que deveria incentivar os
moradores do Brasil, principalmente os bandeirantes, que viviam em São Vicente
e em São Paulo a realizarem expedições com o intuito de encontrarem metais preciosos
nos sertões do Brasil. O Brasil não poderia mais depender apenas do cultivo da
cana-de-açúcar para mover sua economia.
REFERÊNCIAS
SOUZA,
Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História
do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.
IMAGENS
Habsburgo:
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Insurreição:
https://estudokids.com.br/wp-content/uploads/2014/10/insurreicao-pernambucana-guerras-e-tratados-importantes.jpg
Canais do Aula de História na Web 2.0
Canais do Retro Games BR
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