Pesquise dentro do Blog!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A Transferência da Corte



A TRANSFERÊNCIA DA CORTE
O poder do rei era pouco contestado (a não ser entre um grupo social específico, a classe média e a elite). Em uma monarquia os lugares sociais eram rigidamente definidos. Os laços sanguíneos, associados aos costumes da corte, é que definiam uma identidade de elite. Entretanto, com a transferência da corte para o Rio de Janeiro, começou a se dar uma significativa transformação social, política e cultural na colônia.




A TRAVESSIA: UM PROJETO ANTIGO
A mudança da corte e da família de Dom João VI para o Brasil, foi uma das consequências das Guerras Napoleônicas (1799-1815) contra a Inglaterra.
O projeto de transladar a Corte par o Brasil tomou forma quando as tropas napoleônicas, vindas do território espanhol, avançaram sobre a Capital.
No século XVIII este desejo de construir um grande império, um grupo de letrados portugueses propôs uma reestruturação do império português, tendo em vista os ideais iluministas.
Pretendia-se tornar Portugal uma grande nação imperialista, de economia mais produtiva e politicamente eficaz. A estratégia era elaborar reformas administrativas para que Portugal continuasse controlando o Brasil. Eram pensadas alternativas para que o Brasil não rompesse de forma radical e definitiva, as relações de dependência com a metrópole.
Desde fins do século XVIII, reviu-se o estatuto colonial e projetou-se mesmo uma transformação desse império transoceânico, centrado em Portugal, que se estendia da Ásia à América portuguesa, sem falar das possessões na África. A partir daí o projeto de um “vasto e poderoso império” ganhou envergadura e se tornou uma eficiente política de Estado com D. Rodrigo de Souza Coutinho à frente do governo português.
D. Rodrigo fomentou uma série de instituições de saber capazes de formar letrados e se valer do trabalho destes: Casa Literária do Arco do Cego, Academia de Guardas-Marinhas e Observatório, Escola Médico-Cirurgiã, Curso de Estudos Matemáticos, Curso de Economia Política e imprensa Régia. Essas instituições promoviam o progresso científico sem alterar a estrutura de poder e a ordem social.
A ideia era: se o ideal libertário proclamado pela Revolução Francesa não poderia ser encoberto, deveria, ao menos, ser adaptado aos interesses e necessidades dos colonizadores portugueses.

QUESTÕES INTERNACIONAIS
Sem previsão de retorno, D. João, Junto com sua família, deixava órfãos os súditos lusitanos. O rei era visto, inclusive, como um ser supremo, sagrado. Esta imagem do rei também era compartilhada no Brasil.
De maneira geral, a partida da corte portuguesa ao Brasil, é vista de duas formas. Enquanto um fuga, um ato de covardia do rei, e como uma sábia decisão, pois impediu que a França depusesse o rei e conquistasse as colônias lusas.
A Inglaterra temia que o Brasil caísse nas mãos dos franceses. Isto iria diminuir ainda mais suas possibilidades de comércio, que já sofriam as consequências do fechamento dos portos europeus aos navios britânicos (orquestrado por Napoleão).
Neste sentido, interessava aos ingleses uma aliança com Portugal e, principalmente, com o Brasil, só assim seria possível manter o comércio ultramarino com a América portuguesa.

A VIAGEM
A viagem não foi fácil. Houve racionamento de água e comida. O Excesso de passageiros e a falta de higiene, que obrigou as mulheres a cortar os cabelos por causa dos piolhos. Não Havia camas para todos, tampouco cadeiras e pratos. O Navio Príncipe Real, que conduziu D. João aportou em Salvador no dia 22 de janeiro de 1808, após 54 dias em alto mar.


A CHEGADA
O Príncipe regente D. João VI, sua mãe e rainha D. Maria, e a família real desembarcaram no Rio de Janeiro no dia 8 de março de 1808. À medida que a corte descia dos navios, era recebida com uma chuva de flores e plantas odoríferas. Na frente da Igreja do Rosário, sacerdotes paramentados com pluviais de seda incensavam os viajantes recém-chegados.
Até mesmo o calendário foi modificado, dia 13 de maio, aniversário do príncipe, passou a ser celebrado com festas. Para que a nobreza pudesse ser instalada, foram desocupadas casas e mansões de pessoas importantes de colônia, este ato ficou conhecido como “Aposentadorias”.
As letras “P” e “R” (Príncipe Regente) eram pintadas nas portas das casas escolhidas. A Quinta de Boa Vista, em São Cristóvão, passou a ser a residência da família real. A mansão da Quinta foi cedida pelo comerciante português Elia Antônio Lopes.

ABERTURA DOS PORTOS
A abertura dos portos do Brasil às chamadas “nações amigas”, em especial à Inglaterra, foi declarada antes mesmo da chegada de D. João ao Brasil. A Carta Régia, que documenta a abertura, é de 29 de janeiro de 1808. Foi redigida por José da Silva Lisboa.
A abertura dos portos foi um ato historicamente previsível, mas ao mesmo tempo impulsionado pelas circunstâncias do momento. Portugal estava ocupado por tropas francesas, era preferível legalizar o extenso contrabando existente entre a colônia e a Inglaterra e receber os tributos devidos. O Rio de Janeiro se tornou porto de entrada de produtos manufaturados ingleses.
Com a abertura azeite, vinho e aguardente passaram a custar o dobro do preço para serem comercializados no Brasil. Por sua vez, os estrangeiros podiam levar para fora do Brasil produtos coloniais, exceto pau-brasil, porém Inglaterra passou a pagar taxas diferenciadas, 16% ad valorem sobre os gêneros secos e 30% menos dos impostos estabelecidos para os molhados.
Estas medidas diminuíram o contrabando e acabaram enchendo o mercado brasileiro de produtos ingleses.
O comércio Internacional se intensificou ainda mais com o Tratado de 1810 entre Portugal e Inglaterra. Este tratado foi “o preço pago por Portugal à Inglaterra pelo auxílio que dela recebera da Europa”. “Auxilio” foi a escolta marinha inglesa.
A Inglaterra obteve concessão especial, até mesmo as mercadorias portuguesas tinham mais taxas mais elevadas. Isto impediu o desenvolvimento da indústria no Brasil, pois seus produtos não podiam concorrer com as mercadorias inglesas vendidas a preços muito baixos.
A elite luso-brasileira não aceitou os termos deste contrato. Acusando o governo de traição, agiam na verdade com o objetivo, a Igreja Católica também se manifestou contra a Aliança.
Outro ponto deve ser indicado: as ações militares de D. João na América. Em 1809 houve a invasão a Guiana Francesa como retaliação à tomada de Portugal por Napoleão. E em 1817, Montevidéu, no Uruguai, foi invadida. Estas ações militares fizeram parte da expansão do Império português, neste caso contra e Espanha, que estava sob comando dos exércitos franceses.

DE COLÔNIA A REINO UNIDO
Com a presença da corte lusitana, a América Portuguesa passou a ser o centro de comando do império, vindo a se chamar, em 1815, de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.


A estrutura administrativa portuguesa começou a funcionar. No Rio de Janeiro estavam instalados os órgãos administrativos, como a Junta de Comercio.
A nova capital do império dobrou sua população entre 1808 e 1821. Passou de 50 mil para 100 mil habitantes. Eram, na maioria, imigrantes (portugueses, espanhóis, franceses e ingleses), que formaram uma “classe média de profissionais e artesãos qualificados”.
Durante sua permanência no Brasil, D. João incentivou o aumento das escolas régias – equivalentes hoje aos segundo grau -, incentivando o ensino primário e as cadeiras de arte e ofícios. O príncipe regente criou também o nosso primeiro estabelecimento de ensino superior, a Escola Médico-Cirúrgica, na Bahia em 1808.
D. Rodrigo de Souza Coutinho, conde de Linhares, foi uma importante liderança neste processo de desenvolvimento científico e educacional, esteve à frente da criação de instituições de promoção intelectual, ele era herdeiro das ideias do marquês do Pombal (1750-1777).
O príncipe regente pretendia que o Brasil continuasse em uma situação de dependência em relação aos portugueses. Contudo, tais reformas institucionais acabaram tendo um efeito indesejado, serviram, de fato, como base econômica, política e cultural para a emancipação do Brasil. Todavia, a implantação do Império nos trópicos fez nascer um sentimento de “nacionalidade”.

REFERÊNCIAS
SOUZA, Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.

IMAGENS



Canais do Aula de História na Web 2.0
   

 Canais do Retro Games BR
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...