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quinta-feira, 30 de março de 2017

Independência

HISTÓRIA DO BRASIL IMPERIAL
Unidade 1 – Antecedentes da Independência

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INDEPENDÊNCIA
A independência do Brasil estava amparada em plenos ideais republicanos, contrários à manutenção do mercantilismo, em plena expansão do capitalismo e dos princípios de uma industrialização efetiva, na independência dos Estados unidos da América, da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas.
Em Lisboa, Dona Maria I estava louca (A loucura de Maria foi observada pela primeira vez em 1786, quando ela teve que ser transportada de volta ao seus aposentos em um estado de delírio. Nesse ano, ela perdeu o marido e ficou devastada. Proibiu qualquer entretenimento da corte e as festividades do estado pareciam cerimônias religiosas. Seu estado piorou após a morte de seu filho mais velho, de 27 anos, de varíola, e de seu confessor, em 1791. Em fevereiro de 1792, ela foi considerada mentalmente insana. Maria foi tratada por John Willis, o mesmo médico que atendeu Jorge III do Reino Unido.). E quem tomava as decisões era o príncipe regente, Dom João, na época com 40 anos. No Palácio de Queluz, moravam a mulher dele, a espanhola Carlota Joaquina, e os oito filhos do casal.


Após os tratados secretos de Tilsit de julho de 1807, os representantes da França e de Espanha em Lisboa entregaram ao príncipe-regente de Portugal, a 12 de agosto, as determinações de Napoleão: Portugal teria que aderir ao bloqueio continental, fechar os seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos britânicos, sequestrar os seus bens em Portugal e deter todos os cidadãos ingleses residentes no país. O príncipe-regente era intimado a dar uma resposta até ao dia 1º de setembro.
As guerras napoleônicas acabaram por atingir Portugal, que forçou a tomar partido. Diversos autores concordam que o início do século XIX foi um período de incertezas para o reino de Portugal. O Tratado de Badajós (1801) fez Portugal devolver Olivença para a Espanha, então aliada de Napoleão. O reino português percebia que o incremento do poder da França faria com que o país tivesse de abandonar sua posição, buscando acordos secretos com Londres e pagando indenizações para as tropas francesas.

Com as portas de Portugal pressionadas pelas tropas francesas, altamente rápidas e eficientes, a própria Inglaterra persuadiu a corte portuguesa a transferir-se para o Brasil. A escolta que a Inglaterra ofereceu para a transmigração da corte para o Brasil obrigou o soberano português a satisfazer a voracidade comercial inglesa. Desembarcando na Bahia em 24 de janeiro de1808, já em 28 “abriu as portas do Reino ao comércio de todas as nações amigas, primeiro ato de represália contra Napoleão”.
O Reino de Portugal, longe de Lisboa, concedia dessa maneira privilégio à Inglaterra, na época, a única potência da Europa capaz de manter e proteger uma possante marinha mercante.
Em 1808, o rei revogou a proibição de instalação de manufatura e indústrias na América Portuguesa, o que, se por um lado foi um passo importante para a liberação dos mercados, por outro lado, deixou claro que pelas faltas de condições o manufatureiro colonial não conseguiria concorrer com o preço mais baixo e a qualidade superior dos produtos ofertados pelos ingleses.

O Brasil, nesse sentido, preparava sua independência política, sem quebrar a dependência econômica, servindo de ponto seguro de apoio inglês contra as ideias da República Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade) que se espalhavam na América. Entre 1808 e durante a década de 1810, o Brasil custearia o restabelecimento da soberania de Portugal.
Dom João VI favoreceu a introdução de máquinas, garantiu direito aos inventores, facilitou a importação de matéria-prima para a indústria e fábricas, fundou a escola da marinha de Artilharia e fortificações como a Imprensa Régia (Impressão Régia foi a primeira editora brasileira, fundada pelo decreto de 13 de maio de 1808), o Jardim Botânico, a Biblioteca Pública, a Academia de Belas-Artes, uma fábrica de pólvora e um hospital do exército, sob um sistema tributário assistemático (que não segue sistema, desorganizado) e cheio de problemas.
O Rio de Janeiro acabou por ganhar ares europeus com a transferência da família real para o Brasil, por meio da instalação de diversas instituições e órgão públicos. Na mesma época é que a América portuguesa abre-se para missões naturalistas científicas e artísticas, que tiveram importância decisiva para a descrição do interior do Brasil, suas paisagens e costumes, bem como suas dinâmicas socioeconômicas, ambientais e suas distâncias e geografia.
A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da metrópole. Trouxe também e, sobretudo, boa parte do aparato administrativo português, personalidades diversas, funcionários régio, além da família real, 276 fidalgos e dignatários  régios (Autoridade, pessoa importante) recebiam verba anual de custeio e representação, paga em moeda de ouro e prata retirada do Tesouro Real do Rio de janeiro. Terminadas as guerras napoleônicas, oficiais e tropas lusas vêm da Europa para a corte fluminense, em 1817 havia no Rio de Janeiro de 4 a 5 mil militares.

No total, pelo menos 15 mil pessoas transferiram-se de Portugal para o Rio de Janeiro no período.
O enxerto burocrático suscitou uma procura de moradias, serviços e bens diversos, atraindo para o Rio mercadorias e moradores fluminenses e mineiros. Enfim, chegam mais africanos, dado que a baia de Guanabara convertera-se, desde o final do século XVIII, no maior terminal negreiro da América.
D. João VI declarou guerra contra a França napoleônica e invadiu a Guiana Francesa (1809), devolvendo-a apenas em 1817, quando Napoleão Bonaparte foi derrotado na Europa. No mesmo tom, contra a América Espanhola, D. João VI tratou de invadir a banda uruguaia ao sul do Rio Grande do Sul, transformando-a em Província Cisplatina. Essa província tornar-se-ia independente só em 1828.
Portugal acabaria por se defrontar com problemas econômico. Em meio à difusão de ideais iluministas, essas dificuldades acabaram por contribuir sobremaneira para a eclosão, em 1820, da Revolução Liberal na cidade de Porto, norte Português (leia mais neste link).

Em síntese, insatisfeitos com o fim do pacto colonial, comerciantes, nobres e militares portugueses, que estavam sob a tutela do governo inglês, exigiam a convocação do órgão legislativo de Portugal, que não se reunia desde 1698. As Cortes Constituintes da Nação Portuguesa elaboraram uma constituição, à qual D. João VI jurou obediência antes de partir de volta a Portugal, deixando seu filho D. Pedro como Príncipe regente.
  


D. JOÃO VI, D. PEDRO E A INDEPENDÊNCIA
A transmigração da família real para a colônia trouxe consigo efeitos indiretos, a discussão, na esfera política, da possibilidade de independência da América Portuguesa frente à metrópole. Alguns indivíduos acabaram por constituir, ainda na Europa, o Partido Brasileiro. De fato, esse grupo de pessoas estava organizado por aristocratas rurais que tinham interesse direto na autonomia, mas também reunia burocratas e comerciantes, tanto brasileiros como portugueses de nascimento que tinham vínculos econômicos, políticos e socioculturais fortes com a América. Um dos principais representantes foi José Bonifácio de Andrade e Silva.
O Partido Brasileiro tratou de se aproximar de D. Pedro I em sua luta contra a recolonização. O Partido Brasileiro acabou elaborando um documento que reuniu milhares de assinaturas, que pedia a permanência de D. Pedro I no Brasil e que o mesmo não se submetesse às ordens das Cortes Portuguesas.
Em 1821, as Cortes chamaram D. Pedro I de volta a Portugal. A recusa do Príncipe regente em obedecer, publicamente declarada em 09 de janeiro de 1822 (Dia do Fico). A simbologia da figura do “Grito do Ipiranga” não deve nos indicar erroneamente que a separação entre Brasil e Portugal foi um ato heroico, fruto da vontade de um príncipe impetuoso.
  

A tela foi pintada meio século após o acontecimento, com a tentativa de construir um passado comum entre os brasileiros, em meio ao processo de identificação do Brasil.
O processo pode ser balizado entre janeiro de 1822, com a inequívoca manifestação pública de D. Pedro, de que ficaria no Brasil, e março de 1824, quando é promulgada a primeira Constituição do Império do Brasil, sendo D. Pedro I Coroado Imperador.
Entre janeiro e setembro de 1822, D. Pedro I tomou uma série de decisões que desagradaram profundamente o governo de Portugal, como: convocar uma Assembleia Constituinte em junho, visando elaborar a lei básica, tratou de organizar uma Marinha de Guerra enquanto determinou o retorno à Lisboa de tropas portuguesas que estavam estacionadas no Brasil. Por fim, declarou que nenhuma lei portuguesa entraria em vigor sem sua autorização pessoal.
D. Pedro I recebeu correspondências da Cortes de Portugal, comunicando a anulação da Assembleia Constituinte por ele proposta em 07 de setembro de 1822. Foi no meio da viagem, portanto, que D. Pedro I declarou, oralmente, a independência do Brasil.
No Caso do Brasil, os primeiros países que reconheceram sua independência foram os Estados Unidos da América e o México. Thomas Jefferson, em pessoa, começou a fomentar a resistência aos impérios ibéricos ainda no inicio de 1786, quando se encontrou clandestinamente com um estudante brasileiro de Medicina, José Joaquim Maria e Barbalho, com o pseudônimo de “Vendek”, carregou consigo até 1822, uma cópia da declaração de independência elaborada em comum com Jefferson.
Trecho do livro A Independência e a Construção do Império, de Cecília Helena de Salles Oliveira (1995, p. 98-99)
No entendimento do grupo de Nogueira da Gama, assim como na concepção de José Bonifácio, a proposta separatista (entre Brasil e Portugal) estava profundamente vinculada à convicção de que construir a Independência do Brasil implicava a organização de um governo representativo, que ao mesmo tempo harmonizasse os interesses provinciais e garantisse o equilíbrio entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Havia o entendimento de que o Absolutismo monárquico e a legislação do Antigo Regime não mais respondiam à dinâmica Social.
A gravidade dos conflitos e a presença da população escrava faziam com que não acreditassem que o poder soberano da nação pudesse ser exercido pela Assembleia Legislativa, ao mesmo tempo, entendiam ser fundamental centralizar as decisões políticas nas mãos do príncipe e da Corte do Rio de Janeiro, base para a criação de um império. Defendiam, desse modo, a monarquia constitucional em que o povo tivesse asseguradas as liberdades civis e o direito de representação, estando formalmente protegido do arbítrio e do abuso de poder.
D. Pedro acabou sendo orientado política, administrativa e intelectualmente por José Bonifácio de Andrada e Silva e acabou abrindo caminho para a coroação como D. Pedro I.
Portugal reconheceu a independência brasileira somente após o pagamento de uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas, dinheiro esse que D. Pedro I conseguiu com empréstimo da Inglaterra.
A independência representou o corte dos laços políticos com a metrópole continuou ancorado numa elite aristocrática rural, com economia escravista.


REFERÊNCIAS
KLANOVICZ, Jó. História do Brasil Imperial. Indaial: Uniasselvi, 2010.

WIKIPEDIA. Transferência da corte portuguesa para o Brasil. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil>. Acesso Em 22/03/2017.

ROMANZOTI, Natasha. 10 Governantes completamente insanos. 2010. Disponível em: < http://hypescience.com/10-governadores-extremamente-insanos/>. Acesso em 22/03/2017.

PASSEIWEB. Brasil - A vinda da Família Real para o Brasil. Disponível em: <http://www.passeiweb.com/saiba_mais/fatos_historicos/brasil_america/vinda_da_familia_real>. Acesso em: 22/03/2017.

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