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terça-feira, 9 de maio de 2017

Sabinada



A SABINADA
Entre 1831 e 1833, movimentos de caráter federalista eclodiram em alguns pontos da Província da Bahia. Esses movimentos expressavam o descontentamento não só em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro, mas também um forte sentimento antilusitano, originado do fato de os portugueses controlarem quase que totalmente o comércio varejista, ocupando ainda cargos políticos, militares e administrativos.



Nos primeiros meses de 1831 manifestações contra os portugueses, considerados "inimigos" do povo, reivindicavam que fossem tomadas contra eles medidas que iam desde a deportação, até a proibição de andar armados, a demissão dos que exercessem emprego civil ou militar, e a extinção das pensões concedidas por D. João VI ou D. Pedro I.
A notícia da abdicação, em 7 de abril, fez com que os ânimos se acalmassem. Mas logo novas manifestações ocorreram. Além dos pronunciamentos que pregavam o antilusitanismo, a indisciplina militar, a destituição de oficiais portugueses, a partir de outubro de 1831 passava-se a aclamar "a Federação". Iniciava-se a crise federalista.
Em 1833, o descontentamento em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro podia ser percebido no ódio que os federalistas, defensores da autonomia provincial, devotavam a D. Pedro I e aos portugueses. Discursos como: "O ex-imperador, tirano do Brasil, será fuzilado em qualquer parte desta Província se acaso aparecer, e a mesma pena terão os que o pretenderem defender e admitir... ...todo cidadão brasileiro fica autorizado a matar o tirano ex-imperador D. Pedro I, como maior inimigo do Povo Brasileiro..."
Em 1837, com a renúncia do Regente Feijó, considerado incapaz de conter os movimentos contra o Governo Central, a insatisfação recrudesceu principalmente entre os militares e maçons da Província baiana. Todo o processo de instabilidade por que passava a Bahia, culminou com o início da Sabinada, revolta liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.
Ao contrário de outros movimentos do Período Regencial, não mobilizou as camadas menos favorecidas e nem conseguiu a adesão das elites da Província, sobretudo os grandes proprietários de escravos e de terras.

Sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada pela Lei Interpretativa que retirava as liberdades concedidas anteriormente aos governos provinciais. A revolta foi precedida por uma campanha desencadeada através de artigos publicados na imprensa, de panfletos distribuídos nas ruas, e de reuniões em associações secretas como a maçonaria.
O estopim da rebelião foi a fuga de Bento Gonçalves, foi  quando o governo regencial decretou recrutamento militar obrigatório para combater a Guerra dos Farrapos, que ocorria no sul do país.
Em novembro de 1837, os militares rebelaram-se, conseguindo a adesão de outros batalhões das tropas do Governo. Sob a liderança de Francisco Sabino e de João Carneiro da Silva Rego, os sabinos, conseguiram controlar a cidade de Salvador, por quase quatro meses. O presidente da Província e outras autoridades, ao perceberem que não possuíam mais poder sobre as tropas, fugiram. Os sabinos proclamaram uma República, em 7 de novembro de 1837, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro, assumisse o trono brasileiro.


No entanto, a Sabinada ficou isolada em Salvador. Os revoltosos não conseguiram expandir o movimento, pois não possuíam o apoio de outras camadas da população. A repressão veio logo: no início de 1838, tropas regenciais chegaram à Bahia. Após o bloqueio terrestre e marítimo de Salvador, as forças do Governo invadiram e incendiaram a cidade, obrigando os rebeldes a saírem de seus esconderijos. As tropas massacraram os sabinos. Entre revoltosos e integrantes das forças do governo, ocorreram mais de 2 mil mortes durante a revolta. Mais de 3 mil revoltosos foram presos. Assim, em março de 1838, terminava mais uma rebelião do período regencial.
Os que escaparam foram severamente punidos por um tribunal que, por sua grande crueldade, ficou conhecido como "júri de sangue".

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