A SABINADA
Entre 1831 e 1833, movimentos de caráter federalista
eclodiram em alguns pontos da Província da Bahia.
Esses movimentos expressavam o descontentamento
não só em relação à política centralizadora do Rio de Janeiro, mas
também um forte sentimento antilusitano, originado do fato de os portugueses
controlarem quase que totalmente o comércio varejista, ocupando ainda cargos
políticos, militares e administrativos.
Nos primeiros meses de 1831 manifestações contra os portugueses,
considerados "inimigos" do
povo, reivindicavam que fossem tomadas contra eles medidas que iam desde a deportação, até a proibição de andar armados, a demissão dos que exercessem emprego civil ou militar, e a extinção
das pensões concedidas por D. João VI ou D. Pedro I.
A notícia da abdicação, em 7 de abril, fez com que os ânimos se acalmassem. Mas logo novas manifestações ocorreram. Além
dos pronunciamentos que pregavam o antilusitanismo, a indisciplina militar, a
destituição de oficiais portugueses, a partir de outubro de 1831 passava-se a
aclamar "a Federação". Iniciava-se a crise federalista.
Em 1833, o descontentamento em
relação à política centralizadora do Rio de Janeiro podia ser percebido no ódio que os federalistas, defensores da
autonomia provincial, devotavam a D.
Pedro I e aos portugueses. Discursos como: "O ex-imperador, tirano do Brasil, será fuzilado em qualquer parte desta
Província se acaso aparecer, e a mesma pena terão os que o pretenderem defender
e admitir... ...todo cidadão brasileiro fica autorizado a matar o tirano
ex-imperador D. Pedro I, como maior inimigo do Povo Brasileiro..."
Em 1837, com a renúncia do Regente
Feijó, considerado incapaz de conter os movimentos contra o Governo Central,
a insatisfação recrudesceu principalmente entre os militares e maçons da
Província baiana. Todo o processo de
instabilidade por que passava a Bahia, culminou com o início da Sabinada,
revolta liderada pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.
Ao contrário de outros movimentos
do Período Regencial, não mobilizou as
camadas menos favorecidas e nem conseguiu
a adesão das elites da Província, sobretudo os grandes proprietários de
escravos e de terras.
Sob a Regência Una de Araújo Lima, via-se ameaçada pela Lei
Interpretativa que retirava as liberdades concedidas anteriormente aos governos
provinciais. A revolta foi precedida por uma campanha desencadeada através de artigos publicados na imprensa, de panfletos distribuídos nas ruas, e de reuniões em associações
secretas como a maçonaria.
O estopim
da rebelião foi a fuga de Bento Gonçalves, foi quando o governo regencial decretou
recrutamento militar obrigatório para combater a Guerra dos Farrapos, que ocorria no sul do país.
Em novembro de 1837, os militares
rebelaram-se, conseguindo a adesão de outros batalhões das tropas do Governo.
Sob a liderança de Francisco Sabino e de João Carneiro da Silva Rego, os sabinos, conseguiram controlar a cidade de Salvador, por
quase quatro meses. O presidente da
Província e outras autoridades, ao perceberem que não possuíam mais poder sobre
as tropas, fugiram. Os sabinos
proclamaram uma República, em 7 de novembro de 1837, que deveria durar até que D. Pedro de Alcântara, o príncipe herdeiro,
assumisse o trono brasileiro.
No entanto, a Sabinada ficou isolada em Salvador. Os revoltosos não conseguiram
expandir o movimento, pois não possuíam
o apoio de outras camadas da população. A repressão veio logo: no início de
1838, tropas regenciais chegaram à
Bahia. Após o bloqueio terrestre e
marítimo de Salvador, as forças do
Governo invadiram e incendiaram a cidade, obrigando os rebeldes a saírem de
seus esconderijos. As tropas massacraram os sabinos. Entre revoltosos e
integrantes das forças do governo, ocorreram mais de 2 mil mortes durante a
revolta. Mais de 3 mil revoltosos foram presos. Assim, em março de 1838,
terminava mais uma rebelião do período regencial.
Os que escaparam foram
severamente punidos por um tribunal que, por sua grande crueldade, ficou
conhecido como "júri de sangue".
Canais do Retro Games BR 3.0
Dica Express
Nenhum comentário:
Postar um comentário