Pesquise dentro do Blog!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

A Primeira Guerra Mundial e O Mundo Contemporâneo

A Primeira Guerra Mundial e O Mundo Contemporâneo

A História ou Idade Contemporânea compreende o espaço de tempo que vai da Revolução Francesa (1789) aos nossos dias.

A idade contemporânea está marcada, de maneira geral, pelo desenvolvimento e consolidação do regime capitalista no ocidente e, consequentemente, pelas disputas das grandes potências europeias por territórios, matérias-primas e mercados consumidores. Como consequências das disputas imperialistas, entre a última década do século XIX até a Primeira Guerra Mundial, os territórios da Ásia e da África foram subjugados pelas potências europeias, a América Latina se tornou área de influência dos Estados Unidos.

Desenvolvimento industrial e tecnológico, voltadas ao conforto e instrumentos para guerras.
A laicização do Estado consistiu basicamente na separação política entre Igreja e Estado.
A substituição do estado monárquico (governado por representantes da nobreza e da igreja), pelo estado republicano (governado por membros da sociedade civil).
Essa mudança teve origem na revolução burguesa do século XVIII.
A escola, a imprensa e as propagandas serviram para difundir um sentimento de identidade entre os habitantes de uma nação. A exaltação do sentimento nacional é chamada de nacionalismo. Na história contemporânea, as guerras agiram como fator incentivador do nacionalismo.


Primeira Guerra Mundial


O processo de migração do campo para a cidade foi outro fator importante, o desenvolvimento das cidades, a supremacia da tecnologia e o incentivo ao nacionalismo estão entre as características marcantes do tempo contemporâneo.
 Esses fatores são importantes para entendermos a “era da catástrofe” (HOBSBAWM, 2005): período entre 1914 e 1945; entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.


ANTECEDENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Os principais países imperialistas (países cuja forma de política visa à própria expansão, seja por meio de aquisição territorial, seja pela submissão econômica, política e cultural de outros Estados) foram, justamente, aqueles que se adiantaram no processo de industrialização.
  No mapa a seguir são apresentados os principais estados imperialistas, assim como suas possessões.



 Para o sucesso de uma economia capitalista baseada na produção industrial foi necessário: infraestrutura urbana; mão de obra suficiente/barata; mercado consumidor; e domínio de regiões fornecedoras de matérias-primas.
 Os conflitos imperialistas consistiram na disputa das potências europeias por regiões que forneciam matérias-primas para a indústria moderna. Essas mesmas regiões eram vistas também como mercados consumidores de produtos industrializados. A luta por território e por mercado levou os países imperialistas, por sua vez, a investir na produção e no armazenamento de armas e a criar mecanismos de proteção econômica: estratégias que tinham como objetivo impedir a importação, através da taxação de produtos estrangeiros. Esses fatores somados forneceram as bases para a guerra.

Também é importante apontar o papel do nacionalismo na guerra. O Nacionalismo exagerado (chauvinismo) agiu na construção do sentimento de ódio em relação ao inimigo estrangeiro.  Aliás, o episódio que desencadeou a Primeira Guerra Mundial – o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do império austríaco – foi organizado por um grupo de chauvinistas sérvios, que desejavam a anexação dos territórios eslavos dos Balcãs (Eslovênia e Croácia), então sob domínio do império Austro-Húngaro. Ferdinando foi morto em Sarajevo (Bósnia), em 28 de junho de 1914, pelo estudante Gavrilo Princip, membro do grupo nacionalista radical denominado “Mão Negra” ou “Unidade ou Morte”. Defendia o ideal pan-eslavista e lutava pelo fim das influências austríacas.


arquiduque Francisco Ferdinando
O nacionalismo emergiu como desdobramento da Revolução Francesa e da Era Napoleônica ou reação a elas, representando um movimento paralelo à ascensão da burguesia ao poder. A ideia de soberania nacional, de autonomia como expressão da liberdade e uma certa concepção romântica do povo. O nacionalismo potencializava os fatores etnográficos, linguísticos, religiosos e geográficos, e seu desenvolvimento, marcado por várias guerras, desgastou as estruturas regionais e supranacionais que ainda existiam no início do século XIX. De uma ideologia democrática e progressiva, o nacionalismo foi se tornando, gradativamente, numa concepção reacionária na Europa. As tradições inicialmente invocadas como formadoras de determinada identidade passaram a ser consideradas como traços da personalidade nacional. A emergência de um sentimento de superioridade coletiva serviu de instrumento para a opressão de minorias (um conceito que surgia com o nacionalismo).
O passado de cada nação era contado de forma a mostrar sua força e a união de seu povo. Desdobrava-se do nacionalismo a ideia de um inimigo externo (outra nação), encarado como responsável pelos problemas vividos pelo país. O Estado tinha então um importante papel a cumprir. A generalização da educação pública consolidou uma única língua nacional, construiu uma única história e, para tanto, utilizou-se de antigas mágoas e rivalidades. Era necessário forjar a noção da superioridade de um povo em relação ao outro e criar, em caso de derrotas passadas, o desejo da revanche.
Entre os movimentos nacionalistas anteriores à Primeira Guerra estavam o pan-eslavismo, o pangermanismo, e o revanchismo francês.

O pan-eslavismo foi um movimento político e cultural motivado pela Rússia que propunha a união de todos os povos eslavos (povos indo-europeus, originários da Europa central e oriental).

O pangermanismo, por sua vez, foi um movimento que objetivava reunir os povos germânicos sob uma mesma bandeira e um mesmo ideal. (Esse movimento foi responsável pela unificação da Alemanha no século XIX).

No “revanchismo francês” a França pretendia recuperar o território da Alsácia-Lorena (região rica em minério de ferro e carvão), perdido para a Alemanha na guerra Franco-Prussiana de 1870.

Os movimentos nacionalistas, somados à ideia de superioridade racial, serviram para legitimar as conquistas territoriais. Os novos colonizadores do século XIX acreditavam estar levando a “civilização”. Por outro lado, ao mesmo tempo em que os países imperialistas imprimiram sua política de conquista e expansão nacionalista e racista criaram, entre os povos conquistados, um sentimento de nacionalidade. Nesse sentido, o nacionalismo também pode nascer da resistência ao autoritarismo das nações colonizadoras.

AS ALIANÇAS ENTRE AS POTÊNCIAS MUNDIAIS

A Itália e a Alemanha foram umas das últimas nações imperialistas a passar pelo processo de unificação nacional. Enquanto a Inglaterra se unificou no século XVII e a França no século XVIII, a Itália e a Alemanha encerraram as lutas pela centralização política apenas no século XIX.
Em menos de uma geração, a Alemanha transformou-se de um conjunto de estados economicamente atrasados num país unificado e forte. Impulsionada pela indústria pesada, com uma base tecnológica muito avançada, a Alemanha adquiriu status de potência em poucos anos.
As manufaturas produzidas pela indústria alemã passaram a concorrer no mercado internacional com os produtos ingleses. O império alemão também investiu em uma poderosa marinha de guerra. Assim, sob o próspero desenvolvimento capitalista, a Alemanha se estruturou militarmente e procurou formar alianças para enfrentar a supremacia inglesa no mundo.


A Alemanha, unificada em 1871, formou um bloco político e militar com o império Austro-Húngaro e com a Itália (Tríplice Aliança), para combater a expansão da Rússia em direção ao Mediterrâneo, e as potências imperialistas “tradicionais”: Inglaterra e França. Essas duas nações, entretanto, uniram-se com a Rússia para combater a expansão germânica. Dessa aliança surgiu a Tríplice Entente.




O INÍCIO DA CATÁSTROFE: DOS BÁLCÃS PARA O MUNDO

Foi na Península Balcânica que se concentraram os conflitos que resultaram na declaração de guerra da Alemanha à Rússia, em 1º de agosto de 1914.
A conquista da Sérvia pela Áustria-Hungria foi uma estratégia para eliminar a influência da Rússia nos Bálcãs. Por isso, a ação austríaca foi apoiada pela Alemanha. A Rússia, temendo as alianças entre a Alemanha e a Áustria-Hungria, aliou-se com a França e a Inglaterra. O efeito foi desastroso.

Armou-se o ambiente explosivo! Qualquer faísca colocaria tudo pelos ares. Foi o que aconteceu: no dia 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando foi assassinado. Esse episódio colocou não apenas os austríacos contra os sérvios, mas também os alemães contra os russos, e não tardou para que outras potências, enquanto aliadas, entrassem na guerra.


A GUERRA DE TRINCHEIRAS
Em princípio, a guerra iniciada pelos alemães era para ter duração curta, como a guerra entre a França e a Prússia de 1870 a 1871. Para combater a Entente na frente ocidental, o marechal alemão Alfred Von Schlieffen decidiu por um ataque rápido contra a Bélgica e a França. Pelos seus cálculos, esse conflito não duraria mais que 40 dias. Porém, seu plano fracassou. A eficiente técnica de defesa das trincheiras adotada pelos franceses e belgas impediu a marcha apressada dos alemães.


 

Outra característica da Primeira Guerra Mundial foi o uso de armas químicas, como o temido “gás mostarda”, que queimava não apenas os pulmões, mas todo o corpo. Gases e lança-chamas foram usados na batalha de Verdun, a maior dessa guerra. Só nessa batalha se envolveram 2 milhões de soldados e a metade morreu.

O DESFECHO DA GUERRA
Entre 1914 e 1917, os norte-americanos foram os principais fornecedores de armas, alimentos e combustível aos estados aliados da Europa. Porém, com o bloqueio dos alemães nos portos da Grã-Bretanha e da França, o lucrativo comércio dos Estados Unidos foi interrompido. Foi assim, com a interrupção comercial forçada e com a saída da Rússia do conflito, que os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha em 1917.
Os longos quatro anos de guerra levaram os países envolvidos na guerra à exaustão. Boa parte da população masculina produtiva estava sendo exterminada nos campos de batalha. A Grande Guerra levou à morte oito milhões de soldados e nove milhões de civis. Sem contar os seis milhões de mortos por causa da gripe espanhola, e das vinte milhões de pessoas que ficaram inválidas. Outro dado importante é que a Primeira Guerra foi o primeiro conflito moderno com mais mortos civis que militares. Muitos combates se deram dentro das próprias cidades.
A longa duração do conflito levou os exércitos ao esgotamento físico e emocional. A fome foi o principal motivo de deserção entre as tropas e de morte entre os civis. Os suprimentos eram escassos nas cidades, por causa do bloqueio marítimo. Os submarinos alemães causaram verdadeiro terror nos mares. O bloqueio foi uma das principais estratégias da Primeira Guerra. Devido à longa duração da guerra, as pessoas ficaram meses, anos sem suprimentos. O bloqueio marítimo provocou uma verdadeira tragédia social.
O esgotamento de quatro anos de guerras acabou enfraquecendo a Alemanha e influenciando sua derrota em 1918. Em 18 de novembro de 1918 foi assinado, enfim, o armistício.
A Alemanha foi, por sua vez, a nação responsável pela guerra. Com o fim da guerra e a rendição da Alemanha e de seus aliados, as nações vencedoras reuniram-se na cidade francesa de Versalhes para assinar o tratado de paz. Antes, porém, um plano de paz foi proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1856-1924), mas não foi aprovado na íntegra, pois foi considerado muito “abstrato” e não previa uma punição para a Alemanha. Esse plano ficou conhecido como “Os 14 pontos de Wilson”.

Essa proposta, apesar de se basear no princípio de justiça entre as nações, não satisfez os interesses de ingleses e franceses. A Inglaterra não estava disposta a ceder sua supremacia nos mares e a França exigia uma reparação da Alemanha. Sob essas condições, o Tratado de Versalhes foi redigido sob a liderança dos vencedores: França, Inglaterra e Estados Unidos.
Entre os pontos aprovados no Tratado destacaram-se:
·         A criação da Liga das Nações.
·         A devolução do território da Alsácia-Lorena para a França.
·         A Alemanha deveria ceder seus territórios coloniais à Grã-Bratanha e à França e os territórios
·         invadidos deveriam ser devolvidos.
·         O exército alemão seria reduzido a 100 mil soldados e o país não poderia formar uma força
·         aérea. A marinha estava restrita a 15 mil militares e não poderia usar submarinos.
·         Os navios mercantes da Alemanha seriam confiscados pelas nações vencedoras,
·         principalmente pela França e pela Inglaterra.
·         A Alemanha deveria pagar 132 bilhões de marcos-ouro em trinta anos.

De fato, a Alemanha, segundo o Tratado de Versalhes, foi a única nação responsabilizada pela Grande Guerra. Além de ter de recompor seu país, tiveram que saldar suas dívidas com as nações vencedoras e reduzir drasticamente o contingente militar do país. Futuramente esse sentimento de humilhação contribuiu para que Adolf Hitler assumisse o governo da Alemanha na década de 1930. Acontecimento que acabou levando a Alemanha, a Europa e o mundo a uma nova e também catastrófica guerra mundial.


Destaques do Tópico:
Ø    As características gerais do tempo contemporâneo: a laicização do Estado; o desenvolvimento do sistema capitalista; as guerras imperialistas; o crescimento das cidades.

Ø    As duas guerras mundiais – Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – marcaram profundamente o século XX.

Ø    Os antecedentes da Primeira Guerra Mundial, chamada também de Grande Guerra: disputas imperialistas na África, Ásia e conflitos nacionalistas na Europa.

Ø    As alianças políticas para a guerra entre as potências tradicionais (Inglaterra, França e Rússia)
Ø    Tríplice Entente, e as novas potências (Alemanha, Itália e Áustria-Hungria) – Tríplice Aliança.

Ø    As principais características da Grande Guerra: batalhas de trincheiras; o uso de armas
Ø    químicas e a estratégia de bloqueio marítimo.

Ø    O Tratado de Versalhes foi uma imposição dos vencedores à Alemanha, que foi responsabilizada pela guerra.

REFERÊNCIAS:
Dauwe, Fabiano. Sayão, Thiago Juliano. História Contemporânea. Grupo Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial : UNIASSELVI,2009.

IMAGENS:

Mapa: VISENTINI, Paulo G; PEREIRA, Analúcia D. História do mundo contemporâneo: da Pax Britânica do século XVIII ao choque das civilizações do século XXI. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 95.





Canais do Retro Games BR 3.0
 
Canais do Aula de História na Web 3.0
 
 Dica Express
  http://blogdicaexpress.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...