Os Estados Unidos No Entreguerras e A Crise
Do Sistema Capitalista
Nos anos 1920, os Estados Unidos assumiram a
hegemonia econômica no mundo capitalista. Passaram de devedores a credores do
ocidente e o dólar tornou-se moeda universal. Além dos Estados Unidos
financiarem a reconstrução da Europa destruída na Grande Guerra, sua produção
industrial interna deu um grande salto.
FRENÉTICOS
ANOS 20
Foi justamente esse grande crescimento industrial
que propiciou uma falsa imagem de uma prosperidade eterna. Os salários aumentaram e cresceu também o consumo de bens duráveis, como
automóveis, geladeiras e rádios. No campo e na cidade houve um aumento da produção
com o trabalho mecanizado. A ordem era produzir uma grande quantidade para
abastecer um mercado de consumo de massa. O rádio e o cinema foram os
principais aliados na divulgação do “estilo
americano” de viver (“american way of life”), que se baseava no
consumo para o conforto e o bem-estar do indivíduo.
Esse crescimento espetacular colocou os Estados
Unidos muito adiante dos outros países capitalistas, elevando-os à condição de
primeira potência industrial do mundo.
Porém essa prosperidade mascarava a miséria, o
racismo, a discriminação social, enquanto o falso moralismo criava a lei seca e
lançava as bases para a gestação da criminalidade institucionalizada do gangsterismo
profissional. Nos anos 1920 entrou em vigor a “Lei Seca” (1919) que proibia a produção
e o consumo de bebidas alcoólicas. Essa
lei serviria como medida de repressão e
controle social, porém teve um efeito inverso. Incentivou o crime organizado e a prostituição. A intolerância aos estrangeiros também foi um fator presente na sociedade
norte-americana daquele período. Os americanos temiam perder os postos de
trabalho para os imigrantes europeus.
Apesar dos problemas sociais apontados, os anos 1920
ficaram marcados pela prosperidade material da sociedade norte-americana. Tanto
é que esse período é conhecido como “frenéticos anos 20”. O frenesi do
período pode ser relacionado ao consumo de automóveis.
É importante sublinhar, quatro fatores que foram
determinantes para o crescimento econômico norte-americano:
• A situação internacional favorável para as
exportações;
• O aumento do poder de consumo, devido ao aumento
dos salários;
• A baixa taxa de desemprego;
• E a expansão do crédito devido à grande soma de
recursos disponíveis;
Um dos principais marcos dessa época próspera é a
crescente do Jazz, como manifestação cultural da década. As mulheres copiavam
roupas e trejeitos das estrelas do cinema. Livre dos espartilhos, usados até o
final do século 19, a mulher começava a ter mais liberdade e já se permitia
mostrar as pernas, o colo e usar maquilagem.
A
CRISE DO LIBERALISMO E O CRASH DA BOLSA DE VALORES DE NOVA IORQUE
No final da mesma década, a quebra da bolsa de
valores de Nova Iorque (1929) assinalou um período de depressão econômica com
graves problemas sociais, provocados pelas demissões em massa.
Com o fim da guerra os países europeus começaram a se recompor
e voltaram a produzir, deixando aos poucos de importar mercadorias norte-americanas,
assim, caindo as exportações e o mercado interno estava
abarrotado de mercadorias devido à superprodução. No final da década de
1920, as empresas não tinham mais compradores para a grande produção
industrial. Houve a baixa dos preços das
mercadorias e o aumento das
demissões. Em 1930, o número de desempregados
saltou de 1,5 milhões para 15 milhões de pessoas, o que equivalia a 25% da
força de trabalho.
O espantoso crescimento dos anos iniciais da década
de 1920 gerou uma grande expectativa dos
investidores, que passaram a comprar
ações das grandes empresas norte-americanas. Esse otimismo tinha razão de
ser. Entre 1921 e 1929 a produção industrial cresceu 90%. Em 1929, os Estados
Unidos concentravam 45% da produção industrial do mundo.
A valorização das empresas foi sentida na alta do valor das ações. Porém, a
partir de 1928, o valor das ações não
acompanhou os lucros das empresas. Foi, então, que o aumento do valor dos
papéis passou a ser sustentado pela onda
especulativa. As ações tinham preços muito além de seu valor patrimonial ou
de sua capacidade de remunerar. Os investidores procuraram vender rapidamente
suas ações. Essa corrida para vender
ações levou a uma brusca queda dos preços. O dia 24 de outubro de 1929 é considerado a “quinta-feira negra”, quando houve o crack (quebra) na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O efeito da crise atingiu a
economia europeia e latino-americana, vindo a provocar a falência de empresas e
afetar a exportação.
A depressão assinalou, por sua vez, o declínio do
liberalismo econômico, teoria que defendia a regulação “natural” do mercado
(doutrina do laissez-faire). Segundo as teorias de Adam Smith o próprio
mercado agiria como uma benéfica “mão invisível”, impediria os interesses egoístas
dos homens e promoveria, através da concorrência, uma sociedade harmoniosa e justa.
Como forma de combate à depressão da década de 1930,
o presidente Franklin Delano Roosevelt lançou o New Deal (Novo Acordo),
programa que visava combater a crise através da intervenção do Estado na
economia. 3 estratégias:
Ø Medidas
financeiras;
Ø Combate
ao desemprego;
Ø Política
agrícola, industrial e de comércio exterior.
Foi criado também um banco voltado apenas para conceder
empréstimos a países estrangeiros. Para combater o desemprego, foi criado o seguro-desemprego, o salário
mínimo e definidas as jornadas diárias de trabalho Foi abolido
o trabalho infantil e o governo investiu
recursos em obras, como construção de estradas.
O governo também investiu na agricultura,
na indústria e no comércio exterior. Houve um incentivo para que os produtores vendessem suas
safras ao governo, para que este pudesse agir e regular o preço dos alimentos.
A soma dessas medidas governamentais não teve o
resultado esperado, mas o New Deal conseguiu controlar a recessão econômica Os governos ocidentais, fundados na
democracia liberal, não conseguiram resolver a crise socioeconômica do período.
Nesse contexto, a União Soviética era a
única nação que não sofrera os abalos da crise do capitalismo. Os olhos do
mundo voltaram-se para o leste da Europa. A elite europeia (industriais, banqueiros, grandes
comerciantes), temendo um avanço do socialismo, apoiou a formação de
governos autoritários.
Antes do século XVIII, o tipo mais comum de crise
era provocado pelo fracasso das colheitas, pela guerra ou por algum
acontecimento anormal e na atualidade é caracterizada não pela escassez, mas
pela superabundância. Nela, os preços, em vez de subirem, caem.
Contradição
insolúvel:
A análise de Marx se resume a isso: o capitalista
tem de manter os lucros conservando baixos salários; mas, com isso, destrói a
capacidade aquisitiva da qual depende a realização de lucros. Salários baixos
tornam possíveis os altos lucros, mas ao mesmo tempo tornam os lucros
impossíveis, porque reduzem a procura por mercadorias.
.
Destaques
do Tópico:
Ø Após
a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram o país mais
industrializado do mundo. A Europa perdeu, assim, sua hegemonia política e
econômica.
Ø No
período entreguerras (1919-1939), o sistema capitalista passou por uma grave
recessão econômica. Os Estados Unidos foi o país que mais sofreu com a crise.
Ø A
década de 1920 foi marcada pelo crescimento econômico norte-americano. Esse
período ficou conhecido como os “frenéticos anos 20”. Os lucros das empresas
aumentaram e a taxa de desemprego estava baixa. O consumismo é a principal
característica do “estilo de vida americano”.
Ø Na
década de 1930, os Estados Unidos enfrentaram uma profunda recessão econômica,
com altas taxas de desemprego. Em 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque
quebrou, levando milhares de empresas à falência.
Ø A
crise de superprodução do entreguerras, segundo Karl Marx, faz parte da própria
lógica do sistema capitalista..
REFERÊNCIAS:
Dauwe, Fabiano.
Sayão, Thiago Juliano. História
Contemporânea. Grupo Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial :
UNIASSELVI,2009.
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