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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Ocupação da Costa Africana e a Viagem de Vasco da Gama



OCUPAÇÃO DAS COSTA AFRICANA E A VIAGEM DE VASCO DA GAMA

O marco inicial da ocupação da costa africana foi a conquista de Ceuta, localizada no norte da África (atual Marrocos), em 1415. Foi a partir deste entreposto que os portugueses levaram adiante seu projeto de ocupação e conquista da costa africana ocidental das Ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde e São Tomé.
 O reconhecimento da costa ocidental africana levou 53 anos, da ultrapassagem do Cabo Bojador por Gil Eanes (1434) até a temida passagem do Cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias (1487). A partir da entrada no Oceano Índico, foi possível a chegada de Vasco da Gama à Índia, depois os portugueses alcançaram a China e o Japão.
Os portugueses, no processo de colonização da costa, não procuraram penetrar no continente, a intenção dos mesmos era estabelecer diversas feitorias (postos fortificados e de comércio) com o objetivo de efetuar trocar e comercializar produtos com os nativos. Isso indica a existência de uma situação em que as trocas eram precárias, exigindo uma garantia das armas. A parte comercial era dirigida por um agente chamado feitor. Cabia a ele fazer compras de mercadorias dos chefes ou mercadores nativos e estoca-las, até que fossem recolhidas pelos navios.


 A Coroa organizou o comércio africano, estabelecendo o monopólio real sobre as transações com ouro, obrigando a cunhagem de moeda em uma Casa da Moeda e criando também, por volta de 1481, a Cada da Mina ou Casa da Guiné, como uma alfândega especial para o comércio africano. Da costa ocidental da África, os portugueses levaram ouro em pó, marfim, variedades de pimenta e, a partir de 1441, escravos. No começo utilizados para trabalhos domésticos e ocupações urbanas.
 Com relação à colonização das ilhas, desde o início os portugueses enviaram colonos para o seu efetivo povoamento, além de incentivar a criação de carneiros e o cultivo da cana-de-açúcar, trigo e vinhas. Desta forma, desde a 1ª metade do século XV, as ilhas se transformaram em importantes colônias avançadas da expansão marítima portuguesa.
O processo de colonização das ilhas daria experiência aos portugueses que iriam adaptar as estratégias de colonização das ilhas ao processo de povoamento e colonização do Brasil.
Nas ilhas do Atlântico, os portugueses realizaram experiências significativas de plantio de grande escala, empregando trabalho escravo. Após disputar com os espanhóis e perder para eles a posse das Ilhas Canárias. Na ilha da Madeira havia o cultivo tradicional do trigo, ao mesmo tempo surgiam plantações de cana-de-açúcar, incentivadas por mercadores e agentes comerciais genoveses e judeus, baseadas no trabalho escravo.
Entre os anos de 1421 e 1434, mais de 15 expedições portuguesas fracassaram diante do objetivo de ultrapassar o cano Bojador, o cabo forçava os navegadores a se afastarem da costa, o que na época era aterrorizante, pois os mesmos achavam que lá habitavam seres diabólicos.
Dezenas de expedições foram organizadas e em 1444 o navegador Gil Eanes trouxe da África o 1º “carregamento” de escravos, cerca de 200, essa “carga” propiciava um bom lucro aos cofres da Coroa. Depois de 1445, os portugueses chegaram a regiões mais ricas da costa africana, e a partir daí seu comércio prosperou.
O rei de Portugal D. João II construiu fortificações para proteger o comércio português na costa da África. O avanço naval em direção ao sul foi mantido por Diogo Cão que atingiu a foz do Rio Congo entre 1480 e 1484.
Era necessário superar um grande desafio, ultrapassar o Cabo das Tormentas que mais tarde será chamado de Cabo da Boa Esperança.
O projeto sob o comando de Bartolomeu Dias envolvia 3 navios, 2 caravelas e 1 navio de abastecimento. Os navios de Dias enfrentaram uma tempestade que os levou para longe da costa, rumo ao sul, em mar aberto. Ao terminar a tempestade, Dias ordenou que seus navios tomassem rumo leste, em busca da costa africana. Após velejar 700 quilômetros sem encontrar terra, Dias determinou uma rota para o norte.

Ele acompanhou a costa, que se desdobrava rumo nordeste, Dias queria prosseguir, mas seus comandados recusaram-se. Localizando o navio de abastecimento (que havia se perdido), no retorno pela África, as duas caravelas de Dias encaminharam-se a Portugal, onde chegaram em dezembro de 1488, 16 meses e meio depois da partida.
Entre o retorno de Dias, 1488, e a expedição de Vasco da Gama, a primeira a chegar à Índia em 1498, decorreram 9 anos. Nesse meio tempo, houve ainda o envolvimento de Portugal numa disputa diplomática com os espanhóis sobre os territórios descobertos por Colombo, resolvida em 1494, pelo Tratado de Tordesilhas. Mas talvez o verdadeiro motivo do atraso dos portugueses tenha sido a realização de “expedições secretas” para traçar melhores rotas de navegação pelo Atlântico Sul. Isso pode ser deduzido pelo trajeto que Vasco da Gama viria a percorrer, não acompanhando a rota da costa africana utilizada pelos navios de comércio portugueses, mas penetrando profundamente no Atlântico.


A VIAGEM DE VASCO DA GAMA: CAMINHO ATÉ AS ÍNDIAS

A pós dos anos de preparativos, finalmente a expedição de Vasco da Gama rumo ás Índias deixava Portugal e abriria uma rota comercial sem precedentes na história do comércio europeu com o oriente.
Outro fator que agrega importância a esta expedição é o fato de que após a sua realização será organizada uma segunda expedição comandada por Pedro Álvares Cabral, que culminaria na descoberta do Brasil.
 Vasco da Gama recorreu à experiência dos navegadores anteriores, seguindo á risca os conselhos de Bartolomeu Dias. Navegar nesta região era muito difícil, foi necessário que Vasco da Gama contratasse um piloto muçulmano, Ibm Madij, o mais brilhante dos navegadores árabes, e que gozava da fama de ser o homem que mais conhecia o Mar Vermelho e o Oceano Índico.
 Os portugueses atingiram as Índias depois de um esforço de 70 anos, a intenção de abrir o oriente ao comercio europeu, destruindo assim os diversos monopólios comerciais que predominavam na época. Os portugueses foram extremamente criteriosos nas suas expedições.
As especiarias, que tanto procuravam eram artigos não encontrados comumente nas regiões da Europa e de alto valor, a palavra é de origem latina e significa especia, termo usado pelos médicos para designar substância. O termo ganhou depois o sentido de substância muito ativa, muito cara. São consideradas especiarias: A noz-moscada, o gengibre, a canela, o cravo e a pimenta (e suas derivações), que permitia conservações dos alimentos, principalmente da carne.
 A Europa Ocidental da Idade Média foi uma civilização carnívora. A carne era armazenada e precariamente conservada com sal, pela defumação ou simplesmente pelo sol. Esses processos deixavam os alimentos intragáveis, e a pimenta servia para disfarçar o que tinham de desagradável.
Em função desta importância, os portugueses investiram muitos recursos, materiais e humanos no processo de abertura de uma rota com o oriente.
A expedição de Vasco da Gama fez contato com Calicute, na Índia, porém ela não foi bem recebida pelos governantes locais. “Gama voltou á Lisboa em 1499, com 2 dos 4 navios e 55 dos 170 homens, sem ter obtido a amizade de Samorim (Rajá, governante local), que significaria a permissão de instalar um posto comercial na cidade”.

DIFICULDADES NAS ÍNDIAS

Nos portos da costa oriental da África, os habitantes, muçulmanos, e particularmente os comerciantes árabes, cientes dos objetivos e das consequências que podem resultar para eles, manifestam para com os portugueses uma franca hostilidade.
 Vasco da Gama é forçado a constatar que o espaço controlado pelo Islã é muito mais considerável do que a opinião comum admitia: regiões inteiras da Índia estão nas mãos dos muçulmanos. Gama descobre que as práticas comerciais a que os portugueses se habituaram nas costas africanas, isto é, a troca de quinquilharias por objetos de valor, não tem eficácia no território indiano. O investimento será, portanto, mais pesado que o previsto.
 Após muitas dificuldades, os portugueses conseguem negociar. Pimenta, canela, gengibre e cravo são embarcados nos 3 navios maiores, em grande quantidade. O regresso se realiza em condições penosas. Perde 2 dos 4 navios. A tripulação, esgotada, é acometida pelo escorbuto. Os sobreviventes chegam à Lisboa em agosto de 1499; os custos da expedição são cobertos 60 vezes pela venda das especiarias. A missão trouxe a prova de que a Índia podia ser alcançada pela África e as especiarias entregues ao Ocidente sem a intermediação dos mercadores muçulmanos.
 Caberia ao rei de Portugal organizar outra expedição, ainda maior, para fortalecer o contato com Calicute. O comandante desta expedição seria Pedro Álvares Cabral.

REFERÊNCIAS
SOUZA, Evandro José. SAYÃO, Thiago Juliano. História do Brasil colonial. Indaial: Uniasselvi. 2011.

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