RENASCIMENTO
COMERCIAL E URBANO
CONCEITO
DE RENASCIMENTO
O
Termo renascimento tem uma carga ideológica muito grande, foi criado no século
XIX, referia-se à transformação cultural, como uma ruptura com o passado
medieval. Posteriormente, alguns críticos apontaram que o período do
renascimento foi também o das guerras religiosas, da corrupção na igreja e da
inquisição. Nessa Perspectiva, seria uma época de decadência, pois as
instituições medievais estavam caindo, a economia europeia estava em recessão e
as pessoas buscavam em culturas antigas as referências para as incertezas do
mundo.
O
RENASCIMENTO COMO PERÍODO HISTÓRICO
Um processo histórico ocorrido entre os
séculos XII e XVI, no qual a cultura greco-romana foi descoberta pela sociedade
da Europa Ocidental e a profunda influência que causou deixou marcas em todas
as áreas do conhecimento, no sentido cultural e artístico.
O
renascimento foi, em termos gerais, um período de enormes transformações na
cultura e na sociedade europeias. Politicamente, foi o período histórico
caracterizado pela perda da hegemonia da igreja católica e da consolidação de
estruturas políticas mais amplas do que os feudos – as Cidade-estado no norte
da Itália e na Alemanha e os estados-nação no restante do Continente Europeu. O
comercio ressurgiu, o que levou ao desmonte do feudalismo, à busca de novos
mercados e à exploração das colônias.
O
RENASCIMENTO COMERCIAL
CONHECENDO
A ECONOMIA FEUDAL
Os primeiros séculos da Idade Média foram de
caos. A desordem nas cidades, a crise do Estado Romano, os constantes ataques
de bárbaros, tudo contribuía para que a sociedade regredisse, econômica e
demograficamente. Um novo poder baseado na lealdade permitiu a segurança
necessária para que a população da Europa retomasse o seu crescimento, a partir
do século X.
Feudo,
termo de origem germânica e latina que significa “bem dado em troca”. Durante a
Idade Média, o principal bem que alguém poderia possuir era a terra. Os
senhores dessas terras eram os aristocratas. Aquele que doava o feudo passava a ser chamado de Suserano e aquele que recebia
passava a chamar-se de Vassalo.
Um Bispo do século XI, chamado Adalberón de Laon, resumiu em um poema a
visão clerical da estrutura da sociedade feudal: havia os que oravam (clero),
os que lutavam ( a nobreza e os demais aristocratas) e os que trabalhavam
(camponeses). Alterar essa ordem seria o mesmo que ir contra a vontade de Deus.
Os senhores de terra formavam o primeiro grupo
de leigos (que não faziam parte do clero) das áreas rurais. Dentro desse grupo
havia os nobres, os grandes senhores, os senhores menores e os cavaleiros. Eles
cuidavam da Justiça e da vigilância dos servos a ele subordinados.
Entre os camponeses havia os servos, os vilões
e os escravos:
·
Servos:
Camponês que estava preso à terra, em troca de proteção e do direito de
usufruir da terra, fazia, também, várias outras tarefas, como consertar pontes,
estradas etc. Ainda pesavam sobre eles diversos, e pesados, impostos e taxas.
·
Vilões
Eram camponeses livres que viviam nas vilas. Eles se originaram dos
trabalhadores livres do Império Romano que conseguiram adquirir pequenos lotes
de terra.
·
Escravos:
A escravidão era pequena e restrita. Os poucos escravos trabalhavam,
geralmente, nos afazeres domésticos dos castelos senhoriais.
A Propriedade agrícola senhorial era
chamada de Senhorio, os senhorios dividiam-se em manso senhorial, manso servil
e terras comunais (ou mansos comunais):
Manso
Senhorial: As terras do manso senhorial eram de
utilização exclusiva do senhor feudal. Porém, os servos eram convocados para
trabalharem de 2 a 3 dias por semana nesta terra, sendo que toda produção era
destinada ao senhor feudal.
Manso servil: Eram as terras destinadas ao uso dos servos
(camponeses do feudo). Os servos não eram proprietários destas terras, mas apenas
usavam e delas deveriam tirar o sustento da família e também pagar as taxas e
impostos ao senhor feudal. A condição de servo passava de pai para filho, assim
como o direito de usar estas terras.
Terras comunais (Mansos Comunais): Área do feudo de uso coletivo.
Eram os bosques, florestas e pastos. Porém, dependendo do feudo existiam regras
para sua utilização. Em muitos locais da Europa, era comum a proibição da caça
realizada por servos em terras comunais. Os servos podiam levar seus animais
para pastarem nestas
Os servo produziam para abastecer toda a
sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, como:
·
Corveia:
Os servos deviam cultivar a terra da reserva senhorial, sem ganhar nada por
isso;
·
Talha:
Os servos entregavam ao senhor uma parte do que produziam, em geral de 30% a
40%;
·
Banalidades:
Para utilizar as instalações da reserva senhorial, como forno e o moinho, os
servos entregavam ao senhor uma parte da produção.
Como o tempo o crescimento populacional passou
a ser um problema. A necessidade de aumento da produção esbarrava nas técnicas
primitivas. A divisão dos feudos entre muitos herdeiros resultou em
propriedades cada vez menores. Com o tempo a divisão entre todos os herdeiros
se tornou inviável, e eles passaram a ser entregues somente aos primogênitos.
Isto gerou uma massa de nobres sem terra; muitos entraram para a igreja (sem
vocação), outros se tornaram cavaleiros.
AS
CRUZADAS E A ABERTURA DO COMERCIO
Nesse clima de incertezas políticas e de crise
da estrutura feudal tradicional, organizaram-se expedições militares que tinham
por objetivo conquistar as terras da Palestina. Para a Igreja católica, era uma
missão ditada pela necessidade de remover os infiéis muçulmanos da região; para
os cavaleiros, uma excelente oportunidade de conseguirem terras e recuperarem,
assim, sua condição de senhores feudais.
A
I Cruzada conseguiu seu objetivo e estabeleceu um reino cristão em Jerusalém em
1099. A conquista teve o efeito de abrir o Mar Mediterrâneo aos comerciantes
das Cidades Italianas. No entanto, os Muçulmanos reagiram e, cerca de 200 anos
depois, todos os domínios cristãos na Palestina haviam sido reconquistados.
As cruzadas passaram a ser favoráveis às
expedições comerciais, ao promover entre os europeus o interesse pelos novos
produtos que encontraram no mundo muçulmano, o marfim (sul do Saara) a seda
(china) e especiarias (Índia e Ceilão).
UM
MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
A
partir de então, a região do norte da Itália foi palco de um enorme
desenvolvimento comercial, comandado por Veneza e suas rivais Gênova e Pisa. Ao
mesmo tempo, surgiram possibilidades comerciais no norte da Europa. A Liga
Hanseática, que chegou a reunir cerca de 100 cidades nos mares Báltico e do
Norte, onde os comerciantes passaram a se encontrar com os do sul da planície
de Chapagne, para trocar suas mercadorias, assim, surgiram grandes feiras que
atraíam mercadores de todas as partes do mundo conhecido.
O
RENASCIMENTO URBANO
Essas feiras atraiam, também, diversos tipos
de artesãos e trabalhadores especializados. Começam a surgir os burgos,
estruturas urbanas, com todos os serviços necessários para abastecer as feiras.
Mas o crescimento das novas cidades – os
burgos – era dificultado pelas antigas práticas feudais. O território onde as
cidades surgiram estava, inicialmente sob os domínios de alguns senhores e,
portanto, a cidade devia obrigações feudais a eles.
Os moradores dos burgos, os burgueses, lutaram
para alterar essas regulamentações, adaptando-as aos seus interesses. Com o
tempo as cidades conseguiram ampliar sua autonomia, e algumas se tornaram
completamente livres – como as cidade-Estado do norte da Itália (Florença e
Pisa) e de Flandres (Antuérpia, Bruges), poderosos centros comerciais e
financeiros que tinham seus governos próprios.
A
Igreja tinha papel fundamental na regulação da vida diária das pessoas, e
muitos se sentiam desestimulados de realizar algumas atividades porque a igreja
as condenava expressamente (uma das razões do movimento protestante).
UMA
NOVA LÓGICA ECONÔMICA
OS
BANQUEIROS X USURA
Durante o período feudal, as transações
financeiras eram raras: o dinheiro praticamente não circulava. A Igreja
Católica considerava que, num caso desses, seria completamente imoral a
cobrança de juros sobre o empréstimo, pois fazer isso seria tirar vantagem da
desgraça alheia, o que era considerado um pecado grave.
Quando o comércio ressurgiu, a lógica
econômica mudou. A Partir desse momento o dinheiro não ficava mais guardado:
muito pelo contrário, era posto para circular, e assim permitia o surgimento de
grandes investimentos e enormes fortunas. O dinheiro se tornou uma mercadoria
tão valiosa que alguns passaram a viver de negociar com ele, tornando-se
banqueiros, agiotas e financistas.
A
cobrança de juros tem algumas justificativas, como: se o dinheiro tivesse
ficado na mão do credor, renderia dividendos, por isso era justo que o devedor
compensasse esse rendimento perdido quando pagasse o empréstimo. Além disso,
para compensar o risco de o credor perder todo o dinheiro investido por outra
pessoa, ele precisava receber um valor maior que o emprestado.. A Igreja
Católica demorou a aceitar essa prática, e em parte é por isso que a maioria
dos grandes comerciantes e banqueiros do final da Idade Média eram Judeus.
A
PESTE E AS REVOLTAS COMPONESAS
A
medida que as transações comerciais se tornavam mais comuns, os camponeses
ganharam uma possibilidade de se livrarem da dominação feudal. Vendendo parte
do excedente da produção podiam as vezes pagar ao senhor a libertação de suas
obrigações. Livres, muitas vezes, iam para as pequenas aldeias que surgiam em
toda a parte, ou para as grandes cidades.
Entre os anos de 1348 e 1350, uma epidemia
terrível assolou a Europa e contribuiu para acelerar a decadência do
feudalismo. A chamada Peste Negra
Matou cerca de um terço da população Europeia. A doença é transmitida ao ser
humano por meio de pulgas contaminadas que alojam-se nos ratos.
Os primeiros casos da Peste Negra parecem ter
ocorrido na China, no início do século XIV. Em pouco tempo essa peste dizimou
populações desde à Ásia Central até Constantinopla, acompanhando as rotas
comerciais ao Ocidente.
Devido às más condições de higiene na época,
os ratos infestavam as casas, onde as pulgas picavam seres humanos e animais.
Na mentalidade religiosa da época, as doenças eram vistas como castigos
divinos.
A
peste encontrou um campo fértil para se propagar também por causa da fome. O
esgotamento do solo, as violentas chuvas que castigaram a Europa em 1314 e 1315
e o clima mais frio foram as principais razões das más colheitas. A epidemia
encontrou uma população desnutrida e com o organismo com baixa resistência
contra doenças.
A
Peste Negra provocou a destruição de comunidades inteiras e um grave
desequilíbrio social e econômico, com a redução nas atividades econômicas e o
desabastecimento, tanto no campo, quanto na cidade, promovendo mais miséria.
Com a diminuição de trabalhadores, os senhores
tentaram frear o processo de libertação dos servos feudais. O resultado desse
processo foi o surgimento de inúmeras rebeliões camponesas, que comprometeram
ainda mais a autoridade senhorial, destacando as Jacqueries, na França.
JACQUERIES
Inicialmente, um movimento espontâneo dos
camponeses explorados, as Jacqueries evoluíram para a contestação armada ao
poder dos nobres, com o objetivo puro e simples de exterminar a nobreza.
As revoltas ocorreram nas regiões francesas da
Picardia e da Provença e nas áreas em torno de Paris, em 1358. Os camponeses
queimaram castelos e assassinaram senhores. Os nobres apelidavam os camponeses
de “Jacques Bonhomme”, uma espécie de “joão Ninguém”. A Revolta foi reprimida e
mais de 20 mil camponeses foram massacrados.
AS
CORPORAÇÕES DE OFÍCIO
Com o crescimento das cidades, as atividades
industriais e artesanais tomaram um novo impulso, com dezenas de trabalhadores
especializados em cada atividade. Seria, então, mais vantajoso que eles se
organizassem para garantir seus direitos em comum. Surgiram, assim, as
corporações de ofício (ou Guildas), que reuniam todos os trabalhadores de uma
mesma atividade, fossem eles mestre, aprendizes ou jornaleiros (trabalhadores
que recebiam por jornada diária). As principais atribuições das corporações de
ofício eram garantir o monopólio da produção e da venda de seus produtos na
cidade ou região.
Havia regulamentações Específicas sobre como
produzir, e ninguém que não fizesse parte da corporação tinha autorização para
trabalhar em uma cidade ou lá vender seus produtos.
A
ALIANÇA ENTRE REI E BURGUESIA
Ao Viajar de uma região para outra, os
comerciantes precisavam às vezes pagar dezenas de pedágios, cobrados por
senhores feudais, e defender-se de ataques de ladrões e dos próprios senhores.
Para Diminuir os problemas, era muito
vantajoso aos comerciantes uma aliança política com alguns senhores mais
fortes, para que estes garantissem a sua segurança contra os demais senhores.
Em troca da segurança para a realização das feiras, os comerciantes pagariam
impostos a esses senhores, que poderiam com isso melhorar ainda mais o serviço
prestado a eles e , assim, recolher ainda mais impostos. Dessa maneira, alguns
senhores foram conquistando os territórios vizinhos e, aos poucos, diminuindo a
fragmentação política do continente. Agora havia regiões muito maiores, nas
quais as estradas eram mais bem cuidadas, os pesos e as medidas eram
padronizadas e os comerciantes tinham o direito de se instalarem.
Um dos resultados do acúmulo de dinheiro foi a
inflação, que trouxe consequências muito distintas para cada grupo.
Quanto mais dinheiro havia em circulação na
Europa, mais ele se desvalorizava (por ser uma mercadoria comum). Os que viviam
de rendas, como os senhores feudais, perdiam muito com esse processo, pois não
podiam ajustar os seus rendimentos de acordo com a inflação. Já os reis, por
terem a máquina de coleta de impostos, lhe conferiam uma parcela de riqueza
crescente. Cresciam as oportunidades de aumentar seu poder militar. O homem que
tinham à sua disposição os impostos de todo um país estava em situação de
contratar mais guerreiros do que qualquer outro; pela mesma razão, tornava-se
menos dependente dos serviços de guerra que o vassalo feudal era obrigado a
prestar-lhe em troca da terra que fora agraciado.
CONCLUSÕES
DO CAPÍTULO:
Neste capítulo conseguimos ver a “evolução”
econômica da Europa na época, da crise do sistema feudal, excesso populacional,
ressurgimento das transações comerciais – com dinheiro - a peste negra, as
revoltas camponesas, a formação dos burgos e, consequentemente, das corporações
de ofício.
NO PRÓXIMO POST
O RENASCIMENTO CULTURAL E ARTÍSTICO (BREVE CONTEXTO)
Referências Extras/ Imagens
APOLINÁRIO, Maria
Raquel. 2007, São Paulo, Editora Moderna, PROJETO ARARIBÁ – HISTÓRIA 7º ANO.
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