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terça-feira, 26 de julho de 2016

Renascimento Comercial E Urbano

RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
CONCEITO DE RENASCIMENTO
 O Termo renascimento tem uma carga ideológica muito grande, foi criado no século XIX, referia-se à transformação cultural, como uma ruptura com o passado medieval. Posteriormente, alguns críticos apontaram que o período do renascimento foi também o das guerras religiosas, da corrupção na igreja e da inquisição. Nessa Perspectiva, seria uma época de decadência, pois as instituições medievais estavam caindo, a economia europeia estava em recessão e as pessoas buscavam em culturas antigas as referências para as incertezas do mundo.

O RENASCIMENTO COMO PERÍODO HISTÓRICO
Um processo histórico ocorrido entre os séculos XII e XVI, no qual a cultura greco-romana foi descoberta pela sociedade da Europa Ocidental e a profunda influência que causou deixou marcas em todas as áreas do conhecimento, no sentido cultural e artístico.
 O renascimento foi, em termos gerais, um período de enormes transformações na cultura e na sociedade europeias. Politicamente, foi o período histórico caracterizado pela perda da hegemonia da igreja católica e da consolidação de estruturas políticas mais amplas do que os feudos – as Cidade-estado no norte da Itália e na Alemanha e os estados-nação no restante do Continente Europeu. O comercio ressurgiu, o que levou ao desmonte do feudalismo, à busca de novos mercados e à exploração das colônias.

O RENASCIMENTO COMERCIAL
CONHECENDO A ECONOMIA FEUDAL
 Os primeiros séculos da Idade Média foram de caos. A desordem nas cidades, a crise do Estado Romano, os constantes ataques de bárbaros, tudo contribuía para que a sociedade regredisse, econômica e demograficamente. Um novo poder baseado na lealdade permitiu a segurança necessária para que a população da Europa retomasse o seu crescimento, a partir do século X.
 Feudo, termo de origem germânica e latina que significa “bem dado em troca”. Durante a Idade Média, o principal bem que alguém poderia possuir era a terra. Os senhores dessas terras eram os aristocratas. Aquele que doava o feudo passava a ser chamado de Suserano e aquele que recebia passava a chamar-se de Vassalo.
 Um Bispo do século XI, chamado Adalberón de Laon, resumiu em um poema a visão clerical da estrutura da sociedade feudal: havia os que oravam (clero), os que lutavam ( a nobreza e os demais aristocratas) e os que trabalhavam (camponeses). Alterar essa ordem seria o mesmo que ir contra a vontade de Deus.
 Os senhores de terra formavam o primeiro grupo de leigos (que não faziam parte do clero) das áreas rurais. Dentro desse grupo havia os nobres, os grandes senhores, os senhores menores e os cavaleiros. Eles cuidavam da Justiça e da vigilância dos servos a ele subordinados.
 Entre os camponeses havia os servos, os vilões e os escravos:
·                    Servos: Camponês que estava preso à terra, em troca de proteção e do direito de usufruir da terra, fazia, também, várias outras tarefas, como consertar pontes, estradas etc. Ainda pesavam sobre eles diversos, e pesados, impostos e taxas.
·                    Vilões Eram camponeses livres que viviam nas vilas. Eles se originaram dos trabalhadores livres do Império Romano que conseguiram adquirir pequenos lotes de terra.
·                    Escravos: A escravidão era pequena e restrita. Os poucos escravos trabalhavam, geralmente, nos afazeres domésticos dos castelos senhoriais.
A Propriedade agrícola senhorial era chamada de Senhorio, os senhorios dividiam-se em manso senhorial, manso servil e terras comunais (ou mansos comunais):
Manso Senhorial: As terras do manso senhorial eram de utilização exclusiva do senhor feudal. Porém, os servos eram convocados para trabalharem de 2 a 3 dias por semana nesta terra, sendo que toda produção era destinada ao senhor feudal.
 Manso servil: Eram as terras destinadas ao uso dos servos (camponeses do feudo). Os servos não eram proprietários destas terras, mas apenas usavam e delas deveriam tirar o sustento da família e também pagar as taxas e impostos ao senhor feudal. A condição de servo passava de pai para filho, assim como o direito de usar estas terras.
 Terras comunais (Mansos Comunais): Área do feudo de uso coletivo. Eram os bosques, florestas e pastos. Porém, dependendo do feudo existiam regras para sua utilização. Em muitos locais da Europa, era comum a proibição da caça realizada por servos em terras comunais. Os servos podiam levar seus animais para pastarem nestas
Os servo produziam para abastecer toda a sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, como:
·                    Corveia: Os servos deviam cultivar a terra da reserva senhorial, sem ganhar nada por isso;
·                    Talha: Os servos entregavam ao senhor uma parte do que produziam, em geral de 30% a 40%;
·                    Banalidades: Para utilizar as instalações da reserva senhorial, como forno e o moinho, os servos entregavam ao senhor uma parte da produção.

 Como o tempo o crescimento populacional passou a ser um problema. A necessidade de aumento da produção esbarrava nas técnicas primitivas. A divisão dos feudos entre muitos herdeiros resultou em propriedades cada vez menores. Com o tempo a divisão entre todos os herdeiros se tornou inviável, e eles passaram a ser entregues somente aos primogênitos. Isto gerou uma massa de nobres sem terra; muitos entraram para a igreja (sem vocação), outros se tornaram cavaleiros.

AS CRUZADAS E A ABERTURA DO COMERCIO
 Nesse clima de incertezas políticas e de crise da estrutura feudal tradicional, organizaram-se expedições militares que tinham por objetivo conquistar as terras da Palestina. Para a Igreja católica, era uma missão ditada pela necessidade de remover os infiéis muçulmanos da região; para os cavaleiros, uma excelente oportunidade de conseguirem terras e recuperarem, assim, sua condição de senhores feudais.
 A I Cruzada conseguiu seu objetivo e estabeleceu um reino cristão em Jerusalém em 1099. A conquista teve o efeito de abrir o Mar Mediterrâneo aos comerciantes das Cidades Italianas. No entanto, os Muçulmanos reagiram e, cerca de 200 anos depois, todos os domínios cristãos na Palestina haviam sido reconquistados.
 As cruzadas passaram a ser favoráveis às expedições comerciais, ao promover entre os europeus o interesse pelos novos produtos que encontraram no mundo muçulmano, o marfim (sul do Saara) a seda (china) e especiarias (Índia e Ceilão).

UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
 A partir de então, a região do norte da Itália foi palco de um enorme desenvolvimento comercial, comandado por Veneza e suas rivais Gênova e Pisa. Ao mesmo tempo, surgiram possibilidades comerciais no norte da Europa. A Liga Hanseática, que chegou a reunir cerca de 100 cidades nos mares Báltico e do Norte, onde os comerciantes passaram a se encontrar com os do sul da planície de Chapagne, para trocar suas mercadorias, assim, surgiram grandes feiras que atraíam mercadores de todas as partes do mundo conhecido.

O RENASCIMENTO URBANO
 Essas feiras atraiam, também, diversos tipos de artesãos e trabalhadores especializados. Começam a surgir os burgos, estruturas urbanas, com todos os serviços necessários para abastecer as feiras.
 Mas o crescimento das novas cidades – os burgos – era dificultado pelas antigas práticas feudais. O território onde as cidades surgiram estava, inicialmente sob os domínios de alguns senhores e, portanto, a cidade devia obrigações feudais a eles.
 Os moradores dos burgos, os burgueses, lutaram para alterar essas regulamentações, adaptando-as aos seus interesses. Com o tempo as cidades conseguiram ampliar sua autonomia, e algumas se tornaram completamente livres – como as cidade-Estado do norte da Itália (Florença e Pisa) e de Flandres (Antuérpia, Bruges), poderosos centros comerciais e financeiros que tinham seus governos próprios.
 A Igreja tinha papel fundamental na regulação da vida diária das pessoas, e muitos se sentiam desestimulados de realizar algumas atividades porque a igreja as condenava expressamente (uma das razões do movimento protestante).

UMA NOVA LÓGICA ECONÔMICA
OS BANQUEIROS X USURA
 Durante o período feudal, as transações financeiras eram raras: o dinheiro praticamente não circulava. A Igreja Católica considerava que, num caso desses, seria completamente imoral a cobrança de juros sobre o empréstimo, pois fazer isso seria tirar vantagem da desgraça alheia, o que era considerado um pecado grave.
 Quando o comércio ressurgiu, a lógica econômica mudou. A Partir desse momento o dinheiro não ficava mais guardado: muito pelo contrário, era posto para circular, e assim permitia o surgimento de grandes investimentos e enormes fortunas. O dinheiro se tornou uma mercadoria tão valiosa que alguns passaram a viver de negociar com ele, tornando-se banqueiros, agiotas e financistas.
 A cobrança de juros tem algumas justificativas, como: se o dinheiro tivesse ficado na mão do credor, renderia dividendos, por isso era justo que o devedor compensasse esse rendimento perdido quando pagasse o empréstimo. Além disso, para compensar o risco de o credor perder todo o dinheiro investido por outra pessoa, ele precisava receber um valor maior que o emprestado.. A Igreja Católica demorou a aceitar essa prática, e em parte é por isso que a maioria dos grandes comerciantes e banqueiros do final da Idade Média eram Judeus.

A PESTE E AS REVOLTAS COMPONESAS
 A medida que as transações comerciais se tornavam mais comuns, os camponeses ganharam uma possibilidade de se livrarem da dominação feudal. Vendendo parte do excedente da produção podiam as vezes pagar ao senhor a libertação de suas obrigações. Livres, muitas vezes, iam para as pequenas aldeias que surgiam em toda a parte, ou para as grandes cidades.
 Entre os anos de 1348 e 1350, uma epidemia terrível assolou a Europa e contribuiu para acelerar a decadência do feudalismo. A chamada Peste Negra Matou cerca de um terço da população Europeia. A doença é transmitida ao ser humano por meio de pulgas contaminadas que alojam-se nos ratos.
 Os primeiros casos da Peste Negra parecem ter ocorrido na China, no início do século XIV. Em pouco tempo essa peste dizimou populações desde à Ásia Central até Constantinopla, acompanhando as rotas comerciais ao Ocidente.
 Devido às más condições de higiene na época, os ratos infestavam as casas, onde as pulgas picavam seres humanos e animais. Na mentalidade religiosa da época, as doenças eram vistas como castigos divinos.
 A peste encontrou um campo fértil para se propagar também por causa da fome. O esgotamento do solo, as violentas chuvas que castigaram a Europa em 1314 e 1315 e o clima mais frio foram as principais razões das más colheitas. A epidemia encontrou uma população desnutrida e com o organismo com baixa resistência contra doenças.
 A Peste Negra provocou a destruição de comunidades inteiras e um grave desequilíbrio social e econômico, com a redução nas atividades econômicas e o desabastecimento, tanto no campo, quanto na cidade, promovendo mais miséria.
 Com a diminuição de trabalhadores, os senhores tentaram frear o processo de libertação dos servos feudais. O resultado desse processo foi o surgimento de inúmeras rebeliões camponesas, que comprometeram ainda mais a autoridade senhorial, destacando as Jacqueries, na França.

JACQUERIES
 Inicialmente, um movimento espontâneo dos camponeses explorados, as Jacqueries evoluíram para a contestação armada ao poder dos nobres, com o objetivo puro e simples de exterminar a nobreza.
 As revoltas ocorreram nas regiões francesas da Picardia e da Provença e nas áreas em torno de Paris, em 1358. Os camponeses queimaram castelos e assassinaram senhores. Os nobres apelidavam os camponeses de “Jacques Bonhomme”, uma espécie de “joão Ninguém”. A Revolta foi reprimida e mais de 20 mil camponeses foram massacrados.


AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO
 Com o crescimento das cidades, as atividades industriais e artesanais tomaram um novo impulso, com dezenas de trabalhadores especializados em cada atividade. Seria, então, mais vantajoso que eles se organizassem para garantir seus direitos em comum. Surgiram, assim, as corporações de ofício (ou Guildas), que reuniam todos os trabalhadores de uma mesma atividade, fossem eles mestre, aprendizes ou jornaleiros (trabalhadores que recebiam por jornada diária). As principais atribuições das corporações de ofício eram garantir o monopólio da produção e da venda de seus produtos na cidade ou região.
 Havia regulamentações Específicas sobre como produzir, e ninguém que não fizesse parte da corporação tinha autorização para trabalhar em uma cidade ou lá vender seus produtos.

A ALIANÇA ENTRE REI E BURGUESIA
 Ao Viajar de uma região para outra, os comerciantes precisavam às vezes pagar dezenas de pedágios, cobrados por senhores feudais, e defender-se de ataques de ladrões e dos próprios senhores.
 Para Diminuir os problemas, era muito vantajoso aos comerciantes uma aliança política com alguns senhores mais fortes, para que estes garantissem a sua segurança contra os demais senhores. Em troca da segurança para a realização das feiras, os comerciantes pagariam impostos a esses senhores, que poderiam com isso melhorar ainda mais o serviço prestado a eles e , assim, recolher ainda mais impostos. Dessa maneira, alguns senhores foram conquistando os territórios vizinhos e, aos poucos, diminuindo a fragmentação política do continente. Agora havia regiões muito maiores, nas quais as estradas eram mais bem cuidadas, os pesos e as medidas eram padronizadas e os comerciantes tinham o direito de se instalarem.
 Um dos resultados do acúmulo de dinheiro foi a inflação, que trouxe consequências muito distintas para cada grupo.
 Quanto mais dinheiro havia em circulação na Europa, mais ele se desvalorizava (por ser uma mercadoria comum). Os que viviam de rendas, como os senhores feudais, perdiam muito com esse processo, pois não podiam ajustar os seus rendimentos de acordo com a inflação. Já os reis, por terem a máquina de coleta de impostos, lhe conferiam uma parcela de riqueza crescente. Cresciam as oportunidades de aumentar seu poder militar. O homem que tinham à sua disposição os impostos de todo um país estava em situação de contratar mais guerreiros do que qualquer outro; pela mesma razão, tornava-se menos dependente dos serviços de guerra que o vassalo feudal era obrigado a prestar-lhe em troca da terra que fora agraciado.

CONCLUSÕES DO CAPÍTULO:
 Neste capítulo conseguimos ver a “evolução” econômica da Europa na época, da crise do sistema feudal, excesso populacional, ressurgimento das transações comerciais – com dinheiro - a peste negra, as revoltas camponesas, a formação dos burgos e, consequentemente, das corporações de ofício.

NO PRÓXIMO POST
O RENASCIMENTO CULTURAL E ARTÍSTICO (BREVE CONTEXTO)

Referências Extras/ Imagens
APOLINÁRIO, Maria Raquel. 2007, São Paulo, Editora Moderna, PROJETO ARARIBÁ – HISTÓRIA 7º ANO.


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