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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As Monarquias Ibéricas e A Expansão Marítima


AS MONARQUIAS IBÉRICAS E A EXPANSÃO MARÍTIMA
 O período inicial da Idade Moderna – entre os séculos XVI e XVII – foi dominado politicamente por dois países com origens semelhantes. A formação das monarquias ibéricas, Portugal e Espanha, está ligada diretamente às lutas contra os mouros (muçulmanos) que ocupavam boa parte da península desde o século VIII. Ao concluírem as conquistas, esses países se lançam em expedições de exploração marítima, que tiveram como resultado o estabelecimento de rotas comerciais bastante lucrativas, durante o processo, eles ocuparam grande parte da América.

AS MONARQUIAS IBÉRICAS
 Os pequenos reinos cristãos que se formaram ao norte da península Ibérica – leão, Castela, Navarra e Aragão – mantiveram sua independência à custa de tributos aos mouros. Em meados do século IX, descobriram-se, na pequena localidade de Compostela, restos mortais atribuídos ao apóstolo São Tiago. O local logo se tornou destino de milhares de peregrinos, a proximidade dos domínios muçulmanos tornava a peregrinação mais perigosa, cavaleiros de todos os lugares da Europa, ao virem a Santiago de Compostela, começavam a formar um contingente poderoso para o combate aos “infiéis”. Esses cavaleiros ao chegarem, traziam consigo a mentalidade feudal.

 No entanto, o feudalismo ganhou, nessa região, contornos particulares: em vez de garantir uma grande autonomia a dezenas ou centenas de senhores poderosos, o feudalismo ibérico ficou muito atrelado ao poder político e militar dos reis. Que conseguiram obter a fidelidade dos cavaleiros para si, nunca tiveram de competir com senhores tão ou mais poderosos que eles. Os reis ibéricos consolidaram sua autoridade, assumiram o controle direto sobre a administração e o sistema jurídico e centralizaram o poder em estados absolutistas.

FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS
 No litoral atlântico, o primeiro estado centralizado surgiu em 1139, quando Dom Afonso Henriques transformou o Condado de Portucale – que seu pai, Henrique de Borgonha, havia recebido como feudo do rei Afonso VI de Leão e Castela – no reino de Portugal e fundou a dinastia de Borgonha. Portugal se expandiu ao sul, conquistando aos mouros a região ao Sul do rio Tejo. A conquista era comandada por monges guerreiros, organizados de Avis e dos Templários, o que dava à expansão um caráter oficial de Cruzada.

A REVOLUÇÃO DE AVIS
 Em 1383, com a morte de D. Fernando I, sem deixar herdeiros, a dinastia de Borgonha chegou ao fim. As tentativas de D. Leonor Teles, viúva do rei e regente do trono de anexar o reino a Castela levaram alguns segmentos da população a apoiar a coroação de D. João, mestre da ordem de Avis, que era irmão ilegítimo de D. Fernando I. Entre esses grupos estavam comerciantes e banqueiros, que desejavam manter a independência de Portugal sob o comando de um rei que favorecesse os empreendimentos comerciais. Vitorioso D. João I deu Origem à dinastia Avis, que reinou até 1580.

 D. João I tratou de submeter à nobreza á sua autoridade, criando um Estado monárquico fortemente centralizado. As empresas comerciais eram controladas diretamente pelo rei, que garantia a sua exploração a quem ele desejasse, nobres e burgueses participavam, exercendo influências sobre o rei. As relações pessoais com o monarca eram o elemento decisivo para uma concessão comercial.

A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA
 Portugal, sempre manifestou uma forte tendência ao desenvolvimento das navegações marítimas. Contudo para que a navegação marítima fosse viável, um grande desenvolvimento tecnológico era necessário. Beneficiando-se dos contatos de Portugal com diversos reinos islâmicos, foi possível aperfeiçoar as tecnologias de navegação e adaptá-las ao oceano. Dentre as inovações incluíam-se as caravelas, a balestilha e instrumentos trazidos pelos árabes, como a bússola, o astrolábio e o quadrante. Esses instrumentos permitiram a criação de cartas náuticas e da localização precisa de um navio, o que era essencial para se traçarem as rotas marítimas.

A expansão marítima foi iniciada pelo rei D. João I em 1415, ao invadir e conquistar a cidade de Ceuta, no norte da África. Importância estratégica, situada no lado africano do Estreito de Gibraltar, importância Simbólica, por estar inicialmente em posse dos muçulmanos, a noção de continuidade das cruzadas, agora avançando pela África.
 Diversos navegadores empreenderam viagens que lhes permitisse chegar até a Índia, onde eles buscavam os cobiçados produtos orientais: sedas, especiarias e produtos de valor elevado no comércio europeu. Em 1488, Bartolomeu Dias atravessou o Cabo da Boa Esperança, local de encontro dos oceanos Atlântico e Índico, dez anos depois, a esquadra comandada por Vasco da Gama chegou à índia.

EXPLORAÇÃO DO ORIENTE
 Estima-se que a expedição de Vasco da Gama tenha proporcionado um lucro superior a 6000% (mais de 60 vezes o investido), o que encorajou a preparação de diversas outras viagens.
 O domínio português sobre a Índia se provaria frágil, a concorrência de outros países, da Espanha da Companhia das Índias orientais Holandesas, diminuiu aos poucos a influência portuguesa na região. A decadência econômica que seguiu foi em parte superada pela exploração das colônias na América, especialmente com a produção em grande escala de açúcar e, no século XVIII, de ouro, contudo o país se tornou cada vez mais dependente de acordos desvantajosos com outros países.

O SEBASTIANISMO
 Na segunda metade do século XVI, Portugal mantinha sua autonomia à custa de alianças estratégicas, que geralmente envolviam casamentos dinásticos com infantes espanhóis. Isso trazia um risco muito grande de anexação ao vizinho em caso de extinção da dinástica de Avis. Gerava também uma linhagem de reis “frágeis fisicamente”, pois eram muito comuns os casamentos consanguíneos.
 Em 1554, o Infante D. João morreu aos 17 anos. Duas semanas depois, seu filho D. Sebastião nasceu, este sonhava com conquistas e batalhas para a glória da Cristandade e, em 1578, engajou-se em uma cruzada contra os mouros no Marrocos, de onde nunca retornou. Tinha 24 anos e nenhum herdeiro.
 O povo se recusou a acreditar que D. Sebastião tivesse morrido. Um dia o rei haveria de retornar para restaurar a grande glória portuguesa. Essa crença foi chamada de Sebastianismo, comparada às lendas do Rei Artur.
D. Sebastião
 No contexto o Sebastianismo era encarado como um reflexo da desesperança dos portugueses com a decadência do comércio com o Oriente e com os rumos do País.

A UNIÃO IBÉRICA
 Com a morte de D. Sebastião, subiu ao trono o cardeal D. Henrique (seu tio, já idoso e sem herdeiros), dois anos depois deixando vago o trono de Portugal. Filipe II da Espanha subornou o novo governo e, depois, invadiu Lisboa com seu exército e fez-se coroar rei de Portugal. A única exigência que os portugueses fizeram foi a manutenção do controle do país e das colônias em mãos portuguesas.
 A união Ibéria era parte de um projeto, mais amplo de criação de um vasto império sob o domínio espanhol. Para Portugal, além da perda da independência política, a principal consequência da União Ibérica foi a nova rivalidade com os holandeses, que eram adversários ferozes da Espanha. Essa Rivalidade foi o motivo que impulsionou as invasões holandesas à Pernambuco.

A RESTAURAÇÃO
 Os acordos para manter a autonomia administrativa portuguesa, assinados em 1581, foram aos poucos sendo desobedecidos pelos espanhóis, em consequência crescia a oposição ao domínio estrangeiro. Em 1640, com governantes espanhóis enfraquecidos pelo envolvimento na guerra de trinta anos (1618-1648), um grupo de rebeldes coroou o duque de Bragança como D. João IV, novo rei de Portugal. A consolidação da independência só veio em 28 anos depois, quando os conflitos da chamada Guerra a Restauração se encerram e a Espanha reconheceu a derrota.
 Mas a restauração custou muito caro a Portugal. Enfraquecido economicamente, o país precisava recuperar suas colônias e para isso envolveu-se em guerras na América, na África e no Oriente. Para retomar o nordeste açucareiro Portugal precisou derrotar e depois pagar uma pesada indenização aos holandeses. A produção de açúcar holandês gerou uma crise econômica profunda em Portugal, precisou recorrer ao apoio inglês para sobreviver politicamente e economicamente, se viu obrigado a assinar o Tratado de Methuen (1703) no qual obrigou-se a comprar os produtos ingleses e, em troca, forneceria parte da produção, principalmente de vinhos do Porto. Mas o acordo comercial era desigual, gerava um enorme déficit todos os anos aos cofres portugueses, que durante boa parte do século XVIII só pode ser compensado graças ao ouro retirado do Brasil.

A MONARQUIA ESPANHOLA
 Até 1700, o país esteve ligado às disputas políticas da dinastia Habsburgo e não existia como uma nação plenamente constituída. Foi apenas com a queda do rei de Habsburgo, Carlos II, e com a crise gerada pela Guerra de Sucessão Espanhola (1701-1714), que a política do país foi desvinculada do restante da Europa.

 A RECONQUISTA ESPANHOLA
 O Domínio muçulmano não atingiu Astúrias, colocando-se sob a tutela de Carlos Magno, os asturianos conseguiram estender, aos poucos, seus domínios, consolidaram-se quatro reinos cristãos: Leão, Castela, Navarra e Aragão. O enfraquecimento do poder dos califas de Córdoba, a partir do século XI, deu oportunidade para os reinos se expandirem. No final o Século XV, Castela era o reino mais poderoso da península de Aragão consolidava a Paz interna com o Rei Fernando, o Católico.

OS REIS CATÓLICOS
 Para selar a união entre os dois reinos, o rei Fernando (Aragão) casou-se com a Rainha Isabel (Castela), porém os reinos eram governados separados, um tipo de governo chamado “união pessoal”. A unificação só aconteceria, quando com a morte de ambos, o herdeiro do casal assumisse os dois tronos. Profundamente imbuídos do espírito de cruzada da Reconquista, os chamados Reis Católicos estabeleceram uma forte aliança entre seus reinos e a Igreja.
 Em 1492, os mouros foram expulsos da península Ibérica e a Reconquista estava oficialmente terminada. Cristóvão Colombo retornava com alguns presentes e promessas de riquezas fabulosas. Nas décadas seguintes, a Conquista da América renderia riquezas para a Coroa Espanhola, a colonização da América ganhava ares de uma nova Reconquista.

APOGEU DA MONARQUIA ESPANHOLA
 Os reis católicos estabeleceram uma estratégia para tornar a Espanha uma grande potência no Continente europeu, que permitisse, por meio de casamentos dinásticos, que o continente viesse a ser unido sob a coroa espanhola. A aliança com Portugal seria reatada constantemente nas décadas seguintes, através de diversos casamentos, e acabou levando à união entre as duas coroas em 1580. Já a aliança com o Sacro Império Romano representou o período de maior expressão e, depois, foi a origem da decadência do poder espanhol na Europa.
 A terceira filha dos reis católicos, Joana, foi considerada Louca e afastada, devido disputas de poder entre seu pai, seu marido e seu filho, que mais tarde subiria ao trono espanhol como Carlos I. Em 1519, coma morte de Maximiliano de Habsburgo (seu avô), Carlos I precisou disputar o trono com Francisco I, rei da França. Carlos I venceu comprando os votos dos eleitos com os metais preciosos vindos da América e com um empréstimo contraído com o Banqueiro Jacob Fugger. Com o trono veio junto uma intensa rivalidade com Francisco I, com quem travaria guerras na disputa pela supremacia do continente por mais de vinte anos.
 O imperador Carlos V do Sacro Império foi o governante mais poderoso de sua época e controlou um dos impérios mais extensos de todo o mundo. Foi o auge do domínio dos Habsburgo na Europa.

O FIM DOS HABSBURGO
 Os conflitos que Carlos V se envolveu para manter tantos domínios desgastaram o reino e seus tesouros, em 1556, renunciou ao trono da Espanha em favor de seu filo e ao Sacro Império em favor de seu irmão. O Filho de Carlos V, Filipe II da Espanha, incorporou Portugal aos seus domínios em 1580, seu neto, Filipe IV, perdeu esses domínio 60 anos depois, mais pela fraqueza espanhola do que pela força de Portugal. O domínio Habsburgo na Espanha chegou ao fim melancólico com Carlos II, chamado O Amaldiçoado – único herdeiro do trono era raquítico, retardado mental e estéril. Sua morte deixou vago o trono e o resultado foi a Guerra de Sucessão Espanhola (1701-1714).
A EXPLORAÇÃO DA AMÉRICA
 Uma série de tratados e bulas papais na segunda metade do século XV garantiram a Portugal a posse de todas as terras conquistadas ou por conquistar aos sul das Ilhas Canárias. A Espanha teria direito a todas as terras ao norte desse paralelo.
 Durante a Idade média e o Renascimento, entendia-se que era direito do papa decidir sobre as Ilhas do Mundo. A cosmografia da época da expansão marítima entendia que haveria apenas três grandes “massas de terra” no mundo; portanto qualquer nova terra a ser descoberta seria, necessariamente, uma Ilha, sob jurisdição papal.
 Alexandre VI elaborou a Bula Intercoetera (1493), que estabelecia que todas as regiões localizadas a cem léguas do oeste de arquipélago de Cabo verde pertenciam à Espanha, e as demais seriam portuguesas, contudo, no ano seguinte assinou-se um novo acordo entre os dois países, o Tratado de Tordesilhas, que deslocava essa linha de 100 para 370 léguas do arquipélago de Cabo verde.

 Portugal concentrou seus interesses na comercialização das especiarias, contudo, devido concorrência dos franceses, e sem conseguir encontrar metais preciosos, voltou seu interesse para a produção de açúcar em engenhos de cana. A Espanha Descobriu em suas colônias enormes jazidas de metais preciosos – ouro no México e na Colômbia, prata na Bolívia, entre outras.

Referências Extras/ Imagens
DAUWE, Fabiano. História Moderna, Centro Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial,2008;


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