Pesquise dentro do Blog!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O Absolutismo do Direito Divino



O ABSOLUTISMO DO DIREITO DIVINO
 O Absolutismo consiste em um sistema político que se desenvolveu como uma transformação a partir do poder feudal, pela concentração de poderes nas mãos de soberanos nacionais (característica das cortes medievais). A principal característica do poder absolutista não é a ausência de limites do poder real, mas a ausência de controle sobre ele. O rei não pode fazer tudo o que deseja, a sua principal função é garantir o funcionamento da sociedade, servido de árbitro para as disputas de interesse (impondo sua vontade), mas não pode contrariar costumes nem preceitos da “lei divina”.


O DIREITO DIVINO DO REI
 A ideia básica é que o rei tiraria a legitimidade de seu poder diretamente de Deus, que o teria escolhido para reinar sobre aqueles povos. Essa ideia remonta as tradições dos povos germânicos, que viam o rei como instituído de um poder sobrenatural, e foi consolidada com a coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III em 800.


A CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS MODERNOS
 Os estados que se formaram na Idade Moderna tinham algumas diferenças importantes em relação às cortes medievais. Sua boa administração dependia de um exercito profissional, uma arrecadação eficiente de impostos e uma burocracia capaz de administrar uma estrutura sofisticada. Os impostos e o exercito andavam ligados, e foi em parte por isso que o apoio da burguesia foi necessário aos reis. A burocracia era um problema, pois envolvia a organização de uma estrutura bem montada, o estabelecimento de um padrão de comunicação, não apenas a uniformização de uma moeda e dos pesos e medidas, mas na própria definição de uma língua oficial para todo o reino.

O ANTIGO REGIME FRANCÊS
 Quando Hugo Capeto se tornou rei da França, no século X, seus domínios diretos não iam além dos arredores de Paris. Aos poucos, seus descendentes foram conquistando territórios e derrotando os senhores feudais vizinhos. O fortalecimento do comércio no território sob o controle real favoreceu essa conquista, pois o rei conseguia manter exércitos mercenários pagos em dinheiro. No século XIV, o poder do rei da França já estava consolidado o bastante para que ele desafiasse o Papa e forçasse a transferência do pontificado de Roma para Avignon na França.

 Hugo Capeto

 Após a resolução do grande cisma, no início do século XV, a autoridade política do papado diminuiu bastante na França. A Igreja ficou submetida ao poder do rei que usou da influência da Igreja para garantir sua posição.

A GUERRA DOS CEM ANOS
 Os três filhos homens de Filipe IV morreram sem descendentes, de modo que a coroa francesa passou a ser disputada por Eduardo III, rei da Inglaterra e Charles de Valois, sobrinho do antigo rei.
 A guerra dos cem anos durou, na verdade, 116 anos (1337-1453), contribuiu muito para o desmonte do feudalismo na Europa. A Evolução tecnológica, especialmente em armamentos, tornou obsoleto os exércitos medievais baseados na cavalaria pesada. No plano político, a guerra consolidou a autoridade dos reis, ao fomentar o sentimento nacionalista (na França a figura de Joana D’Arc foi fundamental para isso) e eliminar a autoridade dos senhores feudais.


OS ESTADOS GERAIS
 Na França o rei precisou cada vez mais da autoridade da Igreja sobre a população para consolidar seu poder. A estrutura de poder na França se organizava a partir da tradicional divisão medieval da sociedade em três “Estados”:
  • Primeiro Estado: O Clero;
  • Segundo Estado: A antiga nobreza feudal;
  • Terceiro Estado: O restante da População
 Contudo, não havia unidade no terceiro estado.
 Quando fosse necessário, o rei poderia convocar uma assembleia de representantes dos três estados, os chamados Estados Gerais. No inicio os Estados gerais tinham apenas a função consultiva, apenas no final do século XVI eles ganharam poder eletivo e passaram a representar todos os espectros da nação.

OS CONFLITOS RELIGIOSOS
 Apesar da proibição, o protestantismo crescia na França, e se tornou uma forma de criticar o poder real e a Igreja Católica. Os huguenotes, como ficaram conhecidos os calvinistas franceses, formavam uma boa parte da burguesia do país, e muitos dele estavam entre os súditos mais ricos. Entre 1562 e 1598, a França foi assolada por guerras religiosas, que custaram à coroa a perda do controle sobre algumas regiões.
 O Conflito mais grave ocorreu em 1572. Na tentativa de resolver o problema religioso, a irmã do rei Carlos X, a católica Marguerite de Valois, casou-se com o protestante Henrique de Navarra. O casamento trouxe milhares de huguenotes a Paris o que levou a um massacre de protestantes na noite de São Bartolomeu (24 de Agosto). Henrique se converteu ao catolicismo. Já como rei, Henrique IV assinou o Edito de Nantes (1598), que garantia tolerância religiosa na França e pôs fim às décadas de conflitos.

A CONSOLIDAÇÃO DO ABSOLUTISMO: LUÍS XIII
 O filho de Henrique IV, Luís XIII, conseguiu garantir a segurança e tranquilidade da França, graças em grande parte à atuação de seu primeiro-ministro o Cardeal Richelieu. Os privilégios políticos dados por Henrique IV aos protestantes (huguenotes) foram revogados (mas sua liberdade religiosa foi mantida). Para melhorar a arrecadação de impostos, Richelieu nomeou funcionários reais, retirando dos aristocratas os poderes de decisão. Os duelos foram proibidos: as disputas entre nobres deveriam se resolvidas nos tribunais.
 A guerra dos trinta anos (1618-1648), que começou como um conflito entre católicos e protestantes, foi transformada em uma guerra entre a França e a Espanha. A vitória francesa consolidou o país como a grande potência europeia no século XVII e marcou a decadência espanhola.



O APOGEU DO ABSOLUTISMO: LUÍS XIV
 As políticas que Richelieu elaborou foram continuadas por seu sucessor, o cardeal Mazarino (1602-1661). Com a morte de Mazarino, o jovem Luís XIV, assumiu o trono e decidiu concentrar todo o poder em suas mãos, o território francês se ampliou e consolidou suas fronteiras. Seu poderoso exército serviria para a manutenção da ordem interna, ao desencorajar qualquer tentativa de rebelião dos camponeses.
 No século XVII, o reina da França envolveu-se em uma sucessão de guerras contra as forças militares de vários reinos do continente. Os confrontos começaram em 1667, com a invasão francesa a Flandres, também chamada de países Baixos espanhóis (atual Bélgica) e prosseguiram com guerras contra os austríacos (1672-1678), os holandeses (1699-1697) e os espanhóis (1701-1714).
 Luís XIV revogou o Edito de Nantes em 1685, expulsando os huguenotes e fazendo a França voltar a ser um país oficialmente católico. Assim, pôde contar com a cumplicidade da Igreja criando para si a imagem equivalente à de um Deus; ele se apresentava como o “Rei Sol, que brilha mais que qualquer outra coisa e ao redor do qual tudo gravita”. Atribui-se a esse monarca uma frase usada para tentar definir o absolutismo monárquico: “L’État c’est moi” – “O Estado sou eu”.
 Luís XIV atraiu os nobres para a sua corte (que vinham perdendo sua função social), era uma forma de melhor controla-los. Para mantê-los dóceis, criou um elaborado ritual de festas, banquetes, teatros e bailes, dos quais os nobres eram “convidados” a participar. Mandou erguer o Palácio de Versalhes, estrutura gigantesca e luxuosíssima, onde a corte poderia viver isolada das agitações populares.

 Palácio de Versalhes

 A intenção inicial do rei era criar a imagem de um monarca onipresente, todos os eventos eram feitos em público, tudo o que ele fizesse, estaria sempre sendo observado por alguém. As moedas de ouro (luíses) tinham a face do rei e o próprio retrato do rei o representava quando ele não estivesse no recinto.

A CRISE DO ABSOLUTISMO: LUÍS XV E LUÍS XVI
 Quando Luís XIV morreu, após 72 no trono, entregou-o a seu bisneto, Luís XV que reinou por quase 60 anos. As crises e a oposição das camadas populares começaram a se suceder e o mesmo aconteceu ao reinado de seu neto, Luís XVI. O agravamento das crises, aliado às novas filosofias do Iluminismo, culminou na revolução francesa.

O ESTADO INGLÊS
 O reino da Inglaterra tinha a organização mais sofisticada dentro todos os reinos medievais. O país havia sido dividido em regiões, os condados (em inglês Shires), comandados por oficiais chamados Sheriffs. Cada condado era relativamente autônomo e tinha sua própria legislação, baseada principalmente nos costumes locais – o chamado Direito Consuetudinário. Em 1066, o país foi invadido pelos normandos, o novo rei, Guilherme I (William), o Conquistador centralizou mais o poder, retirando parte da autonomia dos condados, mas manteve a estrutura de direito pelos costumes.

A LIMITAÇÃO DO PODER REAL
 Em 1215, desavenças entre o papa, os barões ingleses e o rei João Sem Terra levaram este a assinar a chamada Magna Carta, pela qual o rei reconhecia a autonomia dos senhores locais e ficava sujeito, em certos caos, à autoridade deles. O estabelecimento de um conselho de nobres – O Grande Conselho – que poderia se reunir longe das vistas do rei e que tinha o direito de se opor a ele no interesse do país. No século XIV, a câmara foi dividida em Câmara Alta (dos nobres) e Câmara Baixa (dos comuns, geralmente composta por burgueses).

A GUERRA DAS DUAS ROSAS
 O rei precisou conviver com o poder dos senhores até o final da Guerra dos Cem anos. Muitos nobres tinham suas próprias milícias. Entre 1455 e 1489, questões de sucessão real levaram ao conflito aberto entre duas famílias da nobreza inglesa: Os Lancaster, que tinham como símbolo uma rosa vermelha, e os York, que usavam uma rosa branca. Com a vitória contra o rei de York (Ricardo III) Henrique Tudor é coroado rei inglês Henrique VII (apoiado pelos Lancaster). Para promover a paz casa-se com Isabel de York.


A CONSOLIDAÇÃO DO ABSOLUTISMO
 Henrique VIII convenceu os nobres de que a influência do papa era perigosa à Inglaterra. Pelo ato de Supremacia (1534), Henrique VIII se apresentou como chefe supremo da Igreja Anglicana e, após ser excomungado pelo papa Clemente VII, confiscou todas as terras do Papa e retirou o pouco de autoridade que havia restado à Igreja Católica.
 A Religião criada por Henrique VIII tinha, sobretudo finalidades políticas. Seu filho Eduardo VI, embora tenha reinado pouco e sempre sob o comando de regentes, consolidou o Anglicanismo. Após sua morte, sua irmã Maria I tentou retorna r a Inglaterra ao catolicismo e perseguiu duramente os protestantes. Com sua morte Elisabeth I, também irmã dos reis anteriores, transformou a Inglaterra, novamente, em um país protestante, o que levou muitos a fugir para onde pudessem ter sua religião sem perseguição, muitas colônias inglesas na América surgiram nesse momento.

PERÍODO ELISABETANO (1558-1603)
 O período de 45 anos do reinado de Elisabeth I correspondeu ao auge do absolutismo monárquico. Foi uma época de grande prosperidade econômica e cultural. Politicamente, foi uma época de paz interna (embora obtida em parte à custa de massacres como o dos irlandeses). O Anglicanismo adotou rituais semelhantes das religiões protestantes, mas nunca se distanciando do catolicismo (religião intermediária).

DINASTIA STUART
 Elisabeth I não deixou descendência. O trono foi ocupado por seu sobrinho, Jaime (James)I Stuart. Durante seu reinado, os escritores William Shakespeare, Francis Bacon e o poeta Bem Jonson estavam no age de suas carreiras. Para controlar melhor a Igreja Anglicana, o rei autorizou uma tradução da Bíblia, a King James Version, que até hoje é o texto referencia da Bíblia em língua inglesa.

DIREITO DIVINO DOS REIS
 Antes da coroação, o próprio James havia escrito um tratado de teoria política, intitulado A verdadeira lei das monarquias livres, que nessa teoria o rei havia sido eleito por Deus e, portanto, só a ele deveria prestar contas. James se obrigou a rever sua tolerância aos católicos, mas manteve a perseguição aos puritanos.
 Os conflitos religiosos continuariam no reinado de seu filho Carlos I, sem a mesma habilidade política de seu pai, Carlos I tentou governar sem ouvir o Parlamento, o que se mostrou desastroso. Na tentativa de consolidar o Anglicanismo em toda a Grã-Bretanha, ele proibiu o presbiterianismo na Escócia (onde era majoritário); os escoceses respondem invadindo a Inglaterra. A necessidade de dinheiro para a guerra levou a Carlos I a travar duas guerras civis com o Parlamento, que exigia a limitação dos poderes do rei. No fim, o rei foi derrotado, preso e acusado de traição e, finalmente, executado.

AS REVOLUÇÕES INGLESAS
 Com a execução de Carlos I, em 1648, um grupo de revoltosos puritanos assumiu o controle do governo e transformou a Inglaterra em uma República. Sob o comando de Oliver Cromwell acabaram com a exclusividade religiosa dos Anglicanos e favoreceram a Igreja Liberal (pregada por um grupo chamado Whig) associada à burguesia. 


Oliver Cromwell

 Com a Morte de Oliver Cromwell, em 1658, seu filho Richard se tornou o novo Lorde Protetor, mas não foi bem aceito pelo exército nem pelo Parlamento. Em 1660, foram estabelecidos acordos para a coroação de Carlos II, filho do antigo rei.
 Em seu reinado, Carlos II enfrentou potências estrangeiras em disputas coloniais – duas guerras contra a Holanda levaram à conquista de Nova Amsterdam, renomeada Nova York. Ao morrer sem herdeiros, seu irmão foi coroado como James II em 1685. James II tentou realizar um reinado absolutista e favorecer a liberdade religiosa na Inglaterra, o que levou um grupo de rebeldes a convidar o Príncipe Guilherme de Orange, genro de James, para assumir o trono Inglês. No conflito que ficou conhecido como Revolução Gloriosa, Guilherme invadiu a Inglaterra em 1668 e foi declarado o novo rei, mas sem poderes de governo. Como condição de assumir o trono, ele assinou o Bill of Rights, um documento que definia com clareza os direitos dos cidadãos ingleses e garantia ao Parlamento o controle da política Inglesa. A partir desse momento, o rei d Inglaterra passou a ter uma função política meramente decorativa, uma “Monarquia Constitucional”.

Referências Extras/ Imagens
COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. São Paulo. Editora Saraiva. Saber e Fazer História (Ensino Fundamental) – 7º ano, 2009.DAUWE, Fabiano. História Moderna, Centro Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial, 2008;Absolutista - http://images.slideplayer.com.br/3/397760/slides/slide_3.jpg




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...