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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Conflito Na Irlanda Do Norte - The Troubles


Conflito Na Irlanda Do Norte - The Troubles

ANTECEDENTES
Historicamente, a dominação britânica sob o território irlandês aconteceu durante o governo de Henrique II, no século XII. Nesse período, o processo de formação das monarquias nacionais e o problema da falta de terras motivaram esse processo de dominação que se concluiu com a assinatura do Tratado de Windsor. Por esse documento, ficava garantido o direito da Inglaterra em estabelecer as suas leis em território irlandês.
Chegando ao século XVI, momento em que as religiões protestantes afloravam, o estabelecimento da Igreja Anglicana na Inglaterra promoveu uma séria transformação nas relações junto à Irlanda. A maioria católica do território irlandês resistiu ao processo de conversão religiosa ao anglicanismo, imposto como meio de reafirmação da autoridade monárquica em seus territórios.



No século seguinte, essa rivalidade se ampliou quando o rei Jaime I implantou um projeto de colonização da região de Ulster, do qual os irlandeses foram claramente ignorados. A situação excludente acabou alimentando a realização de várias rebeliões entre as décadas de 1640 e 1650, quando as autoridades britânicas impuseram uma violenta repressão contra os revoltosos e repassou parte do território irlandês para produtores ingleses.
conflito da Irlanda do Norte começa no ano de 1800, com o Act of Union (em inglês, ato de união ou unificação), posto em prática em 1 de janeiro de 1801, e que unificou os reinos da Grã-Bretanha e Irlanda, dando origem ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, entidade dominada na prática pelos ingleses, e que foi a grande potência econômica, militar e cultural durante toda a sua existência.
Apesar da preponderância do país no campo econômico, especialmente por ser o principal propulsor das duas fases da Revolução Industrial, o domínio britânico não trouxe melhoras substanciais à população irlandesa, uma das mais pobres da Europa na época. Crises alimentares durante a metade do século XIX eram comuns, o que provocava a emigração em massa dos locais, especialmente para os Estados Unidos e Austrália. Outro fator, e (mais crítico) que tornava a convivência turbulenta era a diferença religiosa: a Irlanda é uma nação historicamente de forte influência católica, enquanto que os ingleses seguem a corrente anglicana, originada de um cisma entre o monarca inglês e Roma.
Atingindo o século XIX, os movimentos em favor da autonomia irlandesa ganharam significativa força com a disseminação das ideias liberais. No ano de 1829, um movimento de feição nacionalista conseguiu a conquista de alguns direitos civis, entre os quais se incluíam a ocupação de cargos públicos. Na metade do século XIX, essa mesma população sofreu com doenças e a fome, que juntas, mataram 800.000 irlandeses em um curto espaço de tempo.

ORIGEM DO CONFLITO NOS SÉCULOS XIX E XX
Ao fim do século XIX, crescia o movimento pelo "Home Rule", ou seja, o direito da Irlanda dentro da união de ter seu próprio parlamento e ter jurisdição plena sob assuntos internos. Este é conquistado poucas semanas depois do início da Primeira guerra mundial, em 1914. O descontentamento com a união, porém, não cessa, e logo a Irlanda luta pela independência, conquistada em 1922 por meio de um conflito armado iniciado em 1919.
Assim era criado o Estado Livre da Irlanda, por meio do Tratado anglo-irlandês de 1921. Este previa, porém, que cada um dos 32 condados do novo país podiam exercer o livre direito de permanecerem unidos à Grã-Bretanha. Foi exatamente o que aconteceu com seis destes condados, equivalentes à região da Irlanda chamada de Ulster (nordeste da ilha), onde parte significativa da população era protestante e tinha muito mais afinidade com os britânicos do que o restante dos irlandeses. O resultado foi que o Ulster (com capital em Belfast) seguiu ligado à Grã-Bretanha, situação que se mantém até hoje.
No ano de 1937, a independência irlandesa foi reafirmada com a organização de sua primeira cara constitucional. Em 1949, os britânicos reconheceram a autonomia irlandesa e permitiram que a região do Ulster também se tornasse independente com a criação da Irlanda do Norte.
A Irlanda do norte segue como uma das regiões mais pobres dentro da Grã-Bretanha, situação agravada pela divisão da população, que utiliza a religião como divisor fundamental: do lado católico estão agrupados todos os que reivindicam a união do Ulster com a República da Irlanda, em especial o famoso movimento independentista Sinn Féin, e seu braço armado, o IRA (Exército Republicano Irlandês) que vem atuando por meio de sequestros, assassinatos e outros atos de vandalismo que consolidaram uma tensa relação entre as autoridades britânicas e o país em questão; do outro lado estão os unionistas ou orangistas, de orientação protestante e que lutam para preservar o status quo.
O conflito no Ulster é um exemplo clássico de que no mundo ocidental, de religião cristã há também conflitos fomentados pelo fundamentalismo religioso, utilizado ao mesmo tempo para sustentar bandeiras político-ideológicas. Ao longo dos anos, as mortes por repressão das autoridades britânicas, além do choque entre os dois grupos contrários causaram grande número de mortes, especialmente a partir da década de 70 do século XX, quando a Grã-Bretanha começou a experimentar um declínio econômico social que alimentou as diferenças na região. Para tornar a situação pior, as autoridades britânicas foram acusadas por décadas de favorecer os irlandeses protestantes, dando importantes postos administrativos aos mesmos e favorecendo economicamente tal comunidade.
O conflito na Irlanda do Norte (também conhecido em inglês como The Troubles) foi um conflito de grande violência pelo estatuto político da Irlanda do Norte, que causou grande perda de vidas durante a segunda metade do século XX.

Tratava-se, em primeiro lugar, da população protestante (maioria), em favor de preservar os laços com a Grã-Bretanha, e do outro lado a população católica (minoria), em favor da independência ou a integração da província com a República da Irlanda, ao sul, país predominantemente católico. Ambas as partes recorreram às armas, e a província mergulhou em uma espiral de violência que durou desde o final da década de 1960 até a assinatura do Acordo de Belfast ou Acordo de Sexta-Feira Santa em 10 de Abril de1998, que estabeleceu as bases para um novo governo, em que católicos e protestantes compartilhassem o poder. No entanto, a violência continuou após essa data e ainda continua de forma ocasional e em pequena escala.
O conflito começou na segunda metade dos anos 60 pelo movimento dos direitos civis contra a segregação religiosa vivida pelos católicos. A oposição entre os republicanos (principalmente o Exército Republicano Irlandês - IRA), lealistas e unionistas sobre o futuro da Irlanda do Norte resultou em um aumento da violência durante trinta anos pelos grupos paramilitares de oposição de cada lado, a Policia Real do Ulster, diferentes seções do exército britânico, mas também grande parte da população civil. As campanhas de violência acompanhada pela incapacidade do poder político na Irlanda do Norte, levou a Grã-Bretanha e a República da Irlanda para estabelecer uma solução pacífica no Acordo de Belfast, apesar da pressão da comunidade internacional.
A violência do conflito muitas vezes ultrapassou as fronteiras da Irlanda do Norte, estendendo-se à República da Irlanda e ao Reino Unido. The Troubles tinha tanto dimensões políticas e militares (ou paramilitares). Seus participantes incluíam políticos e ativistas políticos de ambos os lados, republicanos e lealistas paramilitares, e as forças de segurança do Reino Unido e da República da Irlanda. Enquanto que o conflito nunca foi uma guerra declarada, o grande número de baixas sofridas pelas forças britânicas (725 mortos e milhares de feridos), os recursos utilizados pelo governo britânico por mais de 25 anos, a destruição causada em muitas cidades e ao povo da Irlanda do Norte e a Inglaterra e o complexo arsenal utilizado pelos grupos paramilitares sugerem que o conflito foi uma guerra de facto.
Foi a partir do final dos anos 60 que as hostilidades se agravaram. Em 1969, o governo britânico ocupou militarmente o Ulster e, em seguida, dissolveu o Parlamento de Belfast, assumindo as funções políticas e administrativas.
Entre os episódios mais infames de violência na região está o chamado "Bloody Sunday" (Domingo Sangrento) de 30 de janeiro de 1972, onde 13 civis foram mortos pela ação repressiva da polícia britânica. Os mortos faziam parte de uma passeata organizada pela Northern Ireland Civil Rights Association, que lutava por direitos iguais entre católicos e protestantes na região. O trágico acontecimento foi imortalizado pela banda irlandesa U2 na canção "Bloody Sunday".


Ao longo de todo o século XX, observamos que o confronto entre a Inglaterra e o IRA sugeria a extensão de um problema praticamente irresoluto. No entanto, a partir da década de 1990, o processo de integração das economias europeias, com o desenvolvimento da União Europeia, contribuiu significativamente para que essa guerra chegasse ao final.
Finalmente, em 1998, Tony Blair (premiê inglês), Gerry Adams (Sinn Fein) e David Trimble (unionista), com a participação do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, assinaram o Acordo do Ulster, que concedia mais autonomia ao país.


REFERÊNCIAS
Conflitos na Irlanda do Norte. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_na_Irlanda_do_Norte>. Acesso em 27 de setembro de 2016.

Conflitos da Irlanda do Norte. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/conflitos-da-irlanda-do-norte/>. Acesso em 27 de setembro de 2016.

Entenda o conflito da Irlanda do Norte e a atuação do IRA. 2002. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u43380.shtml>. Acesso em 27 de setembro de 2016.

SOUSA, Rainer Gonçalves. "A questão da Irlanda"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-questao-irlanda.htm>. Acesso em 27 de setembro de 2016.

FONTES EXTRAS
Perguntas & Respostas - Irlanda do Norte. Disponível em <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/irlanda_norte/index.shtml>. Acesso em: 03 jan. 2012.

Entenda o conflito da Irlanda do Norte e a atuação do IRA. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u43380.shtml>. Acesso em: 03 jan. 2012. 

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