A
CIDADE MODERNA E A URBANIZAÇÃO
No
século XIX, um importante historiador, Frances
Fustel de Coulanges, escreveu A
Cidade Antiga, na qual demonstrava a tese de que a cidade surge como uma
continuação das relações familiares, simbolizada no mundo greco-romano pelo
culto aos fogos e a lares, Deus da adoração das famílias naquela sociedade.
O próprio termo
economia vem de Ekoi-nomos, que em
uma tradução literal do grego para o português seria o “cuidado com as coisas
da casa”.
Durante a formação dos Estados nacionais da Europa,
algumas cidades alcançaram o status de capitais
nacionais, com a formação do denominado sistema de corte, por Luís XV, rei francês que inovou as relações
políticas dos Estados nacionais ao transferir para Paris toda a nobreza francesa, a cidade que era a capital da nação
possuía a representação da maioria dos membros da nobreza.
Porém, mesmo nas capitais as condições sanitárias
não eram boas. Com isso, muito das doenças
que existiam na Europa, como a Peste Negra na Idade Média, eram frutos das
condições sanitárias ruins. Na idade
Moderna, as cidades se comportaram como centros políticos e também como
entrepostos comerciais.
Neste universo comercial, surgiram cidades que tiveram tradição de comércio, na França, a cidade de Champanhe; na Itália a cidade de Gênova e Veneza, como
entrepostos de compra e venda de mercadorias. No século XVI, com as grandes
navegações, algumas cidades, como Lisboa,
Porto e Sevilha, ganharam notoriedade
como portos que ligavam a Europa ao Oceano Atlântico e às riquezas americanas.
No Brasil colonial, as cidades seguiam o padrão ibérico de adequação
ao espaço geográfico, compostas por ladeiras.
O conceito de cidade
moderna é aplicado às cidades dos séculos XIX e XX e está relacionado
necessariamente à ideia de fluxo e especialização espacial. Por fluxo
entendemos à movimentação de pessoas, mercadorias, informações e energia.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX, Paris
desenvolveu um tipo de participação nas lides políticas através das
manifestações públicas. Estas se imortalizaram no ideário socialista do século
XIX, em especial pela denominada Comuna
de Paris, em 1848, na qual surgiu o termo “comunista” como sinônimo de luta
por igualitarismo social. No mesmo ano da Comuna de Paris, tivemos o lançamento
do Manifesto do Partido Comunista,
por Karl Marx e Friedrich Engels.
A geografia urbana parisiense, nos séculos
XVIII e XIX, facilitava o êxito dos agitadores sociais em suas formas de
protesto, pois a cidade era pontuada por ruas pequenas, estreitas, que
possibilitavam ser fechadas com diversos barris enfileirados, por isso o termo
barricadas.
Nas cidades modernas,
as suas diversas partes são especializadas, mas dependentes umas das outras. A
mentalidade iluminista e sua crença no progresso permitiram o surgimento da
ideia de planejamento urbano, nasceram as iniciativas de urbanização como a do Barão Hausmann (1809-1891). Hausmann
cortou paris com largas avenidas arborizadas, que seguiam em linha reta, facilitando
aquele o fluxo. Claro que havia, também, motivações higienistas, estéticas e
até políticas, pois uma cidade mais aberta dificultava a construção de
barricadas de revoltosos, como acontecera nas agitações de 1848.
O desprezo pelo campo convivia com uma certa
visão romântica da vida no campo, longe dos problemas urbanos.
A cidade luz, foi
inspiração para o mundo no período chamado belle époque, como foi denominada transição
do século XIX para o XX. Após a grande exposição de 1889, na qual a cidade expôs
as maiores inovações tecnológicas do século. Essa exposição teve como principal
símbolo a Torre Eiffel.
Na Inglaterra, Ebenezer Howard (1850-1928), em seu livro Garden Cities of Tomorrow (1902), apresentou
suas ideias de uma cidade perfeitamente planejada. Através de diagramas, ele
mostra uma cidade circular dividida em seis grandes setores limitados por bulevares (vias de trânsito, geralmente
largas, com muitas pistas com qualidade superior de paisagismo) arborizados.
Havia preocupação com o aspecto sanitário para que houvesse a menor mortalidade
e maior longevidade possíveis. Para Howard, todo cidadão deveria ter fácil
acesso aos belos jardins e pomares que pensou em colocar em sua cidade.
(OTTONI, 2002).
O modernismo
arquitetônico surgiu no início do século XX e caracterizou-se pelo uso de
formas elementares, utilização de estrutura aparente, coberturas planas,
grandes superfícies cobertas de vidro. Este Com esta motivação, o prefeito
Pereira Passos e o presidente Rodrigues Alves contrataram o médico sanitarista
Oswaldo Cruz, como líder de uma reação contra as ações de insalubridade do
Distrito Federal. Porém as ações violentas motivaram a Revolta da Vacina.
O ideário do prefeito e
das elites era transformar a capital em uma “Paris tropical”. O prefeito desalojou grande parte dos pobres
habitantes dos cortiços para abrir a avenida central. Essas populações acabaram
por habitar os morros da cidade, constituindo as favelas. Assim como Paris
possuía sua Ópera, o Rio de Janeiro construiu o seu Teatro Municipal. As ruas
eram repletas de cafés e foram iluminadas, os bondes instalados, sendo estes um
marco de modernidade. Também do ponto de vista industrial, a cidade do Rio de
Janeiro se modernizou com a presença de indústrias têxteis ligadas ao
capitalismo Inglês.
São Paulo não era a maior cidade, mas era a
que mais crescia, impulsionada por imigrantes estrangeiros, por migrantes de
várias regiões brasileiras regiões brasileiras, e também pelo capital oriundo
do café.
Em 1922, as cidades brasileiras passaram por
grandes transformações devido às comemorações do centenário da Independência do
Brasil. Em especial as eletrificação das casas, inauguração da rádio,
construção de modernos Hotéis. O futebol, em meados dos anos 1920, assim como o
remo, se tornaram em hábitos semanais da população masculina das cidades
brasileiras.
No século XIX, começaram os ônibus e bondes
puxados por parelhas e burros. Com a eletrificação, vivenciaram-se as linhas de
bondes elétricos, mas o principal meio de locomoção das pessoas tornou-se o
automóvel.
A segunda metade do século XX pode ser
compreendida como momento em que São Paulo se transformou na principal cidade
brasileira. Nova York, a big Apple, foi o modelo da cidade para
os membros da elite paulistana, que buscou modernizar São Paulo.
Daí vem também uma nova forma de comer, vestir
e se divertir que foram aos poucos sendo incorporadas da vida urbana
nova-iorquina. As antigas cidades possuíam amplos casarões, como é o caso das
mansões parisienses, Nova York passou por um processo de verticalização, grandes edifícios, com o nome sugestivo de “arranha céus”. Uma cidade na qual a
maior parte das pessoas habita em apartamentos, sem quintal, os momentos de
lazer ocorrem nos parques.
Enquanto o Brasil vivia
a Revolução Industrial no século XX, as populações das grandes cidades do mundo
viveram, após a Segunda Guerra Mundial, um processo de desindustrialização e
deslocamento da população economicamente ativa para o setor de serviços. Com a
transferência das indústrias mais poluentes, como as têxteis e metalúrgicas dos
países do primeiro para o terceiro mundo, grande parte dos empregos em cidades
como Nova York ou Paris passou de empregos fabris para trabalhos de escritório.
REFERÊNCIAS
FOCHI,
Graciela Márcia. Cultura e sociedade na
modernidade. Indaial: Uniasselvi, 2013.
SILVA,
Fábio Luiz da; MUZARDO, Fabiane Tais; FOCHI, Graciela Márcia; SILVA, Thiago
Rodrigo Da. Cultura e Sociedade na
Modernidade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2014.
APOLINÁRIO,
Maria Raquel. Projeto Araribá:
Componente curricular História 8º ano. São Paulo: Moderna, 2007.
APOLINÁRIO,
Maria Raquel. Projeto Araribá:
Componente curricular História 9º ano. São Paulo: Moderna, 2007.
OTTONI,
Dacio A. B. Introdução. In: HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanhã. São Paulo: Annablume, 2002.
MESQUITA, Fernando.
A Revolução Industrial - As principais transformações da história da humanidade. 2015. Disponível em: http://cienciasnaturaisdinamica.blogspot.com.br/2015/06/a-revolucao-industrial.html,
acesso em: 02/09/2016.
OTTONI,
Dacio A. B. Introdução. In: HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanhã. São Paulo: Annablume, 2002.
IMAGENS:
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